Um vetor importante do desenvolvimento e aquisição de novas competências pelas empresas é a formação executiva. Atualmente, as universidades oferecem formação executiva de qualidade e certificada, o que tem levado as empresas a apostarem neste tipo de formação. Em muitos casos, os cursos são standards, mas noutros a formação necessária assume um caráter muito específico, pelo que são criados curricula à medida.
As empresas, os empresários e outros destinatários da formação executiva podem assim encontrar no mercado de formação um portfólio de cursos diversificado e disponível em quase todas as universidades:
- Programas direcionados para determinados domínios do conhecimento, por exemplo, Gestão, Gestão de Recursos Humanos, Finanças, Marketing e Vendas, Estratégia, Gestão de Operações, Empreendedorismo, Liderança, Transformação Digital e Inovação, entre muitos outros domínios.
- Programas que são direcionados para setores específicos, como a Saúde, os Sistemas de Informação, o Turismo e a Hospitalidade, entre outros.
- Ofertas voltadas para determinado tipo de participantes, métodos de ensino ou pedagógicos, ou ainda por tipo de tecnologia utilizada.
A maior parte desta oferta de formação executiva assume ainda o formato tradicional presencial em sala de aula. Porém, a emergência da Indústria 4.0 e o impacto das tecnologias digitais na transformação organizacional começam a influenciar as escolhas de programas de formação executiva online, que poderá ser uma fusão dos dois formatos, fazendo com que os programas tradicionais incorporem componentes online e que combinem as principais vantagens de ambas as abordagens usando um modelo híbrido, mais fácil de implementar do que o modelo totalmente online.
É corrente a definição de formação online como sendo toda a atividade de aprendizagem que utilize, de forma significativa, tecnologias digitais, sendo cada vez mais uma aprendizagem interativa, na qual os recursos se encontram disponíveis online, estando, normalmente, assegurado o feedback automático das atividades de aprendizagem realizadas pelos alunos/formandos.
Efetuando uma pesquisa sobre formação online executiva encontramos desde MIT Sloan Executive Education, até Online Executive Education Programs da Stanford Graduate School of Business, passando também por Portugal, onde encontramos formação online no Instituto Superior Técnico, na Universidade Aberta, na Universidade de Coimbra, na Universidade Europeia, entre outras instituições de Ensino Superior.
Este formato está cada vez mais disseminado, pois os programas de formação executiva online permitem aos alunos/formandos uma aprendizagem personalizada, num qualquer lugar do mundo e com a flexibilidade de tempo necessária.
Os componentes estratégicos da aprendizagem online são: os contextos e metodologias de aprendizagem, para cursos orientados à autoaprendizagem e à aprendizagem colaborativa; os participantes, abertos aos diferentes contextos online; os conteúdos, preparados para autoaprendizagem; a tecnologia, orientada para vários tipos de contextos; a interação, adequada aos diferentes tipos de participantes e tendo em conta os contextos, a comunicação, a linguagem adequada aos participantes e aos objetivos da aprendizagem; e os sistemas de avaliação, rigorosos e transparentes de modo a avaliar os diversos elementos do processo de aprendizagem.
Analisando as maiores tendências na educação/formação online, pode identificar-se:
- Aprendizagem personalizada: personalização de programas que permitam definir diferentes percursos de aprendizagem, específicos às necessidades dos alunos.
- Gamificação: o uso de jogos na educação/formação permite aumentar o empenho e o comprometimento dos alunos/formandos com a formação. Os jogos podem ser usados para explicar conceitos, que de outra forma são considerados difíceis, ou para testar conhecimentos.
- Microlearning: engloba sessões de aprendizagem de curta duração (de 60 segundos a 20 minutos), o que facilita a concentração e o sucesso da aprendizagem.
- Vídeo-aulas: A aprendizagem por vídeo permite uma experiência completa, já que o vídeo pode incluir instruções, slides, animações, interação e possibilidades ilimitadas de acesso a dados, sendo o YouTube um canal privilegiado de aprendizagem.
- Mobile Learning: a aplicação dos smartphones à aprendizagem aumenta o alcance, a flexibilidade e a acessibilidade.
- Virtual Reality / Augmented Reality: permite criar um ambiente simulado, enquanto a realidade aumentada combina informações geradas por computador com situações reais, ambas criando ambientes e contextos facilitadores de aprendizagens.
- Social Learning: engloba modelos de aprendizagem social e colaborativa, através da facilidade de acesso e partilha de informação.
- Webinars: permitem a realização de seminários online para vários alunos/formandos, de forma fácil, e onde todos podem fazer perguntas, resolver problemas e participar em atividades de aprendizagem.
- Avaliação peer to peer: a educação/formação online permite um modelo de avaliação em que um aluno participa na avaliação de outro aluno e este método é também um processo de aprendizagem.
- Certificação: as universidades com maior prestígio e reputação estão a apostar na formação executiva online, reconhecendo as aprendizagens realizadas online e permitindo que os alunos obtenham qualificações reconhecidas profissionalmente.
Todas estas tendências nos recursos, nas práticas, nos conteúdos e nos sistemas de avaliação abrem novas dimensões ao processo de ensino-aprendizagem, não sendo um objetivo a eliminação da formação tradicional, mas antes um melhoramento das práticas pedagógicas, potenciando as oportunidades que as tecnologias disponibilizam para professores/formadores e alunos/formandos.
Por: Maria José Sousa, professora na Universidade Europeia e coordenadora da pós-graduação Gestão de Pessoas nas Organizações, da Universidade Aberta em consórcio com a Universidade de Coimbra