Segundo um guia sobre como combater o burnout no trabalho, 82% dos profissionais já sofreu pelo menos uma vez de esgotamento e 47% dos responsáveis de equipa acreditam que os seus colaboradores estão em risco de passar por este quadro clinico que tem aumentado com as consequências económicas, sociais e profissionais da pandemia por coronavírus.
Outra das conclusões do guia preparado pela Robert Walters, consultora da área do recrutamento e seleção, especializada em quadros intermédios e diretivos, é que, apesar de 73% dos profissionais considerarem que as atividades sociais corporativas são importantes para combater este problema, apenas 43% das empresas as inclui no seu programa de incentivos.
O que é o burnout ou esgotamento? Em 2020, a Organização Mundial de Saúde identificou-o como uma doença mental legítima e diagnosticável. Os seus efeitos incluem problemas de saúde mental e física em toda a força de trabalho (e, como resultado, milhões de baixas médicas) e quedas de produtividade.
As perspetivas futuras são de que o número de casos aumente devido à pressão financeira sofrida pelo impacto económico da COVID-19, ao stress causado pelos riscos de saúde da pandemia, ao medo de perder o emprego e às elevadas cargas de trabalho resultantes de cortes de pessoal.
“Nas redes sociais, como o Linkedin, aparecem mensagens contraditórias de que é preciso flexibilidade no trabalho e saber desligar. Isto, aliado à pressão dos líderes de equipa e das empresas que precisam de se manter competitivas neste contexto de crise, aumenta gravemente o risco de esgotamento nos profissionais”, comenta François-Pierre Puech, sénior manager da Robert Walters Portugal.
Como é que as empresas podem evitar o esgotamento dos seus colaboradores
Comunique os objetivos e metas claramente, fazendo revisões regulares e implemente a regra 80/20, segundo a qual cerca de 20% das atividades são responsáveis por 80% dos resultados.
Assim, destaque as tarefas mais importantes e prioritárias de maneira diária e regular para que a sua equipa possa concentrar a maior parte do tempo nas atividades que trarão mais impacto para o negócio. Além disso, quando as metas são revistas regularmente, é mais fácil áreas de trabalho que podem ter sido responsáveis por tarefas excessivas.
Enfatize o bem-estar. Para evitar a exaustão dos seus funcionários, incentive-os a tirar férias sem se sentirem culpados por desligarem do trabalho. Além disso, fazer intervalos regulares ajudará a melhorar o entusiasmo, a produtividade e a saúde mental da sua equipa. Adicionalmente, considere implementar iniciativas de bem-estar no seu local de trabalho, por exemplo aulas de yoga, acesso a aplicações de mindfulness e comida saudável.
Implemente medidas de trabalho flexível ou remoto que podem reduzir a tensão e o stress na vida profissional dos seus funcionários, permitindo uma melhor conciliação da vida pessoal e profissional. Além disso, são uma forma de atrair o melhor talento, pois os profissionais de topo procuram oportunidades com esses benefícios.
Crie incentivos para desligar. Não permitir que os seus colaboradores adicionem os seus e-mails profissionais ao telemóvel pessoal ou outros dispositivos que usem durante o tempo livre facilita a sua desconexão e evita que trabalhem fora de horas. Além disso, mostre respeito pelo “tempo em casa” dos seus colaboradores, limitando as comunicações de trabalho fora do horário de expediente.
Promova a autonomia dos seus colaboradores relativamente à sua função e desempenho. Uma das principais causas do burnout nos profissionais é a falta de controlo sobre o seu próprio trabalho, seja a gestão do volume de tarefas ou as suas possibilidades de desempenho.
Reconheça e recompense os resultados. Garantir que os seus colaboradores sentem que são recompensados justamente pelo seu trabalho é uma maneira fundamental de melhorar a satisfação laboral e de prevenir o burnout. A recompensa não tem de ser sempre económica, podendo ser um reconhecimento público (em forma de elogios ou comentários positivos) ou intrínseco (sentir-se orgulhoso do resultado do próprio esforço). Acima de tudo, é importante recompensar os resultados em vez do número de horas passadas no escritório. Combater uma cultura de “presencialismo” é essencial para criar um ambiente de trabalho positivo e prevenir o esgotamento emocional.
Aposte na transparência e feedback relativamente às possibilidades de progressão de carreira. Implemente percursos de carreira e descrições de funções e objetivos de maneira transparente para que as pessoas saibam quais são as suas possibilidades de progressão reais e aquilo que é necessário para alcançar um determinado título, nível ou salário.
Invista na criação de uma comunidade. A realização de eventos corporativos, a implementação de plataformas de comunicação interna, a celebração de aniversários para aplaudir a singularidade de cada profissional ou as políticas de portas abertas são algumas das iniciativas que ajudam a criar este espírito de comunidade.
Permitir ambiguidades quanto aos critérios de promoção/aumento salarial pode facilmente levar a situações interpretadas como injustas. O estabelecimento de políticas salariais claras e alinhadas com o mercado de trabalho e a implementação de planos de mentoring que facilitem o crescimento e o desenvolvimento de todos os colaboradores resultarão na criação de um ambiente inclusivo e diverso.
Transforme palavras em ações. Os colaboradores têm maior probabilidade de sofrer burnout caso não se sintam identificados ou se não souberem qual é a missão da sua empresa. Assim, assegure que os perfis públicos da empresa (sites, redes sociais, comunicados de imprensa, relatórios…) transmitem de forma clara os seus valores e missão. Isto ajudará os seus empregados a entender melhor se se encaixam na organização, e como seu trabalho contribui para o sucesso da empresa.
Peça o e-guide aqui: https://www.robertwalters.pt/revolucao-smart-working/e-guides-insight-series.html