Nos últimos anos, aumentou de forma considerável a importância do conhecimento como fonte de vantagem competitiva para as organizações. O conhecimento foi sempre tido como fundamental, no entanto, ao longo do tempo o objeto sobre o qual se aplica a gestão do conhecimento tem-se modificado. Examinando a história mais recente, e considerando o objeto de estudo sobre o qual se aplica e gere o conhecimento na atividade empresarial podem distinguir-se três fases: a revolução industrial (1750 – 1880), a revolução da produtividade ou segunda revolução industrial (1880 – 1945), e a revolução da gestão (desde 1945).
A revolução industrial generaliza a mecanização, as máquinas substituem o trabalho manual com o objetivo de conseguir uma produção mais rápida, abundante e barata. Nesta etapa, o conhecimento aplica-se fundamentalmente sobre as ferramentas, os processos e os produtos.
Posteriormente, Frederick Winslow Taylor inicia por volta de 1880 a revolução da produtividade, momento em que começam os estudos sobre a melhoria da eficiência na produção. Através destas investigações aplica-se pela primeira vez o conhecimento ao estudo do trabalho, tendo como objetivo fundamental aumentar a produtividade dos trabalhadores manuais perante a automatização. Um sistema de produção que não tem em conta a iniciativa nem a criatividade dos trabalhadores e que converte certos movimentos corporais em automáticos.
Hoje em dia, a revolução da gestão procura também a automatização mas através da robótica, microeletrónica, inteligência artificial, eletrónica digital, etc. Quer isto dizer, que o conhecimento aplica-se sobre o próprio conhecimento, e este é propriedade dos indivíduos.
As pessoas deixaram de ser consideradas simplesmente um custo para passarem a ser consideradas como o principal ativo estratégico das organizações. No entanto esta realidade nem sempre foi assim. Olhando para os inícios do século XX, verificamos que os trabalhadores eram pouco qualificados, provenientes essencialmente da atividade agrícola.
Com o aparecimento da revolução industrial, aqueles até então agricultores habituados apenas às tarefas agrícolas são rapidamente formados para trabalharem nas indústrias em funções simples e rotineiras, como meros executantes e operadores de máquinas.
O trabalhador dos anos cinquenta a setenta, do século XX, era já detentor de um nível de formação e especialização maiores que os seus antecessores, o seu símbolo emblemático é o colarinho azul dos seus fatos de trabalho.
Após os anos oitenta, este grupo entrou em declínio dando origem aos trabalhadores conhecidos pelo nome de “colarinhos brancos”, os quais passavam a atuar em escritórios, envergando camisas brancas e ocupando-se de novas funções: concebem, programam, lidam com os clientes, com fornecedores, com os acionistas, com as organizações concorrentes, de crédito, estatais e com toda uma enorme variedade de outros agentes da sociedade moderna, procurando a informação de que necessitam para a transformarem em conhecimento. Estes trabalhadores são também designados por trabalhadores do conhecimento porque trabalham essencialmente com ele, criando-o, aplicando-o e (re)inventando-o.
Vivemos uma nova era. A era do conhecimento, que é produto do nosso tempo e dos nossos progressos.
Por: Ana Pinto, professora universitária e consultora em recursos humanos