A conferência de Davos do World Economic Forum em 2022 quadruplicou as emissões de CO2 para a atmosfera, devido ao uso de cerca de 1040 jatos privados, de acordo com uma análise da Green Peace.
Hipocrisia?
Os ativistas climáticos acusaram os líderes de hipocrisia ao voar em jatos privados para uma conferência que discutia o impacto das alterações climáticas. A consultora ambiental holandesa CE Delft calculou que, durante o encontro do ano passado, as emissões de CO2 dos jatos foram quatro vezes superior do que as emissões médias de uma semana inteira de voos.
Fonte: The Washington Post
O número de voos de e para aeroportos que atendem à estação de ski suíça onde a conferência é realizada foi duas vezes maior durante a reunião de 2022 em comparação com uma semana normal, emitindo a quantidade de CO2 equivalente a 350 mil carros durante esse período, partilha o The Guardian.
Espera-se que os líderes mundiais políticos e de organizações cheguem novamente a Davos em jatos privados esta semana, causando outro aumento nas emissões.
Klara Maria Schenk, ativista da Greenpeace para a mobilidade europeia afirmou que “os ricos e poderosos estão a lotar Davos para discutir o clima e a desigualdade a portas fechadas, usando o meio de transporte mais desigual e poluente: os jatos privados.”
“Ao mesmo tempo, a Europa passa pelos dias mais quentes de janeiro dos últimos anos, e várias comunidades pelo mundo enfrentam desastres naturais causados pelas alterações climáticas extremas”, continua.
Acabamos com os voos de curta distância?
Dos voos para aeroportos perto de Davos o ano passado, 53% foram voos de curta distância (menos de 750km), que poderiam ter sido feitos de carro ou comboio, enquanto 38% foram em distâncias inferiores a 500km.
O voo mais curto registado foi de apenas 20 km
A conferência do World Economic Forum de 2023 tem o objetivo de enfrentar a crise climática e outras crises em andamento, pedindo para se agir já, coletivamente. Os voos em jatos privados não são regulamentados na União Europeia, mas são o modo de transporte mais poluente por passageiro/quilometro.
Schenk pediu ao líderes que não viagem de jato privado este ano, e pede a proibição do seu uso em geral. “Dado que 80% da população nunca voou, mas sofre com as consequências das emissões de aviação que prejudicam o meio ambiente, e que o World Economic Forum afirma estar comprometido com a meta climática de 1,5ºC dos Acordos de Paris, esta bonança anual de jatos privados é uma demonstração de mau gosto. É uma masterclass em hipocrisia”, acrescenta.
“Os jatos particulares devem ficar apenas nos livros de História se quisermos ter um futuro verde, justo e seguro para todos. Os líderes mundiais devem dar o exemplo e proibir o uso de jatos e voos inúteis de curta distância”.
O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, foi já acusado de “brincar com as suas promessas climáticas” e desperdiçar o dinheiro dos contribuintes, depois de se saber que viajou de Londres a Leeds, uma distância de cerca de 300 km, num jato da Força Aérea Real britânica.
Os administradores de Davos têm estado alertas para este problema, chegando a escrever vários artigos em 2019 a destacar o que alegaram ser uma queda nos voos de jatos privados por parte dos participantes. Dizem que investem dinheiro todos os anos para compensar o impacto das emissões da conferência.
Quais as emissões para este ano? Só o tempo dirá.