Hoje celebra-se o Dia Mundial do Ambiente, uma data assinalada pelo Programa das Nações Unidas para o Ambiente (UNEP) desde 1973. A Arábia Saudita vai ser o país anfitrião das celebrações, com foco na recuperação de terras, desertificação e resistência à seca, problemas que assolam aquela região.
Estas questões estão a colocar os ecossistemas do Mundo sob ataque, com milhares de milhões de hectares de terra a degradarem-se e quase metade da população mundial. As comunidades rurais, os pequenos agricultores e a população mais pobre são os mais afetados.
Após anos de negação, os países do Golfo Pérsico reconheceram os impactos devastadores das alterações climáticas na sua estabilidade, segurança e viabilidade. A Iniciativa Verde Saudita, lançada em março de 2021, foi concebida para promover a proteção do ambiente, a transição energética e a sustentabilidade económica no país. Inclui vários programas, com o objetivo de plantar dez mil milhões de árvores, reduzir as emissões de carbono e melhorar a qualidade do ar nas cidades do país.
Outro exemplo promissor de uma abordagem mais participativa é o projeto de resiliência em Dammam, a quarta cidade mais populosa do país. Este projeto dedica-se a melhorar o planeamento urbano para mitigar os impactos das alterações climáticas nos residentes da cidade. Envolve as comunidades locais e as organizações da sociedade civil no planeamento e implementação de iniciativas ambientais para garantir que as necessidades e preocupações dos grupos marginalizados são tidas em conta.
Grande parte do Mundo sentiu os impactos, não só no calor, mas também nas tempestades, inundações e secas. Restaurar terras sem combater as alterações climáticas seria o mesmo que dar com uma mão e tirar com a outra, pelo que as nações do G20 devem mostrar liderança em toda a agenda climática – como o Reino [da Arábia Saudita] fez e continua a fazer no que respeita à restauração de terras
Inger Andersen, Diretora Executiva da UNEP
Que desastres climáticos afetam o maior exportador de petróleo do Mundo?
Apesar dos esforços, a Arábia Saudita não deixa de ser um dos maiores exportadores de petróleo do Mundo, uma atividade que traz grandes impactos ambientais e climáticos. Esta situação é ainda agravada pela elevada disparidade de rendimentos e pelas taxas de pobreza do país, que ameaçam não só o bem-estar dos cidadãos, mas também a futura prosperidade económica, que é totalmente dependente do petróleo.
O país tem sido lento na adoção de medidas de adaptação às alterações climáticas, no estabelecimento de quadros institucionais de apoio e na criação de resiliência entre as suas comunidades. Ainda assim, a sustentabilidade e ecologia têm-se tornado numa prioridade para o país, que tem feito investimentos multibilionários na mitigação das alterações climáticas.
De acordo com pesquisas da ONG Carnegie Endowment for International Peace, os países do Golfo Pérsico são particularmente vulneráveis às alterações climáticas. Entre as maiores preocupações estão os aumentos de temperatura, que estão muito acima da média global, com ondas de calor extremas, que atingiram mais de 50 graus Celsius em 2021 no Irão, Kuwait, Omã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.
Se a tendência se mantiver, prevê-se que muitas áreas da região se tornem inabitáveis até ao final deste século. Os climatologistas alertam para o facto de, a curto prazo, a região estar a caminho de ficar 4 graus mais quente até 2050, excedendo largamente o limite de 1,5 graus necessários para evitar o colapso ecológico global.
Adicionalmente, e apesar da precipitação intensa extrema e episódica sentida naquela região, prevê-se que as alterações climáticas causem uma diminuição geral dos padrões nacionais de precipitação e um aumento das taxas de evaporação.
As previsões das alterações climáticas indicam que o país irá suportar períodos de seca mais prolongados, o que resultará no rápido esgotamento dos reservatórios de água subterrânea e no agravamento da escassez de água para as populações vulneráveis e marginalizadas. A Arábia Saudita está classificada como um dos países com maior escassez de água do planeta, com os seus níveis de procura de água per capita a duplicarem a média global, com 265 litros por dia.