Informava o Expresso na semana passada que o maior acionista do SLB é parceiro de negócios de LFV. Segundo o semanário, os referidos negócios, na área do imobiliário, são levados a cabo por duas empresas de que são sócias, num caso, a mulher do presidente, e noutro a sua filha. Uma dessas empresas chama-se Palpites e Teorias. Vieira, o presidente do Benfica, diz que não vê nenhum conflito de interesses; o processo pode de facto não passar de um negócio entre parceiros. Mas o caso dá azo a, digamos, palpites e teorias.
O problema não é tanto este episódio concreto nem de se tratar de um presidente do Benfica visto, no caso deste texto, por um adepto do Sporting. O problema é que estes casos são demasiado frequentes na sociedade portuguesa. Na mesma semana discutia-se a possível passagem do Ministro das Finanças para o lugar de topo do Banco de Portugal. Também aqui se discute a questão dos conflitos de interesses e também aqui as coisas farão o seu caminho sem sobressaltos.
Interessamo-nos pouco, coletivamente, pelo tema da governança. Reduzimos a essência das coisas à competência: se é competente deve poder ocupar o lugar. Mas como todos sabemos, não basta ser: é preciso parecer. Ora estes processos dão chama a problemas de “parecimento”. Ora, na vida social, o que parece é. E daí nascem as teorias e os palpites que degradam a saúde institucional. Governança, precisa-se.
Por: Miguel Pina e Cunha, diretor da revista Líder