Carlota Ribeiro Ferreira é formada em Gestão de Empresas, apaixonada por media, conhecimento, educação e economia. O mundo e as pessoas são as suas maiores inspirações e é com a sua equipa que desenha e desenvolve projetos inspiradores que procuram ajudar as pessoas e as organizações a serem mais ambiciosas e a irem mais longe.
Uma das iniciativas que desenvolve já desde 2009 é a Happy Conference e o que motivou esta conferência desde o primeiro dia, foi a promoção de felicidade e bem-estar nas empresas, e criar novas culturas – mais positivas e inclusivas, mais pensadas nas pessoas. Carlota acredita «que tem de haver crescimento individual e coletivo para que toda a lógica de negócio faça sentido.
A Happy Conference nasceu então para trabalhar temas que ajudem as empresas a elevarem a sua cultura de pessoas e, consequentemente, o seu negócio – e isto comporta desde temas nas áreas da psicologia positiva a outros como empatia, liderança autêntica ou criatividade.» Por isso, segundo a nossa entrevistada, todo o projeto da Happy Conference é desenhado para uma audiência corporativa e combinando na mesma equação fatores como felicidade, produtividade e resultados.
Pela primeira vez, a fundadora e CEO da WIN World viu-se obrigada a readaptar a Happy Conference para um formato totalmente virtual. E já no dia 30 de junho deixa a promessa de uma experiência única e marcante.
Fale-nos da sua equipa e de como tem feito crescer o seu negócio?
Hoje, temos uma estrutura central com oito pessoas e uma rede muito vasta de colaboradores, pois fomos apurando os modelos de trabalho ao longo dos anos e concluímos que não só os projetos são muito distintos – em termos de dimensão e de área de intervenção – e por conseguinte requerem uma equipa dedicada que deve ser pensada e montada de acordo com as especificidades e as reais necessidades – e aí vamos buscar os melhores talentos para compor a equipa de sonho para cada situação; como as próprias pessoas procuram cada vez mais vidas e carreiras que permitam acomodar vários interesses e projetos, isso dá-lhes também uma enorme riqueza de conhecimentos, networkings e rendimentos. Esta rede de talentos da WIN World tem dezenas de pessoas – de investigadores a gestores de conteúdos, designers de todo o tipo, produtores ou gestores de comunidades. Temos o WIN World Playbook, com a nossa cultura, metodologia e processos, e todas as pessoas que vão sendo integradas em projetos têm essa formação. Com os vários projetos em curso é raro termos menos de 15-20 pessoas a trabalhar na WIN World e temos muitos colaboradores regulares. É uma empresa para pessoas extremamente curiosas – pois de tudo fazemos uma aventura de conhecimento e crescimento; apaixonadas; exigentes; rigorosas; responsáveis. Costumo dizer que a WIN World é um coletivo de projetos e pessoas giras, comprometidas em fazer coisas diferentes que tipicamente não encaixam em categorias clássicas – os nossos projetos combinam investigação, consultoria, eventos, comunicação, formação, enfim, é difícil quase assumirmos que pertencemos a uma indústria pois invariavelmente os nossos projetos tocam a fronteira de várias áreas, combinam saberes de várias origens, cruzam disciplinas, criam propostas de valor diferenciadas. Nós gostamos, mesmo, de fazer a curadoria de experiências diferentes e avançadas, que inspirem e mobilizem as pessoas, e isto pode ter várias expressões, durações e suportes para acontecer.
No atual contexto de pandemia, tomaram a decisão de transformar a Happy Conference 2020, a 30 de junho, num evento 100% virtual, em ambiente fechado e exclusivo. Como é que se vai concretizar na prática, já que estamos a falar de uma Happy Conference sempre com uma plateia na ordem dos três digitos?
Sim, esta Happy Conference será muito especial. Se por um lado uma conferência física nos permite criar toda uma experiência espetacular – no sentido de termos um alinhamento capaz de alternar momentos de formação com momentos de entretenimento, numa vivência humana repleta de emoção; por outro lado, no contexto da pandemia, achamos que o tema era de uma enorme pertinência e que não deveríamos esperar até haver condições físicas para a realizar. Assim, a decisão de transformarmos a Happy Conference 2020 numa edição 100% digital foi natural mas será certamente uma experiência diferente do que promovemos em teatro até porque ainda estamos a gerir uma série de constrangimentos – como aeroportos fechados e a limitação do tráfego aéreo o que leva a que cada um dos oradores esteja a atuar remotamente a partir do seu espaço físico, na sua cidade, ligando-se à audiência apenas digitalmente. Tudo isto já representa em si uma nova dinâmica.
Mas que soluções digitais vão utilizar?
Há muitas soluções digitais e, por conseguinte, a escolha da plataforma adequada para cada projeto é um processo decisivo que depende das condicionantes que temos e da experiência que queremos proporcionar. No caso da Happy Conference, a seleção da plataforma tecnológica teve em conta quatro pontos importantes: o primeiro tem a ver com a produção de conteúdos que neste caso tem de contar com a limitação da deslocação dos oradores para um espaço físico único, que nos poderia permitir fazer uma emissão com uma super produção audiovisual, por exemplo, e que neste caso nos leva à construção de um programa ao vivo mas com os oradores a partir de várias cidades o que tem algumas limitações; o segundo ponto tem a ver com a proximidade que queríamos promover entre participantes e oradores, que requer ferramentas de interação especiais e todo um planeamento de conteúdos de envolvimento antes, durante e após a conferência; o terceiro, mas não menos importante, a presença e a ativação de marcas em ambiente digital, que queríamos viva e oportuna, adequada aos patrocinadores da Happy Conference e aos participantes da conferência; o quarto ponto, refere-se ao número de participantes que conseguiríamos juntar numa conferência virtual mas que queríamos fechada e exclusiva, neste caso.
É importante passar que as conferências digitais são experiências diferentes das físicas. Se do ponto de vista da formação, o digital é dotado de possibilidades incríveis e muitas até mais avançadas que o físico; do ponto de vista da evocação de emoções, o físico tem uma carga e uma vibração humana que naturalmente o digital não tem. As pessoas têm de estar preparadas para isso e gerir as expectativas de acordo pois há benefícios em ambas as experiências e isso é muito bom.
O que pode desvendar deste dia, refiro-me em termos de experiência para quem assiste?
Os participantes vão ter acesso a conteúdos especialmente preparados para a Happy Conference 2020 e que os vão ajudar a explorar e ir mais longe no que respeita à criatividade, ao pensamento criativo e aos processos associados à promoção de culturas de criatividade nas empresas. Durante cerca de 2 horas, os participantes vão assistir a três oradores com intervenções em direto, planeadas e preparadas em exclusivo para a Happy Conference 2020, vão ter a oportunidade de comentar a conferência em tempo real, vão poder interagir e participar num Q&A global. Vão igualmente ter acesso a um conjunto de recursos como sejam: um resumo do processo de cinco passos para ativação da criatividade em equipas e empresas proposto no livro Thinking in New Boxes: A New Paradigm for Business Creativity, de Alan Iny , que é, portanto, um dos oradores desta edição da Happy, e Luc de Brabandère (ambos consultores renomados da Boston Consulting Group) e; um guia de apoio à transposição das ideias e conceitos da conferência para as suas vidas e carreiras. Isto entre outros conteúdos, peças de comunicação e dinâmicas de interação.
A WIN World está a adaptar todo o negócio das conferências?
Estamos em total reinvenção do negócio das conferências e dos eventos corporativos e há duas premissas orientadoras: 1) estar na linha da frente de conhecimento das tecnologias e de todo o potencial das experiências digitais – e isto vai bem além da tecnologia, há toda uma série de conhecimentos importantes do ponto de vista de construção de conceitos e programas ou de criação e gestão de comunidades, por exemplo; 2) criar projetos e experiências de impacto – digitais, físicas e híbridas – para responder bem às ambições dos nossos clientes.
Temos investido muitíssimo em formação e plataformas ao mesmo tempo que vamos não só lançando novos projetos – por exemplo, o The Knowledge Elevator Society – como transformando projetos existentes – sendo este o caso da Happy Conference cuja edição 2020 é 100% virtual, e também o caso do The Win World Playbook, o nosso programa executivo que vai para a 4.ª edição e desta vez em formato híbrido, 11 dias online e um dia presencial.
Construímos igualmente uma oferta de soluções digitais para os nossos clientes – desde conferências remotas a projetos mais ambiciosos com estúdios virtuais, dinâmicas de avatar ou realidade virtual, grande produção de conteúdos e distribuição em escala.
O setor dos eventos está a atravessar uma fase de grandes desafios e ajustes, perante as limitações que existem para a realização de grandes eventos físicos nos próximos tempos. Como interpreta os eventos do futuro e a relação com as plateias/ públicos?
Vamos ter experiências mais amplas e com mais relação com os públicos. Se por um lado, vamos voltar às salas e recintos de eventos e espetáculos – não há como não, somos seres sociais e a emoção que se vive numa conferência ou num concerto ao vivo em nada se compara ao que se vive através de um ecrã, e nós precisamos disso pois é bom, poderoso e inspirador; por outro lado, penso que já nenhum evento será unicamente físico – soluções híbridas têm um enorme potencial de alcance e de interação com os públicos, e o streaming, por exemplo, permite levarmos a nossa experiência a pessoas que provavelmente de outra forma não poderiam estar presentes. E isso é muito bom. E sim, também acho que vai haver muitos eventos unicamente digitais pois temos vindo a perceber que responde de forma eficaz a várias necessidades.
Agora, primeiro que tudo a saúde pública, o bem-estar e a confiança das pessoas, e nesse sentido é normal que se privilegiem as soluções digitais neste momento.
Se por um lado nós promotores temos de ir integrando novos princípios, processos e regras, ajustando o espaço, o programa e as dinâmicas de um evento físico para que este seja seguro; por outro, as pessoas vão ter de colaborar cumprindo as regras vigentes. Sem dúvida que promotores e público vão ter de ser parceiros nesta viagem. Mas quem não ama um super concerto ou uma super conferência in loco e com toda a carga humana decorrente de estarmos juntos a viver experiências únicas e em direto?
A escolha do tema deste ano “Reinventar o pensamento criativo – um novo paradigma para a criatividade nos negócios” surge de estudos de referência a nível global, que indicam a capacidade criativa como a competência mais fundamental. Afinal, o que promove e desenvolve o pensamento criativo das pessoas e das equipas nas organizações?
Este tema estava já definido antes da pandemia atual e pensámos nele porque de facto vivemos hoje tempos de incerteza e complexidade que requerem enorme agilidade e criatividade por parte dos líderes e das suas organizações. E porquê falar agora de criatividade? Com a evolução dos tempos, não só os fatores de criação têm novas dimensões como o ritmo com que criamos tem novas métricas. Há aspetos essenciais, mas há aspetos evolutivos, que decorrem de contexto, de novas formas de pensar e de estar, do modo de vida das pessoas, das suas consciências e ambições, do que procuram, e claro dos novos modelos das organizações e dos negócios. Há de facto novos paradigmas, novas questões que devemos colocar para estar na linha da frente do pensamento criativo e da transformação, e que merecem uma conferência dedicada.
Os oradores da Happy Conference 2020 são Alan Iny, Stefan Sagmeister e Julia Zhou. O que destacaria de cada um?
No Stefan Sagmeister, o génio criativo, a criatividade em estado puro, sem limites, para os mais diversos fins. Ele é criativo no seu estado original e no fundo é o orador que nos traz como que a essência da matéria da conferência deste ano. No Alan Iny, temos a racionalidade da criatividade, a orientação processual da criatividade para o negócio e para a geração de valor. Alan Iny é de uma visão e de uma perspicácia incrível, do ponto de vista de aproveitarmos o melhor valor da criatividade a nível de equipas e de empresa. A Julia Zhou é um exemplo, uma alma criativa e criadora, que combina imaginação e ação de forma muito única. É uma mulher linda, super empreendedora, que partilhará o seu flow criativo e a forma como este flow enaltece o seu processo de fazer acontecer coisas.
O que vamos poder levar da Happy Conference 2020?
Um maior conhecimento do papel e do impacto da criatividade nas organizações. Uma análise de catalisadores fundamentais para o desenvolvimento da capacidade criativa dentro e fora da organização. Uma visão alargada do papel do líder no desenvolvimento do pensamento criativo das equipas e das pessoas. Uma exploração das competências mais cruciais perante cenários complexos e imprevisíveis, nomeadamente: criatividade, agilidade e celeridade. Exemplos de aplicação do capital criativo de uma organização a desafios específicos. Estratégias para escalar a competência criativa e aplicá-la à organização como um todo.
Em que dia decidiu colocar os seus colaboradores em teletrabalho?
Dia 12 de março fomos todos para casa e desde então que trabalhamos remotamente. Muito ligados, naturalmente, projetos e responsabilidades muito definidas, muita vontade de crescermos juntos.
Como tem mantido a inspiração? E o que tem lido?
Bom, a minha vida é a ler e a estudar, a organizar o conhecimento e a transformá-lo em projetos de inspiração e impacto. Tenho lido bastante, muitas coisas técnicas, é certo, até porque ao acelerarmos a transformação digital do negócio, houve muita coisa nova a aprender. Mas alguns livros menos técnicos que li na quarentena: A Woman Makes a Plan, da Maye Musk, e que ofereci a toda a equipa no dia em que viemos para casa; The future is faster than you think, do Peter Diamandis e do Steven Kotler; As ideias sociais e políticas de Jesus Cristo, de Diogo Freitas do Amaral; o Why, do Simon Sinek, que reli no âmbito de um clube de leitura do autor. Agora estou a ler uma série de livros sobre as Nações Unidas, as missões de paz, atualidade e relações internacionais – tudo isto me interessa muito. O mundo e as pessoas inspiram-me, quero entender mais, sentir mais e contribuir mais.