Um dos textos jornalísticos que mais gostei de ler este ano foi um dos que mais me deprimiu: “A educação em Portugal: um ideal perdido”, de António Carlos Cortez. Tem-me acompanhado desde então – nomeadamente quando, em junho, li que as habilitações para se ser professor vão … baixar. O texto foi publicado na edição de 20 de janeiro do jornal Nascer do Sol. Resume o estado da educação:
- a burocracia tentacular que parece ser mais importante que o ensino e a aprendizagem propriamente ditos;
- os salários e carreiras incompatíveis com uma profissão tão importante;
- o apanágio de uma cultura cool que faz dos professores “uma figura ridícula e a ridicularizar”, afirma o autor.
Felizmente esta regra não se aplicará a muitos casos. Mas um país que destrata a educação desta forma está a condenar-se a si mesmo. Convido os leitores a fazer um exercício: visitem os sites do ministérios da educação de Portugal e de Singapura. O nosso é um emaranhado de informações e de ‘projetos’. O de Singapura começa com uma declaração de missão: moldando o futuro da nossa nação. É evidente que uma declaração não faz uma realidade mas também parece evidente que os sites refletem duas realidades diferentes.
A escola em Portugal tornou-se uma arena ideológica. Serve para fazer combate na rua, para avançar agendas ideológicas, para marcar posições políticas, para despejar crianças e jovens. Não é para isso que deve servir: deve servir para preparar um melhor futuro para todos, todos, todos. Enquanto a ideologia prevalecer é o nosso futuro que adiamos.