Charles Darwin escreveu: “Não é a espécie mais intelectual que sobrevive, não é a mais forte que sobrevive, a espécie que sobrevive é aquela que consegue adaptar-se e ajustar-se melhor ao ambiente em contínua mudança no qual se encontra.”
A mudança é algo constante na nossa vida, e como tal estará presente na nossa carreira profissional. Não podemos controlá-la totalmente, apenas sabemos que vai acontecer e que algo vai mudar. No momento em que aceitamos um novo desafio, estamos fora da nossa zona de conforto voluntariamente. Uma das melhores formas de sobreviver aos impactos dessa mudança é fazendo perguntas. Porém, fazer as perguntas certas apenas faz sentido se estivermos dispostos a aceitar a parte mais exigente da equação – a de ouvirmos verdadeiramente as respostas.
Quando questionei os meus colegas sobre os pilares de ser uma boa gestora, grande parte das respostas tocaram em três tópicos: o zelo pelo negócio e pela sua prosperidade, os custos e impactos financeiros, e o cuidado com as pessoas e com o seu desenvolvimento, apoiando-as e motivando-as para que tenham um maior crescimento e uma melhor performance. A amplitude destes tópicos torna-nos cientes da existência de diversos estilos de liderança na gestão de um negócio e de equipas.
Atualmente, qualquer pessoa que tenha noção do equilíbrio que devemos ter para priorizar essas tarefas, dirá que é necessário ter um nível de inteligência emocional elevado. Especialmente, em IT, o nosso ambiente e requisitos de conhecimento estão sempre a ser alterados durante a nossa vida profissional. Por vezes, mudam até numa questão de meses. Por essa razão, é essencial que aprendamos a lidar com a situação.
Se for feita uma busca na internet durante cinco minutos, sobre a definição de inteligência emocional, encontra-se a informação que indica como investir, primeiramente, na consciencialização das nossas emoções e, só depois, na tentativa de saber controlá-las, e não o processo contrário. Grande parte da ação terá de vir de dentro, tendo-nos apenas como o ator principal, dado que apenas podemos controlar-nos a nós próprios e as nossas reações.
Chegamos, assim, à base de qualquer alicerce do qual um gestor deve valer-se: de si próprio.
Não é possível apoiar um negócio e as suas equipas, levando ao crescimento da empresa, se nos esquecermos de nos afirmar como a nossa maior prioridade. Para sobreviver à mudança, é fundamental que sejamos os nossos maiores defensores, cuidando bem dos nossos corpos, almas, mentes e corações. Inteligência emocional é frequentemente mencionada como um caminho. No entanto, raramente é determinada como “as botas” que deve calçar para, de facto, percorrê-lo.
Na nossa trajetória, devemos usar a mudança como uma possibilidade de nos melhorarmos a nós mesmos, os outros e a empresa, marcando a diferença. E ser diferente também faz a diferença. Para haver diversidade numa empresa, são necessárias pessoas que devem estar preparadas para adaptarem-se sem um trajeto pré-definido para o sucesso. Sem diversidade, um grupo não sobrevive. O facto mais interessante que aprendi ao lidar com a mudança é que não devemos fazê-lo sozinhos. Os outros podem ajudar-nos e nós podemos ajudar os outros. Tal como diz um provérbio africano: “Se queres ir depressa, vai sozinho, se queres ir longe, vai em conjunto”.
Assim, como referi anteriormente, sair da nossa zona de conforto é doloroso e o nosso primeiro instinto será de recear e rejeitar o desconhecido, por isso, o mais fácil é ter em conta os riscos à volta de qualquer mudança e focar em evitá-los. Porém, já repararam que sentimos menos receio se não estivermos sozinhos?
A ferramenta mais útil da qual podemos dispor na nossa vida é as outras pessoas. O seu conhecimento, as suas lições, a amizade e cuidado que delas recebemos e oferecemos, o poder que podem ter para ajudar e a oportunidade de podermos apoiá-las.
Leva algum tempo até começarmos a reconhecer as hipóteses à nossa volta e a prepararmo-nos para aceitar a mudança, mas vale a pena. A inteligência emocional necessária para olhar para cada desafio e nele encontrar a possibilidade de dele sair algo bom é enorme, sendo a chave para a evolução.
Por conseguinte, reitero que é importante fazermos perguntas e ouvirmos realmente as respostas dos outros. Perceber e conectarmo-nos é realmente crucial para que, juntos, possamos todos surfar as ondas da mudança.
Não conseguimos controlar as transformações do nosso ambiente, mas somos donos das alterações que devemos fazer no nosso interior. Só assim, poderemos apoiar-nos a nós próprios e aos outros, para crescermos no caminho que desejamos tomar na carreira e na vida, e decidir em que empresa queremos construir o nosso percurso. A empresa pode ser composta simultaneamente por um indivíduo e um grupo corporativo, um faz o outro.
As pessoas são a essência do sucesso de uma empresa. É importante lembrar que não podemos mudar ninguém. Apenas podemos desafiar quem nos rodeia a serem melhores, aperfeiçoando-nos a nós próprios no processo. Se o fizermos intencionalmente, nada será por acaso.