O Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas é assinalado a 10 de junho, data da morte do poeta Luís de Camões. Este dia presta homenagem a Portugal, às comunidades da língua portuguesa, à cultura lusófona e à presença portuguesa por todo o Mundo.
Esta celebração começou por ser um feriado municipal em Lisboa, dedicado a Camões, transposto pelo Estado Novo para feriado nacional, como o Dia de Camões, de Portugal e da Raça. Após o 25 de abril, este dia mudou de nome e passou a fazer referência
Conheça as nossas recomendações de clássicos e novidades da língua portuguesa, para celebrar esta data.
Sonetos
Luís Vaz de Camões, Bertrand Editora
«Os reinos e os impérios poderosos,
Que em grandeza no mundo mais cresceram,
Ou por valor de esforço floresceram,
Ou por varões nas letras espantosos.
Teve Grécia Temístocles; famosos,
Os Cipiões a Roma engrandeceram;
Doze Pares a França glória deram;
Cides a Espanha, e Laras belicosos.
Ao nosso Portugal, que agora vemos
Tão diferente de seu ser primeiro,
Os vossos deram honra e liberdade.
E em vós, grão sucessor e novo herdeiro
Do Braganção estado, há mil extremos
Iguais ao sangue e mores que a idade.»
O Alegre Canto da Perdiz
Paulina Chiziane, Caminho
Delfina é uma mulher bonita, «uma negra daquelas que os brancos gostam». A história de vida desta Delfina, «dos contrates, dos conflitos, das confusões e contradições», é a história da mulher africana, a história da apocalíptica perda do sonho.
Mas o que é o amor para a mulher negra? Na terra onde as mulheres se casam por encomenda na adolescência? O problema arrasta-se ao longo do livro, aparentemente sem solução: «viver em dois mundos é o mesmo que viver em dois corpos, não se pode. Tu és negra, jamais serás branca». Mesmo assim, a mulher negra «procura um filho mulato, para aliviar o negro da sua pele como quem alivia as roupas de luto».
O sufoco das palavras outrora silenciadas, a valentia e a frontalidade gritam alto nos romances de Paulina Chiziane. Neste diálogo consigo própria, a conhecida escritora moçambicana, mistura imaginação, fantástico, misticismo, num retrato poderoso e peculiar da sociedade e da mulher africanas.
A Sibila
Agustina Bessa-Luís, Guimarães
O romance foi concluído no dia 16 de janeiro de 1953 e logo depois apresentado ao Prémio de Romance Delfim Guimarães, instituído pela Guimarães Editores, que lhe foi atribuído.
Foi publicado pela primeira vez, logo depois, em 1954, há 55 anos. Esta edição fixa o texto definitivo da obra. É o livro mais famoso da autora, traduzido em várias línguas.
Água Viva
Clarice Lispector, Relógio D’Água
«Escrevo-te toda inteira e sinto um sabor em ser e o sabor a ti é abstrato como o instante. É também com o corpo todo que pinto os meus quadros e na tela fixo o incorpóreo, eu corpo a corpo comigo mesma. Não se compreende música: ouve-se. Ouve-me então com teu corpo inteiro. Quando vieres a me ler perguntarás por que não me restrinjo à pintura e às minhas exposições, já que escrevo tosco e sem ordem. É que agora sinto necessidade de palavras e é novo para mim o que escrevo porque minha verdadeira palavra foi até agora intocada. A palavra é a minha quarta dimensão.»
Compêndio Para Desenterrar Nuvens
Mia Couto, Caminho
No universo literário de Mia Couto, em que uma coisa, um animal, por exemplo, pode ser uma pessoa, as nuvens, que, com os nossos olhos, vemos circulando pelo céu, podem, se consideradas com a imaginação, existir debaixo da terra. E se é assim, um Compêndio para Desenterrar Nuvens tem para nós a maior utilidade.
Nestes vinte e dois exercícios de imaginação mais uma vez Mia Couto nos serve de guia para descobrirmos o que está no que vemos com os olhos e no que a imaginação nos dá a ver. E atenção: nem sempre as duas imagens coincidem.
As Intermitências da Morte
José Saramago, Porto Editora
«No dia seguinte ninguém morreu.»
Assim começa este romance de José Saramago. Colocada a hipótese, o autor desenvolve-a em todas as suas consequências, e o leitor é conduzido com mão de mestre numa ampla divagação sobre a vida, a morte, o amor, e o sentido, ou a falta dele, da nossa existência.
Arquipélago
Jorge Barbosa, Pedro Cardoso Livraria
É a partir da publicação de Arquipélago que se constituiu um verdadeiro marco, a balizar a moderna literatura cabo-verdiana, pois que nela se inscreveu pela primeira vez e de forma indelével, a geografia humana de Cabo Verde.
Com mais esta reedição, agora fac-similada, do primeiro caderno de poesia de Jorge Barbosa – (Arquipélago, 1935), outros se seguirão certamente (Ambiente, 1941 e Caderno de um Ilhéu, 1956) – estará a Livraria editora Pedro Cardoso, a contribuir de forma enriquecedora, para que os estudantes do ensino secundário, do ensino superior, a comunidade académica e os leitores interessados, se aproximem de um dos maiores, dos mais completos e dos mais autênticos monumentos poéticos, inspirados e criados nestas ilhas atlânticas do Arquipélago de Cabo Verde.