Cerca de 96% das grandes cidades na Europa excedem os níveis de partículas finas de poluição no ar recomendados pela Organização Mundial de Saúde, de acordo com o World Economic Forum. A nível global, cerca de 99% da população respira ar que contém altos níveis de poluentes.
O cenário, porém, irá mudar com o plano de Ação de Poluição Zero da União Europeia que pretende baixar os níveis de poluição no ar para os valores recomendados pela OMS. A legislação tem por objetivo reduzir em 55% as mortes prematuras derivadas da poluição de partículas finas no ar até 2030.
A poluição do ar tira vidas prematuramente
Respirar ar que contém toxinas representa o maior risco de saúde ambiental na Europa. A exposição à poluição do ar pode causar uma série de doenças que põem em risco vidas, em particular doenças das vias respiratórias e cardiovasculares. As pessoas cada vez mais estão conscientes deste problema, e consideram abandonar as cidades para protegerem a sua saúde.
Doenças cardíacas e derrames são as duas causas mais comuns de morte prematura relacionadas com a poluição do ar.
Em 2020 foram reportadas um total de 230 mil mortes prematuras nos estados-membros da União Europeia relacionadas com a exposição a partículas que excedem as diretrizes da OMS.
No entanto, há sinais de melhorias. Estão já a ser implementadas medidas para reduzir a poluição nas áreas urbanas na Europa, que já estão a dar resultados: notou-se uma redução de 45% nas mortes prematuras atribuíveis à respiração de ar tóxico entre 2005 e 2020.
Além disso, devem ser ainda considerados dois fatores de relevo. Em primeiro lugar, a população europeia é envelhecida, logo mais suscetível à ameaça da poluição do ar. Em segundo, cada vez mais pessoas estão a migrar para as cidades da Europa, aumentando assim o número de pessoas expostas a altas concentrações de poluição.
Limpar o ar – agora
O ar poluído também é prejudicial para o meio ambiente. O ozono instalado ao nível do solo danifica a vegetação e reduz a biodiversidade, por exemplo. Os níveis críticos de ozono foram excedidos em quase três quintos da área florestal total do Espaço Económico Europeu em 2020.
Poluentes como o ozono podem prejudicar as colheitas agrícolas, o que afeta a receita dos agricultores. O ozono ao nível do solo causou quebras na colheita de até 9% em Portugal, na Grécia, Albânia e Chipre em 2019, além de perdas superiores a 5% em 17 países europeus.
Olhando para o trigo como exemplo, as perdas nas culturas europeias devido à poluição do ozono foram maiores na França em 2019, chegando a 350 milhões de euros, seguida de outros grandes produtores de trigo, como a Alemanha e Polónia.
Outros impactos ecológicos provenientes da poluição do ar incluem a acidificação e danos aos ecossistemas, já que a vegetação fica exposta a poluentes como o monóxido de nitrogénio, dióxido de nitrogénio e amónia.
O que está a ser feito para mitigar os danos?
Para combater o problema, a Comissão Europeia propôs a revisão da Diretiva de Qualidade do Ar Ambiente para melhorar a qualidade do ar na Europa.
As novas medidas sugeridas incluem um alinhamento mais rigoroso dos limites de poluição, em linha com os estabelecidos pela OMS, e o reforço dos regulamentos de monitorização da qualidade do ar para promover medidas de prevenção da poluição.
A proposta apoia ainda a consagração do direito ao ar puro na lei. Isso incluiria um fundo para cidadãos com problemas de saúde causados pela poluição do ar poderem reclamar os danos. Além disso, prevê-se ainda penalidades e regras de compensação para aqueles que violarem as salvaguardas da qualidade do ar.