No mundo actual em rápida mudança e cada vez mais digital, todos os líderes estão a ser forçados a mudar a um ritmo cada vez mais acelerado para não ficarem para trás. E a velocidade da mudança vai continuar a aumentar. Todos os líderes e negócios que recusem a mudança ficarão pelo caminho, porque, neste momento, a evolução trata-se de uma questão de sobrevivência já que o mundo atualmente cresce ao ritmo da inovação e a exponencialidade da tecnologia é apenas mais uma ferramenta pronta a ser usada.
Neste contexto VUCA, que se alimenta de pandemias, conflitos armados e alterações climáticas, o verdadeiro empreendedorismo surge (não conjugo o verbo no futuro porque é uma tendência a que já estamos a assistir) a partir das tecnologias exponenciais. São elas o verdadeiro catalisador de novas ideias e do desenvolvimento de novos negócios. E, portanto, os próximos líderes a criar verdadeiro impacto serão os que conseguirem empreender neste novo contexto de mudança, aplicado à tecnologia e alicerçado pela Transformação Digital a que temos vindo a assistir nos últimos anos.
Nesse sentido, é legítimo dizer que a digitalização, entre outros factores, veio acelerar o processo de inovação nas empresas e atualmente é difícil conceber qualquer tipo de negócio que não tenha dependência de algum meio digital, quer seja no processo de criação de um produto, na sua promoção ou distribuição. Aliás, nas palavras de Eduardo Ibrahim (Speaker da SingularityU Brasil e expert em Economia Exponencial e Inteligência Artificial), “Não tem nada no mundo que possa ser digitalizado, que não será digitalizado”. Se associarmos esta inevitabilidade à exponencialidade do digital alcançamos um estado em que tudo nos é permitido e tudo é alcançável obrigando as novas lideranças a confrontarem-se com o dilema de empreender, gerando novos negócios para enfrentar problemas antigos ou intra-empreender (geralmente no contexto de grandes empresas) procurando novas soluções para negócios antigos.
Ora, esta exigência urgente de novos líderes em empreendedorismo é impulsionada pela necessidade de tirar partido da (r)evolução digital e do seu potencial para criar oportunidades quer para o indivíduo como para a comunidade. Num paralelismo com o cinema mais recente, esta nova liderança digital, principalmente nas gerações mais novas, está obrigada a empreender num contexto de “Tudo, em todo o lado, ao mesmo tempo” e dão-se bem com isso.
No entanto, os conceitos Nativo Digital e Mindset Digital não são exactamente idênticos, pelo que se torna crítica a necessidade de proporcionar aos jovens educação e formação nas competências necessárias para que possam ter uma voz activa no empreendedorismo motivado pelo Digital. Organizações como a NOVA School of Business and Economics, através do Haddad Entrepreneuship Institute e a própria SingularityU Portugal são um bom exemplo de um modelo que não só incentiva e apoia o empreendedorismo como dá destaque ao papel cada vez mais relevante da convergência das tecnologias exponenciais nos dias de hoje.
Finalmente, importa referir a crescente consciencialização por parte daquela que já foi apelidada de “GenTech” – nativos digitais entre 19 e 24 anos – da falta de diversidade de género e cognitiva nas organizações, dos problemas sociais e ambientais cujas consequências são imediatas nas suas vidas e da falta de alinhamento do mercado de trabalho entre propósito da organização e força de trabalho. Se atentarmos ainda ao facto de actualmente, a média de empregabilidade nas principais empresas tecnológicas ser inferior a três anos, percebemos rapidamente que todas estas divergências, aliadas à quase interação natural dos jovens com tudo o que é digital, está a forjar uma nova liderança que recebe e aceita o empreendedorismo como o caminho a seguir para mudar o mundo, apoiando-se no digital como pano de fundo desta nova realidade.