Definir felicidade não é fácil, mas uma coisa é certa, a felicidade é uma das principais motivações da vida humana e o principal combustível para tomada de decisão. Escolhemos o que à partida sentimos que nos fará mais felizes, assim como estamos sempre à procura de alternativa quando em contextos onde nos sentimos infelizes.
Aristóteles dizia que felicidade significa uma vida orientada por propósitos e significados, para Maslow a felicidade significa autorealização, ou seja, quando o indivíduo tem a possibilidade de ser aquilo que deseja, contribuindo essa realização para uma consciência de felicidade.
A felicidade é um estado psicológico positivo, duradouro, que nos dá significado, que nos motiva e nos faz mais otimistas, esperançosos e preparados para os desafios futuros. Sendo um estado psicológico não pode ser exigida ou impingida.
Deixando para outra altura todos os motivos nobres, a verdade é que a felicidade entrou no léxico das empresas pelos significativos custos que a infelicidade acarreta. Hoje à semelhança dos planos de bem-estar, as empresas associam cada vez mais à missão das suas marcas o conceito e propósito da felicidade, através da criação de departamentos, diretores e gestores que se assumem como os responsáveis pela gestão da felicidade dos colaboradores. O mercado tem também vindo a adaptar-se a esta tendência, com o surgimento de prémios e normas que pretendem recompensar e valorizar as empresas com uma cultura orientada tanto para pessoas quanto para resultados.
Só que empresas felizes não existem. Existem pessoas felizes. Pessoas felizes que trabalham em empresas nas quais têm recursos suficientes (internos e externos) para fazer o seu trabalho. Recursos técnicos, sociais e emocionais que por si irão contribuir para um maior sentido de pertença e significado, cuja experiência contribuirá também para uma melhor perceção de que a sua vivência na empresa é positiva, válida, útil e de contributo.
Só que a felicidade, também no trabalho é responsabilidade intransmissível e indelegável de cada indivíduo. Por ser uma emoção, é algo profundamente individual, para além de que cada um tem a sua crença e construção interna sobre o que acredita necessitar para ser feliz no trabalho, premissas que mudam com o ciclo vital da nossa história, idade e da integração das nossas experiências.
Às empresas, compete aos seus decisores executivos criar condições que aumentem a possibilidade de os seus colaboradores se sentirem úteis, válidos, energizados e motivados aumentando assim a sua perceção de experiência válida e o portofolio de emoções positivas do seu colaborador.
Como promover a felicidade do colaborador? Não é rocket science, sinto que muitas vezes nos perdemos na construção de receitas complexas e frameworks elaboradíssimos de intervenção, quando na realidade, muitas vezes, as empresas acabam por falhar nos básicos.
– Empatia para com o momento, a necessidade, a dificuldade do colaborador.
– Segurança, sobretudo psicológica, sem ambientes de pressão, toxicidade, assédio moral.
– Respeito, para com a sua individualidade e na construção de uma experiência que lhe permita ter vida além do trabalho.
Com estas premissas respeitadas, as empresas conseguem ter uma espinha dorsal forte para a sustentação de uma cultura orientada para a felicidade e bem-estar dos colaboradores. Tudo o resto, eventos, escritórios, perks, muitas vezes, não passam de puro fogo de artifício.