O empresário Tim Vieira considera que as PMEs em Portugal estão em modo sobrevivência. A propósito do Primeiro Fórum PME Magazine, realizado a 9 novembro em Lisboa, afirmou que as empresas “não conseguem pensar em sustentabilidade quando estão preocupadas em pagar salários. Todos os que trabalham numa PME têm de vender e o nosso Mindset tem de mudar, as pessoas vão e vêm, é o efeito boomerang”.
A conversa sobre o “Mindset das PME” juntou ainda Sandra Isabel Correia, Isabel Neves e José Maria Rego. Para Sandra Isabel Correia, “atualmente já não é suficiente estar fora da caixa, é preciso dar a volta à caixa. Os negócios só funcionam se trabalharmos em parceria. Tive de mudar o Mindset e de pensar internacional. É fundamental sermos ambiciosos.”
Já Isabel Neves comentou que “vivemos numa era em que basta uma empresa dar um espirro e o produto interno bruto oscila. Das 99% de PMEs, muitas são micro e não têm capacidade de fazer acontecer. Limitam-se a gerir o dia a dia. Nós temos muito talento, mas temos um país que não promove o empreendedorismo. Devíamos recorrer mais ao associativismo. Nós portugueses estamos viciados na dor e não sabemos vender Portugal”, concluiu.
José Maria Rego falou sobre o passo entre ter uma ideia e começar uma ação, que muitas vezes não acontece, e salienta que “tudo começa com a visão”. “Muitas vezes somos pessimistas e não criamos nada. É necessário avançar mesmo que apenas 10% avance e impacte na economia”, garantiu. A conclusão foi de que o Mindset dos gestores deve mudar, sair da vitimização, sem medo e com paixão, mas, saber viver com a incerteza.
Desafios das PME em 2023
O encontro arrancou com o tema “Os desafios das PME em 2023” que contou com a presença de José Esfola, CEO da Xerox Portugal, que referiu “que as pessoas estão em primeiro lugar. Se tratarmos bem as pessoas vão tratar bem o negócio”. Referiu que as empresas que fomentam políticas de bem-estar têm sempre uma maior receção, mas que os resultados não são tão visíveis e imediatos. Em relação à inovação, acrescentou que o ideal é “fazer parcerias para ganhar escala e criar valor nessa inovação. Nós (Xerox) em Portugal temos conseguido acrescentar valor e durar 106 anos na área tecnologia”.
Já Gustavo Barreto, Membro da Comissão Executiva do Grupo AGEAS Portugal, afirmou que “o tema da inovação é cada vez mais importante e, em Portugal, vimos um número grande de unicórnios e isso significa que temos empresários que pensam fora da caixa e que se renovam. Na AGEAS damos valor às empresas e fazemos eventos até fora das grandes urbes. A inovação para nós é primordial”. Acrescentou ainda que “em relação às empresas que sobreviveram à pandemia foram aquelas que tinham planos de risco a longo prazo e, por isso, permeamos essas empresas e outras que colocam este tema na agenda”.
A Chef Marlene Vieira, do restaurante Marlene, falou que “resolver um problema de cada vez é o segredo. Um gestor de equipa deve ser empático e ter maior sensibilização do que pode vir acontecer. Deve estar atento”. Em relação à internacionalização, apontou a importância de levar a bandeira de Portugal às costas. “Trago pessoas para dentro e elas mais tarde levam a comida portuguesa para fora. Antes de abrir restaurantes fora, devemos conhecer melhor a nossa cozinha”.
Desafios de Internacionalização
A Tecnimede e a Sumol+Compal apresentaram casos de sucesso, moderados por Margarida Ramalho, diretora executiva da Católica IBP – International Business Platform.
Miguel Ruas da Silva, responsável pela internacionalização da Tecnimede, disse que “as mudanças são cada vez mais abruptas. Em Portugal, as práticas são boas. Existem PMEs a competir com as grandes. Somos um país aberto com muito talento”. Contudo, realçou que não podemos reter talento, principalmente, o internacional. Acrescentou ainda a importância de se ter noção de que as parcerias devem ter um peso no processo internacional”.
O caso da Sumo+Compal foi apresentado por Luis Marques, também responsável pela internacionalização, que adiantou que “o mundo sempre esteve em mudança. “Tivemos disrupção das cadeias de abastecimento, crises, guerras e inflações. Estamos em mais de 50 países, mas apenas em 12 relevantes. Para nós a internacionalização é importante, bem como, consolidar a nossa presença e mitigar o risco. A história começou com uma PME e lá fora continuamos a ser uma PME e, por isso, temos de ter uma proposta de valor acrescentado”.
CEOs mais digitais de Portugal
Os CEOs da Delta Cafés, da Science4you e do Douro Azul foram reconhecidos como os mais digitais de Portugal.
Rui Miguel Nabeiro, Ceo da Delta Cafés, conquistou o primeiro lugar e revelou ser o próprio a gerir as suas redes de modo a estar “mais próximo de quem me segue e até mais autêntico. No passado tive quem me gerisse, mas o impacto não era o melhor”. No futuro, deseja continuar a gerir as suas redes sociais, porque acredita que é o caminho que a sua marca, que é de proximidade, deve ter para garantir uma maior autenticidade.
Em segundo lugar, Miguel Pina Martins, Ceo da Science4you, referiu que gere as suas redes a 95% e que tenta mostrar com autenticidade o que fazem. “A estratégia acima de tudo é divulgar um bocadinho aquilo que nós fazemos e tentar partilhar com as pessoas”. Acrescentou também que “atualmente, as redes sociais acabam por ter um ritmo muito interessante e são uma forma genuína de falarmos com quem gosta de nós”.