Portugal tem cimentado o seu panorama de recursos humanos e retenção de talento. Ainda assim, e apesar do País ter reforçado a 25.ª posição no ‘Ranking Mundial de Talento do IMD World Competitiveness Center’, em 2024, a ‘atratividade’ tem vindo a registar uma queda. Segundo dados da Porto Business School, esta tendência deve-se à crescente ‘fuga de talentos’, que afeta a competitividade da Economia.
Consequentemente, a retenção de talento tem-se tornado numa preocupação cada vez maior para as empresas. Dados recentes indicam que 52% das organizações em Portugal enfrentam dificuldades na fidelização de talento, com a taxa de rotatividade voluntária a atingir, em média, 10,6%, segundo um estudo da Mercer. Do ponto de vista da força de trabalho, mais de metade pretende mesmo mudar de emprego em 2025, de acordo com a IPSOS.
Adicionalmente, mais de um terço dos portugueses com idades entre os 15 e os 39 anos vivem hoje no exterior e são cada vez mais qualificados. Se em 2015, 30 por cento dos emigrantes portugueses tinham o ensino superior, em 2023 os diplomados já constituíam 42 por cento do total. Entre as principais razões para emigrar destacam-se os baixos salários praticados em Portugal e a procura de melhores oportunidades de carreira.
Neste contexto, os complementos salariais desempenham um papel crucial na atração e retenção de profissionais. A oferta de benefícios adicionais, como prémios de desempenho, seguros de saúde e planos de formação contínua, pode aumentar significativamente a satisfação e lealdade dos colaboradores.
A diversidade e inclusão importam mais do que se possa pensar
Por outro lado, as políticas de Diversidade e Inclusão (D&I) podem revelar-se uma frente igualmente importante para as empresas. Num cenário em que os EUA estão a deixar de priorizar a pauta da inclusão, as empresas que o fizerem destacam-se e vincam uma posição crucial. A diversidade não é apenas uma questão de equidade: é uma vantagem estratégica que impulsiona a inovação, melhora a tomada de decisões e fortalece a resiliência organizacional.
Os números que o comprovam não são novidade e esta postura pode mesmo fomentar a fidelização de talento: 8,5 em cada 10 profissionais acreditam que espaços de trabalho diversos, além de mais produtivos, promovem também a inovação e a geração de novas ideias, segundo o Manpower Group.
Os lucros e rentabilidade não escapam à influência destas questões, uma vez que equipas de gestão diversificadas geram mais 19% de receitas, de acordo com um o Boston Consulting Group. As empresas identificadas como sendo mais diversificadas e inclusivas têm mesmo 35% mais probabilidades de ter um desempenho superior ao dos seus concorrentes, segundo a Mckinsey.
Quer o compromisso com a inclusão, quer os complementos salariais revelam uma tendência fulcral para as organizações: os trabalhadores estão atentos aos valores mais humanos do empregador e estes fatores não passam despercebidos. As organizações que quiserem reter talento qualificado devem priorizar estas questões.
Este artigo foi publicado na edição nº 29 da revista Líder, sob o tema Incluir. Subscreva a Revista Líder aqui.