Sabia que a África subsaariana tem a maior taxa de mulheres envolvidas em atividades empreendedoras? Cerca de 26%. E entre os países mais com a maior percentagem de mulheres empreendedoras no mundo, encontra-se o Botsuana, África do Sul e Gana.
As mulheres somam 58% da população africana detentora de negócios e são mais prováveis de se tornar empreendedoras do que os homens. Os dados são do Index of Women Entrepreneurs (MIWE) da Mastercard, e revelam que estes países não só têm uma grande percentagem de negócios liderados por mulheres, mas também apoiam formalmente as mulheres empreendedoras.
Esta conclusão tem implicações profundas. As start-ups lideradas por mulheres em África não só são tão lucrativas (se não mais) como as lideradas por homens, mas também são mais prováveis de conduzir ao empoderamento feminino e ter um impacto social positivo no continente.
Dados da consultora Roland Berger revelam ainda que mulheres empreendedoras contribuem entre 250 e 300 biliões de dólares para o crescimento económico africano, equivalente a cerca de 13% do PIB do continente.
O World Economic Forum reúne os dados que evidenciam o impacto que as mulheres empresárias têm na economia africana, abordando os desafios que estas enfrentam e soluções que os governos podem implementar.
A desigualdade é marcante
Ainda assim, as desigualdades de género em África podem estar longe de ser resolvidas num futuro próximo, tendo em consideração os inúmeros desafios que as mulheres empreendedoras enfrentam no que toca ao financiamento dos seus negócios.
O relatório “The World Economic Forum’s 2022 Global Gender Gap” estima que para atingir a igualdade de género globalmente, serão precisos 132 anos. Em 2020, eram precisos 99.5 anos.
De acordo com o Banco Mundial, as mulheres empreendedoras na África subsaariana continuam a ganhar menos que os homens (cerca de 34% em média). A discriminação de género é um dos motivos para esta disparidade; outros motivos incluem acessos limitados a capital e ativos, falta de apoio e outros fatores sociais limitantes.
O potencial económico das mulheres empreendedoras em números
O African Development Bank (AfDB) afirmou que start-ups lideradas por mulheres são importantes para o desenvolvimento económico e contribuem para a integração financeira no continente através da criação de emprego.
Assim, os governos africanos conseguem impulsionar o crescimento económico e retirar milhões de pessoas da pobreza ao desencadear o potencial das mulheres empreendedoras, como declarado pelo Banco Mundial, transformando assim o continente com as intervenções e políticas certas.
O estudo de Harvard “Women and the Changing Face of entrepreneurship in Africa” também conclui que o aumento do número de negócios detidos por mulheres e a redução da desigualdade de género em África potenciam o crescimento.
Mesmo numa escala global, a economia feminina é considerada o maior mercado emergente do mundo, que tem potencial de contribuir em 12 triliões de dólares para o PIB mundial até 2025.
Além disso, as empreendedoras criam oportunidades de emprego para elas e para outros, e conduzem a um desenvolvimento comunitários e a melhorias nas condições de vida no continente africano.
Os governos têm a solução nas mãos
Ao introduzir novos produtos na económica africana de start-ups, as fundadoras potenciam a produtividade e criam competição em mercados dominados por homens.
Assim, os governos africanos têm interesse em implementar as políticas certas para proteger mulheres empreendedoras e em resolver os desafios que impedem que os seus negócios tenham tanto sucesso como o dos homens.
O papel essencial das start-ups lideradas por mulheres em África traduz-se numa necessidade de os governos africanos abordarem e intervirem nas restrições socioculturais que limitam o potencial crescimento das mulheres.
Os políticos podem gerir o desafio do financiamento que as lideranças femininas enfrentam ao adotar políticas especificas, que ajudam a melhorar a alocação de fundos públicos a empresas detidas por mulheres.
Além de reforçar os direitos das mulheres através da legislação, os governos africanos podem usar estas políticas para combater os preconceitos de género e discriminação contra lideranças femininas em start-ups.