Na era da Inteligência Artificial as preocupações organizacionais centram-se na questão humana, compreendendo a existência de fatores ocultos que influenciavam o desempenho sustentável da organização. Os avanços científicos comprovam que a relação de um indivíduo ou de uma equipa com o sucesso depende de si e da sua capacidade de desenvolver consciência sobre as suas necessidades específicas. Uma abordagem de Coaching apoia o indivíduo ou a equipa a contextualizar e ajustar o conhecimento adquirido, focando-se num processo holístico de desenvolvimento da inteligência interpessoal (capacidade de compreender outras pessoas: o que as motiva e como trabalhar colaborativamente) e da inteligência intrapessoal (capacidade para formar um modelo verídico de si e poder usá-lo para agir eficazmente na vida).
O Coaching entra na esfera das organizações como resposta a necessidades mais humanizadas, quer seja através do recurso a coaches profissionais, quer seja através da utilização da função de Coaching como uma das funções dos seus líderes. Os beneficiários de abordagens de Coaching são pessoas ou equipas munidas de todos os recursos necessários para o seu desenvolvimento. Falta, contudo, alinhar estes recursos a contextos, potenciando a consciencialização de conhecimentos adquiridos e ajustando crenças e hábitos a modelos mentais mais eficazes num momento específico.
O Coaching como uma abordagem que promove a reflexão fará muito sentido no cenário de flexibilidade permanente atual. Mais do que apenas receber indicações concretas do que fazer ou de modelar o comportamento de outros face a uma tarefa, os indivíduos/ equipas são convidados a refletir sobre o sentido da tarefa ou da informação que receberam. Nessa procura de sentido, existe um maior ajuste ao contexto concreto, porque nem todas as realidades são exatamente iguais. Esta abordagem irá, consequentemente, promover um maior nível de compromisso e responsabilização.
O Coaching nas organizações é uma abordagem que troca uma cultura de “poder sobre” as pessoas por outra onde se desencadeia o “poder dentro” das pessoas, como referia Bruce Lloyd já em 2003.
A liderança nas organizações está, de facto, a requerer um novo modelo de trabalho, onde a palavra-chave é responsabilização, em que é pedido ao indivíduo a adesão a uma autoformação permanente, a uma autogestão de carreira e a uma autonomia de trabalho com respostas adaptativas. Uma abordagem de Coaching contribui para o desenho deste novo modelo, tentando articular as questões humanas (empregabilidade) com as organizacionais (competitividade), agregando valor, através da cocriação de uma noção de propósito partilhável, contribuindo para a realização e, consequente, fidelização do talento, a satisfação e adaptabilidade das equipas, e a eficácia e bem-estar nas organizações.
Este artigo foi publicado na edição de outono da revista Líder. Subscreva a Líder aqui.