Há uns dias, referia em conversa uma brasileira residente em Portugal, que não podia sair à rua com uma blusa de certa cor porque era logo associada pela comunidade a um dos candidatos presidenciais. Mas, acrescentava, apenas escolhera a dita blusa porque a cor era bonita. Concluía dizendo que o problema é que, depois do “Fora Bolsonaro”, vai agora começar o tempo do “Fora Lula”.
Este é o problema dos sistemas políticos que estamos a construir: polarizados, baseados numa visão maniqueísta, carreada pelas redes sociais, um tema tratado por exemplo, a propósito das presidenciais brasileiras, em Lula: Biografia.
A política precisa de oposição, de tensão, de rivalidade. Mas dispensa a mentira, a busca dos segredos privados do lado adversário, o bota-abaixo desrespeitoso, a luta política na lama. Esta versão do combate é degenerativa; mata a capacidade de diálogo e o consenso.
Em suma, não vale a pena sacrificar a democracia em nome da sua versão futebolística. A derrota de Trump nas intercalares americanas poderá sinalizar que este estilo de fazer política está gasto. É tóxico e mata a democracia. O combate de ideias é bom, com respeito pelo adversário. A luta na lama serve para alimentar os populismos, mesmo quando diz que os quer combater.