Dacher Keltner trabalhou na equipa que produziu o filme de animação da Disney Pixar, Divertidamente 1 e 2 (Inside Out), no passado dia 25 de setembro esteve no nosso País e partilhou uma mensagem inspiradora no palco da Leadership Summit Portugal.
«Há 15 anos recebi um telefonema de um Diretor da Pixar, que estava a fazer um filme sobre as emoções na mente de uma menina jovem e disse já ter cinco emoções, mas faltava-lhe uma para a narrativa da história avançar e conter algo rico sobre a Humanidade. Respondi-lhe sem demoras: “Awe”, o espanto», confidencia o Professor de Psicologia e Fundador do Greater Good Science Center na Universidade de Berkeley na sua talk sobre “Beleza Moral”.
Albert Einstein dizia que a admiração é a mais bela experiência que podemos ter sobre o mistério da vida. «Ele achava que era a emoção humana mais definidora, um estado básico de consciência, e eu concordo. Lamentavelmente, na Pixar, ainda não a introduziram nos seus filmes. Tenho esperança que seja no Divertidamente 3», admite.
Mas afinal, o que é o espanto? É uma emoção que se sente quando algo é vasto, que transcende a nossa compreensão do Mundo, explica Dacher no Salão Preto e Prata, do Casino Estoril.
Ao longo de 15 anos, estudou pessoas em 30 países e é sua convicção que podemos sentir espanto através de: experiências místicas/ espiritualidade; grandes ideias; natureza; vida/morte; beleza moral (o tópico da sua intervenção); arte visual; efervescência coletiva e música.
«A beleza moral é a nossa resposta à virtude humana, à gentileza, à coragem, à superação e à generosidade», refere Dacher, apelando aos líderes na plateia para não se esquecerem que afetam a vida das pessoas que guiam. «Acredito que cultivar a beleza moral começa pelas lideranças e com isso podemos combater as crises no Mundo», afirma confiante.
Na ponta oposta, segundo Dacher, temos Niccolò Machiavelli, um dos grandes especialistas da filosofia da maldade moral que escreveu sobre destruir pessoas, quebrar alianças, liderar com medo, liderar com mentira, deceção e exploração.
«Há 25 anos que estudo os abusos de poder, que são sérios. Temos milhares de estudos que falam sobre o facto de qualquer ser humano ter uma propensão para usar mal a liderança, seduzido pelo poder. O poder leva ao abuso», explica.
Mas o que lhe interessa falar é de um modelo diferente de poder com raízes profundas. «Aristóteles escreveu sobre o poder ético, o poder virtuoso», e isto não é mais do que expressar a beleza moral através da empatia, do respeito e da gratidão.
Para Dacher: «O primeiro princípio de uma liderança moralmente mais bela é a empatia. Empatia é saber o que os outros sentem, é sincronizar comportamentos. Como os bons jogadores fazem». E exemplifica com Abraham Lincoln, citado por historiadores na Europa e nos Estados Unidos da América como o maior Presidente pelas suas capacidades na guerra civil e no fim da escravatura. «Lincoln era pobre, não era bem conectado, não tinha grandes redes sociais ou capital social, mas lutou durante o período mais difícil da história dos EUA através da sua empatia».
A segunda forma de beleza moral é simplesmente ouvir. «Ouvir com espírito pleno, coração aberto, sentido de dignidade e respeito pelas pessoas que nos rodeiam. A escuta ativa é fundamental», detalha.
E a terceira é a gratidão. «O sentimento de reverência pelas coisas que nos são dadas. É um grande privilégio estar numa posição de liderança. Foi-nos dado o poder de beneficiar a vida de outras pessoas. O que sabemos sobre os benefícios da beleza moral é que faz com que as pessoas sejam mais altruístas, mais conectadas com o mundo natural e a Humanidade». Praticar a beleza moral, relembra Dacher, é «bom para o coração, ajuda o sistema imunitário, por isso é uma das coisas mais importantes que podemos fazer pela saúde das nossas organizações».
Veja a talk completa aqui:
Dacher Keltner – Moral Beauty: How To Meet The Crisis of Our Times
Tenha acesso à galeria de imagens aqui.
Assista a todos os momentos, on demand, na Líder TV em www.lidertv.pt, na posição 165 do MEO e 560 da NOS.