Todos os dias temos de tomar decisões, das mais simples às mais complexas. A cada dia temos de decidir, provavelmente, milhares de situações; a maioria das quais nem racionalizamos – o nosso piloto automático reage e age, sem que isso seja percepcionado com consciência naquele momento. Uma vez que ninguém é perfeito, o ato de errar ao tomá-las é normal – ou devia ser.
O ambiente em que nos inserimos influencia totalmente o caminho escolhido. Estarão as decisões que tomamos diretamente relacionadas com o nosso estado mental e físico naquele momento? Diversas vezes dizemos que não se deve tomar decisões a quente…
Então, se existem tantas variáveis no momento da tomada de uma decisão, certamente decidimos de forma diferente consoante o momento. Hoje uma, amanhã talvez outra, e no dia seguinte ainda outra para o mesmo problema. Nenhum caminho é totalmente certo, porque a verdade única e totalitária não existe. Existe, antes, um conjunto de caminhos mais ou menos ajustados ao momento que vivemos, à nossa situação pessoal e/ou familiar, às nossas necessidades, às nossas ambições. Tantas condições para potenciar o erro…
“Failure is not an option” é uma frase que costumo ter comigo, visível no local onde trabalho. Será isto uma contradição a este artigo? À primeira vista, claro que sim, mas na realidade não é assim. Para mim, “Falhar não é uma opção” significa que todos os dias aprendo a ser melhor, a aceitar a falha e a crescer com ela. Significa que nunca desisto, mesmo perante as maiores adversidades, que mantenho o foco nos objetivos, sejam eles quais forem, que sei o caminho a seguir e que vou enfrentar muitos percalços para atingir o sucesso no final. “Falhar não é uma opção” significa que sei o que é falhar, que o aceito e que acordo melhor que no dia anterior.
Errar e errar novamente, sem tirar qualquer aprendizagem disso, torna-se apenas num problema no imediato que também não tem qualquer efeito positivo no futuro. O problema não deve estar no errar, mas sim no não melhorar.
Aceitar o erro é fundamental
Nas empresas, o ambiente deve ser propício a aceitar os erros e riscos nas tomadas de decisão conscientes, incentivando-se uma cultura de aprendizagem e autonomia constantes. Muitas empresas não toleram o risco; logo, não toleram o erro. A autonomia vem aliada à aceitação de muitos erros que surgirão, por isso cabe aos gestores, e às empresas como um todo, preparar bem os colaboradores para o erro e a aprendizagem diários. Tudo isto é essencial na criação de um ambiente em que as pessoas se vão sentir bem com a autonomia na execução das tarefas e o crescimento da responsabilidade nas decisões.
Por vezes, o medo de que alguém falhe e prejudique a empresa leva ao sentimento de aversão ao erro, de culpabilização e consequente desmotivação das pessoas. As empresas – que também são feitas de pessoas – têm de decidir que tipo de tarefas cada um está preparado para assumir mais autonomamente, sabendo que, por mais capacidades que tenham, o erro acabará por acontecer. Assim, é também fundamental que as empresas tenham uma estrutura que possa suportar as falhas, ajudando quem falha e, em paralelo, mitigando as consequências disso. O erro é um jogo de equipa em que não vale apontar o dedo – um dia ser-nos-á apontado de volta.
“Eu falhei mais de 9.000 lançamentos na minha carreira. Perdi quase 300 jogos. Vinte e seis vezes confiaram em mim para fazer o lançamento da vitória e falhei. Eu falhei várias vezes na minha vida. E é por isso que eu tenho sucesso,” disse Michael Jordan, antiga estrela de NBA.
Falhei. E agora? Aprendo e avanço. Falhei e falharei novamente. E então? Desde que consiga aprender algo novo com isso, falhar não deve ser um problema insolúvel. Quem nunca errou? Quem nunca comprometeu com grande impacto alguma atividade do dia de trabalho? E não aprendemos com isso? Então seguimos, melhoramos e tornamo-nos melhores, a cada dia, a cada erro. E nunca desistimos.
Falhei. E depois?