Hoje, tratando-se de um texto de início de agosto e do fecho para férias, não vou falar de fogos, nem de Putin, nem de política, mas de uma coisa que ajuda a melhorar a vida. A ideia para o texto aconteceu por casualidade, como tantas vezes acontece: uma colega regressada da Noruega referiu a impressão que lhe havia deixado a biblioteca de Oslo. Poucos dias depois encontrei no Financial Times uma extraordinária peça sobre as mais belas bibliotecas do mundo. O texto, ricamente ilustrado, é um deleite visual. Ver, nem que seja numa foto, a biblioteca da cidade de Estugarda, a Biblioteca Alexandrina (Alexandria), o Forum Groningen, dá vontade de nos perdermos naqueles locais.
A leitura desta peça do FT trouxe-me aliás à memória um espaço de que há muito muito tempo não me lembrava: a biblioteca pública da Rua da Junqueira, que frequentava no tempo em que estudei na Escola Secundária Marquês de Pombal. Quando havia “furos” no horário, era habitual ir jogar matraquilhos ou dar um salto à biblioteca. Curiosamente, quando hoje me lembro do tempo que lá passei, a palavra que me ocorre é “paz”. Aquela biblioteca era um oásis de paz.
Na nossa sociedade digital, dir-se-á, já não são necessárias bibliotecas. Nada, creio, mais errado. Precisamos mais de bibliotecas para escapar à voragem dos estímulos. Para nos refugiarmos do bulício, do comércio, das pressas. Numa paisagem urbana onde mesmo encontrar um bom quiosque ou livraria já não é tarefa simples, precisamos ainda mais de bibliotecas. Não apenas de bibliotecas de regime, institucionais, mas de espaços de paz, onde possamos descansar a mente e o corpo. Com umas décadas de atraso, aqui fica o meu agradecimento às pessoas que me deram esse terceiro espaço sociológico nos velhos tempos da Marquês. Boas férias para quem vai de férias.