O desenvolvimento industrial tem uma importância crucial para um crescimento económico sustentável e inclusivo em África. A industrialização, com fortes ligações às economias locais, pode ajudar os países africanos a atingir taxas de crescimento elevadas, a diversificar as suas economias e a reduzir a sua exposição a choques externos.
Hoje assinala-se o Dia da Industrialização de África, alguns dias depois da Conferência Económica Africana (CEA) 2023, que aconteceu em Adis Abeba, entre 16 e 18 de novembro.
O tema da conferência deste ano foi «Imperativos Para o Desenvolvimento Industrial Sustentável em África» e proporcionou uma plataforma para académicos estabelecidos e jovens investigadores apresentarem a sua investigação orientada para soluções para o desenvolvimento do continente africano
Estes são alguns dados sobre a industrialização de África, que impulsionaram a criação deste evento:
Um continente assente na manufatura e industrialização
Devido à riqueza de recursos naturais que o continente possui, grande parte da produção industrial africana continua centrada na manufatura, que representa aproximadamente metade do valor total da indústria e das suas exportações.
A indústria transformadora em África cresceu, em média, 3,5% por ano entre 2005 e 2014, revelando-se mais rápida do que a média global. Alguns países, como Angola e a Nigéria, registaram aumentos anuais de produção superiores a 10%.
Os dados dos Indicadores de Desenvolvimento Mundial para 2021 apresentam um quadro promissor, com 14 países a atingirem taxas de produção industrial como percentagem do PIB entre 10 e 20% e outros 4 a atingirem taxas acima da marca dos 20%.
Uma população e ambiente económico favoráveis
O continente tem melhorado o seu desempenho em termos de crescimento económico, em parte devido a uma melhor gestão económica, a um ambiente macroeconómico estável, a uma governação política consistente e a uma melhor utilização dos recursos.
África tem também a população mais jovem de todos os continentes, o que a torna num fornecedor competitivo de trabalhadores para a indústria, à medida que os custos da mão de obra aumentam em países como a China. O Banco Africano de Desenvolvimento refere que muitos Estados africanos estão a seguir políticas industriais centradas na promoção da procura local e na redução das importações.
Um progresso notável, mas lento
A maioria dos países africanos está a fazer progressos constantes, ainda que lentos, no desenvolvimento industrial, com 37 dos países membros do Banco Africano de Desenvolvimento (de um total de 52) a melhorarem a sua pontuação de industrialização entre 2010 e 2021.
O African Growth and Opportunity Act (Agoa) é um acordo comercial entre os Estados Unidos e os países da África Subsariana que tem contribuído para aumentar o comércio e o investimento entre África e os EUA.
No Quénia, as vendas da Agoa, dominadas pelo vestuário, cresceram de 50,6 milhões de euros em 2001 para 555,2 milhões de euros em 2022, representando 67,6% do total das exportações do país para os EUA.
Também no Quénia, os setores das frutas, legumes e flores cortadas empregam cerca de 200 000 pessoas na agricultura, transformação e logística, gerando mais de mil milhões de euros em receitas de exportação por ano. Já a República Unida da Tanzânia é o maior produtor de algodão da África Oriental.
Ainda assim, este potencial pode ser acelerado com a colaboração e investimento de países desenvolvidos. A Conferência Económica Africana focou-se neste objetivo, convidando todos os participantes a refletir sobre soluções para potenciar a industrialização em África, que se tem revelado num dos pontos económicos fortes do continente.
A Conferência Económica Africana foi organizada conjuntamente pelo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), pela Comissão Económica para África (CEA) e pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).