Os desafios e oportunidades de Cabo Verde foram tema na Leadership Summit Cabo Verde, que aconteceu no passado dia 23 de maio, na Cidade da Praia. Pedro Palha, Diretor da PWC, deixou claro que o capital humano e a estabilidade institucional são o verdadeiro ouro da nação.
Esta talk trouxe uma radiografia lúcida das forças e fragilidades do arquipélago. O Diretor começou por destacar o papel vital da conexão na identidade cabo-verdiana: conexão com África, Europa, Américas, com a lusofonia e com uma diáspora vibrante. «A tecnologia tem sido cada vez mais um catalisador da transformação e Cabo Verde tem sabido aproveitar essas oportunidades», acrescenta.
Tecnologia, transformação e resiliência
«Nada se cria, nada se perde, tudo se transforma», referiu Pedro Palha, relativamente ao papel da tecnologia como catalisador da transformação. Esta tem sido uma oportunidade extremamente bem aproveitada pelo arquipélago.
Se a nível global os riscos ambientais dominam o horizonte — como fenómenos meteorológicos extremos e perda de biodiversidade —, em Cabo Verde os desafios continuam a ser sociais e económicos. «A pobreza, a desigualdade, a escassez de mão de obra e a dívida pública continuam a marcar o horizonte a curto prazo», alertou. A produtividade também tem baixado em todo o continente ao longo dos últimos anos.
O Diretor fez questão de destacar o prestígio democrático do país: 84% da população cabo-verdiana manifesta uma clara preferência pela democracia, segundo o Afrobarómetro. Adicionalmente, 85% da população refere que não sente qualquer tipo de pressão durante o ato eleitoral. «Isto demonstra maturidade democrática e confiança nas instituições e no país», acrescenta.
No Index of African Governance, Cabo Verde figura consistentemente no top 10 em áreas como saúde, educação, proteção social e, com particular orgulho, igualdade e inclusão — onde lidera em primeiro lugar.
Desafios: inglês, inovação e futuro tecnológico
Porém, nem tudo são conquistas. Pedro Palha alertou para uma fragilidade estratégica: o domínio do inglês. No English Proficiency Index, o país aparece na 89.ª posição, o que limita a sua capacidade de atrair investimento externo e competir globalmente. «Sem o inglês não pode haver conexão com o mundo. Não é possível haver crescimento e é muito difícil atrair investimento», reflete.
Por outro lado, há indicadores promissores: Cabo Verde entrou no Global Talent Index e no Global Innovation Index, com melhorias consistentes, sobretudo em áreas como a captação de capital e o ambiente de negócios. A economia cabo-verdiana, fortemente dependente do turismo (55% do PIB), sofreu uma quebra abrupta com a pandemia, mas recuperou rapidamente.
O desafio, agora, passa por reduzir as desigualdades territoriais. Santiago, São Vicente e Sal concentram 75% das empresas e 85% dos empregos formais. «É preciso apostar na conectividade interna, para um desenvolvimento mais harmonioso», defendeu.
Pedro Palha encerrou com um elogio ao capital humano do país: 74% da força de trabalho cabo-verdiana apresenta competências elevadas, e 18% dos trabalhadores têm formação superior ao exigido para as suas funções.
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