Um novo sistema de inteligência artificial, denominado AstroAgents, está a transformar a investigação em astrobiologia ao gerar autonomamente hipóteses sobre a origem da vida no universo.
Desenvolvido por investigadores do NASA Goddard Space Flight Center e do Georgia Institute of Technology, este sistema multiagente utiliza modelos de linguagem avançados para analisar dados e amostras terrestres, produzindo mais de 100 hipóteses científicas. De acordo com a Revista Nature, a ideia é automatizar processos científicos, desde a leitura da literatura até à elaboração de hipóteses e mesmo à redação de artigos.
O sistema AstroAgents é composto por oito agentes de IA especializados: analista de dados, planeador, três cientistas de domínio, acumulador, revisor de literatura e crítico. Cada agente desempenha funções específicas, desde a interpretação de dados até à avaliação e refinamento de hipóteses.
Um ‘analista de dados’ é incumbido de identificar padrões importantes nos dados, um ‘planeador’ de decidir o que delegar a outros agentes ‘cientistas’ para investigação adicional e geração de hipóteses, e um ‘crítico’ de avaliar as hipóteses e sugerir melhorias ao ‘analista de dados’, o que dá início a outra ronda do processo. Esta aplicação colaborativa, alimentada por LLMs, como Claude Sonnet 3.5 e Gemini 2.0 Flash, permite uma abordagem altamente eficiente à exploração de sinais de vida no espaço.
Este sistema colaborativo permite uma análise aprofundada e diversificada dos dados, promovendo a geração de ideias inovadoras sobre a formação de moléculas orgânicas no espaço e na Terra.
Impacto na astrobiologia e exploração espacial
A aplicação do AstroAgents na astrobiologia representa um avanço significativo na forma como os cientistas abordam a pesquisa sobre a origem da vida. Ao automatizar a geração de hipóteses, o sistema acelera o processo científico e amplia as possibilidades de descoberta. Espera-se que esta aplicação desempenhe um papel crucial na análise de amostras que a NASA planeia recolher de Marte, ajudando a identificar sinais de vida passada ou presente.
«Está a ajudar-nos a compreender melhor como as moléculas se formam no espaço, como as moléculas se formam a partir da vida na Terra e como são preservadas – e depois quais os sinais específicos que devemos procurar», relata à Nature a astrobióloga Denise Buckner do Centro de Voo Espacial Goddard da NASA em Greenbelt, Maryland, coautora de um preprint que descreve o AstroAgents.
Resultados promissores catapultam o futuro da ciência
Em testes recentes, o AstroAgents analisou dados de espectrometria de massa de oito meteoritos e dez amostras de solo terrestre, gerando mais de 100 hipóteses. Destas, 36% foram consideradas plausíveis por especialistas em astrobiologia, e 66% dessas hipóteses eram inéditas, demonstrando a capacidade do sistema em produzir ideias originais e cientificamente relevantes.
A introdução do AstroAgents marca um novo capítulo na investigação científica, onde a colaboração entre humanos e inteligência artificial pode levar a descobertas revolucionárias. Com a capacidade de analisar grandes volumes de dados e gerar hipóteses inovadoras, sistemas como este têm o potencial de acelerar significativamente a compreensão sobre a origem da vida e a possibilidade de existência de vida extraterrestre.
Saiba mais informações sobre os AstroAgents aqui.
Imagem destaque: NASA/Matthew Dominick