Em 2020, Lucio Chiquito de 105 anos, engenheiro colombiano apresentou a sua tese de doutoramento na Universidade de Manchester. Este é um exemplo que tendencialmente será cada vez mais frequente.
Em Portugal, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística relativos ao último censos de 2021, a percentagem de população idosa (65 e mais anos) representava 23,4%, enquanto a de jovens até aos 14 anos era de apenas 12,9%. O índice de envelhecimento (idosos por 100 jovens) cresceu de 128 em 2011 para 182 em 2021, significando que os idosos são quase um quarto de toda a população residente (23,4%), os jovens não chegam aos 13%.
Por outro lado, a par do envelhecimento de acordo com as previsões de vários organismos internacionais e do próprio INE, parece consensual que as pessoas terão vidas mais longas e mais saudáveis.
As tendências demográficas apontam para o papel cada vez mais intenso dos idosos nas nossas sociedades, para o prolongamento da vida ativa, e para o facto da aprendizagem e da educação constituírem aspetos fundamentais no atual conceito integral de qualidade de vida humana.
Nesse propósito, em Portugal, a Rede de Universidades da Terceira Idade foi oficialmente reconhecida pela Resolução pelo Conselho de Ministros nº76/2016 de 29 de novembro de 2016 tendo como principais objetivos a promoção do envelhecimento ativo e a valorização das Universidades Seniores que representam uma resposta social,
complementar à educação formal, através da dinamização de atividades sociais, culturais, educacionais e de convívio, preferencialmente para maiores de 50 anos.
Os tempos são de permanente mudança, a educação não é para toda a vida mas durante toda a vida, falamos de uma sociedade de aprendizagem.
O relatório “The Futures of Universities Thoughtbook” de 2020, organizado em seis capítulos – Disrupting Teaching and Learning, Collision of Technology and Humanity, Future of Science and the Academic World, Socially Engaged University, University – Business Cooperation, Institutional Change – oferece uma visão prospetiva do ecossistema global do ensino para o ano de 2040. Sobressai, a ideia “Life partner” considerada uma das cinco áreas essenciais para a transformação da Universidade. Os novos públicos não são os estudantes tradicionais, mas todos os públicos em todas as fases da vida. O estudo prevê que aumentar e melhorar as capacidades dos cidadãos ao longo da vida será uma tarefa essencial da Universidade.
A educação deve-se adequar a um contexto social em constante reformulação, no qual a educação permanente é uma necessidade incontornável. O conformismo na educação não conduz a bons resultados.
A longevidade constitui uma oportunidade para as Universidades repensarem o processo ensino aprendizagem desde o design dos planos de estudos, metodologias de ensino, recursos educativos, standards de qualidade, formação e avaliação de docentes, até às próprias infraestruturas educativas e avaliação dos cursos. A sobrevivência das organizações é tanto maior quanto maior for o grau de antecipação às mudanças que se anteveem. Os desafios são muitos, exigem novas estratégias. Fica a pergunta, mudarão as Universidades?