No mundo altamente competitivo dos negócios, a busca pela vantagem competitiva e inovação tornou-se uma prioridade para as empresas. E, cada vez mais, estão a reconhecer que a diversidade e a igualdade LGBT desempenham um papel fundamental na promoção da criatividade e no impulsionamento da inovação.
O economista e autor do livro “Gayme Changer”, Jens Schadendorf, esteve presente no Leading People, International HR Conference, onde falou sobre a sua investigação que abrangeu mais de 400 empresas, incluindo em Portugal, na talk “The Rise of LGBT+ Equality in Global Business – Now What?”.
A Barilla como exemplo
A Barilla, empresa de massas alimentícias com mais de 150 anos, é conhecida por ser tradicional e familiar, algo comum na Itália. Em 2013, o CEO da organização, Guido Barilla, comentou que a Barilla apoia apenas as famílias tradicionais, deixando a comunidade LGBT+ de parte.
«Esses comentários desencadearam uma crise para a empresa. As redes sociais encheram-se de críticas, principalmente por parte dos jovens», comenta. «A situação piorou quando a Universidade de Harvard retirou os produtos da Barilla das suas mesas, aumentando ainda mais a crise. A reputação da marca estava em risco».
Perante a situação em que se encontrava, a empresa tomou medidas para mudar a sua abordagem em relação à Diversidade e Inclusão (D&I). Pouco tempo antes havia contratado uma CEO que vinha do grupo Unilever, especialista em D&I, que ficou alarmada ao ouvir a entrevista e os comentários feitos por Guido Barilla.
«Estabeleceram, a partir desse momento, um conselho de Diversidade e Inclusão», refere, e criaram workshops para os colaboradores tomarem consciência dos preconceitos que cada um traz consigo. «Esforçaram-se para ser um dos melhores empregadores para pessoas LGBT+, recebendo certificações de organizações como a Human Rights Campaign».
Externamente, a Barilla envolveu-se com organizações sem fins lucrativos, como a Tyler Clementi Foundation, que trabalha contra o bullying nas escolas, e apoiou eventos e causas relacionadas com os direitos LGBT+. Fizeram também uma análise às suas cadeias de abastecimento, para garantir que os grupos sub-representados estavam presentes.
«Após cinco anos de esforços contínuos, a Barilla lançou um anúncio corajoso, com uma embalagem de massa que mostrava duas mulheres a beijarem-se. Essa ação simbólica representou a mudança que a empresa alcançou em relação à inclusão LGBT+.», diz Schadendorf.
A experiência da Barilla mostra que é possível promover a igualdade LGBT+ dentro das empresas. É necessário um compromisso contínuo com a D&I, tanto internamente quanto externamente. No entanto, o economista enfatiza que a jornada com rumo à igualdade LGBT+ é contínua e requer um esforço constante. As empresas podem aprender com outras organizações e envolverem-se em iniciativas e certificações que promovem a inclusão. A mudança cultural leva tempo, mas os resultados podem ser positivos para a empresa e para a sociedade como um todo.
«Quanto mais diversificada for a força de trabalho e quanto melhor conseguirem gerir essa diversidade, maior será a probabilidade de obter resultados criativos. Quanto maior for a probabilidade de ser inovador, maior será o grau de produtividade e maior será a taxa de crescimento», conclui.
A história da Barilla serve como um reminder para as empresas de que a igualdade LGBT+ não é apenas uma questão moral, mas também um fator importante para o sucesso dos negócios.
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