O Instituto Terra é fruto da iniciativa do casal Lélia Deluiz Wanick Salgado e o fotógrafo Sebastião Salgado, em devolver à natureza o que décadas de degradação ambiental haviam destruído. Fundado em 1998, o projeto, que recebeu de forma inédita o título de Reserva Particular do Património Natural (RPPN), propunha recuperar o ecossistema da antiga fazenda de gado da família, em Aimorés, no Estado de Minas Gerais.
Localizado na bacia hidrográfica do Rio Doce, numa região da Mata Atlântica, este é um hotspot global de biodiversidade, cuja ação de restauração é de elevada importância ambiental, social e económica para o Brasil.
Vinte e cinco anos depois, a sede do Instituto Terra conta com uma floresta de 709,87 hectares, coberta por mais de 3 milhões de árvores nativas, que possibilitaram o retorno da fauna local: aves, répteis, pequenos mamíferos e até onças-pardas.
A propósito da celebração do Dia Mundial da Conservação da Natureza, ontem, 28 de julho, a Líder partilha algumas informações sobre a atuação deste organismo.
Sede Instituto Terra, antes de depois. Créditos imagem: RPPN Fazenda Bulcão 2001/2022 – © Sebastião Salgado
25 anos de trabalho e o balanço de 2023
Foi recentemente divulgado o Relatório de Atividades relativo ao ano de 2023 e um balanço dos últimos 25 anos de atuação.
Impactos na zona da Sede em 25 anos
+ 3 milhões árvores plantadas
+ 300 espécies de sementes recolhidas numa área de 200 km
+ 7 milhões mudas nativas geradas em viveiro
+ 146 mil visitantes passaram pelo Instituto Terra
214 técnicos formados em restauração ecossistémica
Impactos na zona da Sede em 2023
+ 300 kg de sementes colhidas de 104 espécies nativas
120ha de ações de plantio
+ 350 mil mudas nativas geradas em viveiro
+ 210 mil mudas plantadas na Sede
+ 340 hectares de novas áreas, totalizando + mil hectares de Sede
+ 4 mil visitantes
Marcos históricos
Em 2005, foi inaugurado o Centro de Educação em Restauração Ambiental (CERA), que promove programas de educação ambiental, sensibilização e formação profissional para públicos de várias faixas etárias. Entre eles, o programa Terrinhas que já introduziu milhares de crianças do ensino público da região a temas ambientais.
Em 2010, foram iniciadas atividades de extensão ambiental, realizadas fora da sede. O programa Olhos D’água, destinado a promover a recuperação de nascentes em pequenas e médias propriedades rurais, transformou-se numa estratégia de segurança hídrica para a bacia do Rio Doce, premiado mundialmente por recuperar milhares de nascentes.
Em 2023, foi lançado o programa Terra Doce, que reúne ações do Instituto Terra, como o Olhos D’Água e o Terrinhas, além de novas iniciativas, destacando-se a disseminação e implantação de Sistemas Agroflorestais em pequenas e médias propriedades rurais.
À medida que as atividades do Instituto Terra se expandem pela bacia do Rio Doce, elas também continuam na zona da sede, em Aimorés, com a aquisição da Fazenda Cantinho do Céu, em 2023, com uma área de 344 hectares contígua à RPPN e tão degradada quanto estava anteriormente.
Cinco pontos chave do trabalho do Instituto Terra
Reflorestamento estratégico
Mapeamento de áreas críticas em microbacias e pastagens degradadas para receberem cobertura de árvores que ajudam a recarregar os lençóis freáticos, proteger o solo e promover a chuva através da evapotranspiração.
Garantia da segurança hídrica
Reflorestamento estratégico e implementação de tecnologias adaptadas ao meio rural para tornar córregos perenes e aumentar a oferta de água em pequenas e médias propriedades rurais.
Formação comunitária
Educação ambiental em larga escala e fortalecimento de uma identidade cultural baseada na produção eco sustentável e conservação.
Cadeia produtiva verde
Estabelecimento de uma cadeia de valor associada ao meio ambiente, que aprimora e facilita a distribuição de produtos provenientes do reflorestamento.
Devolução de conhecimento à sociedade
Aplicação de conhecimento produzido dentro do Instituto Terra, por meio de pesquisas académicas, de forma a promover melhorias nas comunidades.