Sejamos pragmáticos, os últimos tempos têm-nos posto à prova a vários níveis.
É normal que o cansaço acumulado e a incerteza o impeçam de olhar o futuro com clareza, mas a boa notícia é que podemos treinar a resiliência de várias formas, pois está diretamente relacionada com a maturidade e desenvolvimento do cérebro.
O importante ir dando pequenos passos, de uma forma diligente e constante:
- Alterar o pensamento sobre a adversidade – Entender que o sofrimento faz parte da vida. Todos nós vamos passar por experiências difíceis durante a vida e em diferentes momentos. Se tivermos consciência disso, vamos perceber que não estamos sozinhos no sofrimento. O indispensável é aprender a sofrer bem, a comover-se, a sair de si e acompanharmo-nos uns aos outros. Quando a dificuldade bater à porta, nada de entrar em pânico. Aceitar que não há luz sem escuridão e que tudo nos ensina uma lição.
- Higiene mental – Tal como escovamos os dentes todos os dias, devemos dedicar um tempo diariamente para a nossa higiene mental. Um atleta treina muito e não apenas na véspera da maratona. A chave está em ampliar o lado proativo e ir dando pequenos passos concretos. Podemos começar com 5 minutos de meditação e ir aumentando gradualmente. Ao levar o foco da atenção para a respiração, enquanto medita, vai retirar o foco dos pensamentos e aumentar a clareza mental e a capacidade de resolução dos problemas.
Se não tem 5 minutos para meditar todos os dias, então talvez seja melhor rever as suas prioridades. - Rituais de autocuidado – Um ritual está associado a um determinado significado ou intenção e vai para além do seu propósito prático. Ao fazermos rituais de autocuidado estamos a trabalhar a nossa segurança psicológica e aumentar a sensação de conexão e de pertença. Os rituais enraízam-nos, dão-nos uma sensação de ordem, fora do caos. Por isso há que escolher bons hábitos diários, como exercício e movimento, nutrição e hidratação, que têm impacto nas nossas células e nos alimentam e dão energia. Através dos rituais estamos constantemente a carregar a pilha, para, quando vier um problema, estarmos preparados para lidar com ele.
- Descanso – Só avança quem descansa. Precisamos de pausas para digerir a informação e as emoções que vamos vivendo ao longo do dia. Cada um tem que experimentar a melhor forma de se desconectar. É através do descanso que podemos relaxar, recuperar a energia, o bem-estar e raciocinar melhor.
- Relacionamentos e conexões – Nós somos o que são as nossas relações. O exercício é trabalhar as nossas relações connosco, com os outros e com o mundo. Estudos mostram que ter bons relacionamentos é provavelmente a coisa mais importante que podemos fazer para construir resiliência. Ao sabermos que temos em que nos apoiar quando passamos por uma situação difícil, dividimos a nossa tristeza e recebemos apoio para seguir em frente.
- Autoconhecimento – Aprender a observar como nos estamos a sentir e saber o que nos faz sentir melhor e o que nos deixa desconfortáveis. Temos que conhecer a nossa história pessoal. Quanto melhor formos capazes de monitorizar as nossas necessidades, emoções e pensamentos, mais resilientes seremos. A capacidade de olhar para a vida e entender o que nos está a faltar num determinado momento, ajuda-nos a reequilibrar mais rapidamente.
- Auto empoderamento – Confirmamos que temos poder sobre nós. Conhecemos aquilo que nos faz bem e resulta connosco. Focar naquilo que podemos mudar e não nos ficarmos a lamentar com o que nos aconteceu é uma atitude muito construtiva.
- Gratidão – Se todos os dias escrever 3 coisas pelas quais está grata, o cérebro vai habituar-se a focar naquilo que é positivo e a sintonizar com o que é bom, diminuindo os pensamentos e sentimentos negativos. Focar naquilo que é positivo ativa o sistema de recompensas do cérebro de um modo saudável. Lembre-se que todas as pessoas importam e que não somos as nossas circunstâncias, mas a atitude com que escolhemos vivê-las.
Se puser em prática estes comportamentos, vai melhorar muito a sua capacidade de autorregulação e inspirar os que o rodeiam a fazerem o mesmo.
Aceita o desafio?