Quando se fala de Psicologia, associa-se a ideia automaticamente à Psicologia Clínica. Existem, no entanto, “outras” Psicologias. O papel de atuação da Psicologia é vasto e a sua especialidade depende do contexto em que a mesma vai ser aplicada. Assim, grosso modo, a Psicologia da Educação é uma subdisciplina prática da Psicologia que foca a sua ação nas necessidades da criança na escola, bem como em outras áreas onde as experiências escolares têm impacto; a Psicologia Forense é uma área da Psicologia que é interdisciplinar – deve haver um domínio dos conhecimentos da Psicologia em si, e, dos conhecimentos referentes às leis civis e às leis criminais. Exerce-se em diversos contextos para além do tribunal, tais como, centros de tratamento ou de reeducação para delinquentes, estabelecimentos prisionais, etc.; a Psicologia do Desenvolvimento é constituída pela parte da Psicologia que estuda o como e o porquê dos indivíduos mudarem ao longo da sua vida, o seu desenvolvimento físico, cognitivo, social e emocional; etc.
Qual o campo de estudo da Psicologia que se foca no contexto das organizações? Em concreto, vou falar da minha área de especialidade da Psicologia: a Psicologia das Organizações, do Trabalho e dos Recursos Humanos. Este campo compreende três tipos específicos de estudo do comportamento associados a três áreas/especialidade que se entrecruzam:
– A Psicologia Organizacional – estuda o comportamento relacionado com o conjunto de papéis na organização: fenómenos comportamentais relacionados com a estrutura organizacional, a mudança ou a inovação (aborda tópicos como: a comunicação, tomada de decisão, conflito, liderança, delegação, participação…);
– A Psicologia do Trabalho – estuda o comportamento no trabalho em sentido estrito: fenómenos comportamentais relacionados com as tarefas e suas condições de execução (aborda tópicos como: o desempenho, carga de trabalho, esforço, fadiga, monotonia, stress, erros, acidentes…)
– A Psicologia dos Recursos Humanos – estuda o comportamento relacionado com as relações contratuais e os vínculos que ligam o indivíduo à organização: fenómenos comportamentais respeitantes ao estabelecimento, manutenção, desenvolvimento e término das relações de trabalho individuo-organização (aborda tópicos como: a seleção, análise e qualificação de funções, avaliação de desempenho, acolhimento e integração, carreiras, …)
O que se pretende da Psicologia das Organizações, do Trabalho e dos Recursos Humanos é que esta dê a conhecer/perceber como se comportam os indivíduos e os grupos nas organizações, com o objetivo principal de se produzir conhecimento e suportar intervenções que contribuam para o bem-estar/qualidade de vida dos indivíduos e para a eficácia organizacional. Atua-se para esse objetivo principal em 3 níveis distintos: individual (indivíduos, suas caraterística e interações – e.g., motivação, satisfação, expetativas, etc.; grupal (grupos, seus processos e resultados – e.g., eficácia grupal, liderança nas equipas de trabalho, etc.); e organizacional (características estruturais da organização – e.g., estrutura organizacional, comunicação organizacional, cultura organizacional).
Por Ana Pinto, Professora Universitária