Durante dois meses, o biólogo e ativista Andreas Noe, pedalou por Portugal apenas com uma garrafa de água recarregável e sem comprar nenhuma embalagem plástica de uso único. Os 2370km percorridos em dois meses na Rosa, uma “Trash Cycle” feita a partir de 14 peças de bicicletas em segunda mão, serviram para recolher 4599 garrafas e latas que agora irão ser transformadas em obras de arte.
Lisboa recebe por estes dias a Segunda Cimeira dos Oceanos das Nações Unidas, sob o tema “Salvar os Oceanos, Proteger o Futuro” e esta ação não é para “limpar”, mas para consciencializar sobre o problema do lixo e falar sobre soluções. Todos os anos, a nível global, cerca de 8 milhões de toneladas de plástico entram no oceano. Apenas 14% do plástico é reciclado e o projeto The Trash Cycle quer chamar a atenção para a necessidade de dar mais valor à embalagem.
Em Lisboa, o encontro recebe cerca de sete mil pessoas, provenientes de mais de 140 países, com cerca de uma centena de delegações representadas a nível político. Os trabalhos da Cimeira desenvolvem-se até 6ªfeira, no Parque das Nações, entre outros locais, e centenas de “eventos satélite” promovidos por Instituições e demais organizações.
Há cerca de 1178 ONGs envolvidas nesta Cimeira, entre elas o movimento “The Trash Traveler”, criado por Andreas Noe. Com a petição da campanha “Há Mar e Mar, Há Usar e Recuperar” como pano de fundo, Andreas, apoiado por uma equipa de nove pessoas, percorreu Portugal, recolhendo as garrafas e latas que encontrou pelo seu caminho. O ativista enfatiza que “Ocean Action is Climate Action”, a ação sobre os oceanos é uma ação climática global.
Segundo a ONU, os oceanos abrangem 70% da superfície da Terra, são a maior biosfera do planeta e são o lar de até 80% de toda a vida no mundo. Geram 50% do oxigénio que necessitamos, absorvem 25% de todas as emissões de dióxido de carbono e captam 90% do calor gerado por essas emissões. Os oceanos não são apenas “os pulmões do planeta”, mas também o maior depósito de carbono – um amortecedor vital contra os impactos das alterações climáticas.
Poluição e pesca intensiva são das principais ameaças à sobrevivência dos ecossistemas marinhos que estão a enfrentar ameaças inéditas devido às atividades humanas.
A ambição de Portugal é que esta conferência de Lisboa seja marcante para uma agenda global e que seja reforçada uma ação para proteger os oceanos com base na ciência e na inovação para a implementação do ODS (Objetivo de Desenvolvimento Sustentável) 14: Proteger a vida marinha – balanços, parcerias e soluções.
No final da Cimeira espera-se uma Declaração de Lisboa, que apesar de não ser vinculativa, faça a ligação entre oceanos e clima e aponte caminhos a seguir.
Mais informações aqui: https://theplastichike.org/pt/the-trash-cycle/