Num mundo corporativo em constante transformação, conceitos como liderança inclusiva, técnicas de inteligência emocional e empatia no local de trabalho deixaram de ser tendências para se tornarem pilares na construção de equipas saudáveis e produtivas.
Ana Marreiros, Head of Communication na Zurich Portugal, revela nesta entrevista como líderes empáticos, que fomentam o bem estar, estão um passo à frente na criação de ambientes de trabalho verdadeiramente sustentáveis, sem esquecer o papel crucial de uma comunicação eficaz, clara e transparente.
O que é para si a definição de uma liderança empática?
Uma liderança empática é aquela que é capaz de identificar, compreender e apoiar os sentimentos dos seus colaboradores.
Um líder empático não apenas reconhece as necessidades e emoções das suas equipas, como também age de forma a apoiar e incentivar um ambiente onde todos se sintam compreendidos, valorizados e comprometidos. Esta forma de liderança promove a confiança, a segurança psicológica, a colaboração e o bem-estar no local de trabalho, resultando numa maior motivação e produtividade.
Na sua perspetiva, que papel desempenha a inteligência emocional na comunicação interna e na motivação das equipas?
Ao facilitar uma compreensão autêntica e mais aberta entre colaboradores e líderes, a inteligência emocional é fundamental na comunicação interna, no estabelecimento de objetivos individuais e comuns e na motivação de cada colaborador e das equipas para os alcançar. Os líderes com alta inteligência emocional são capazes de reconhecer e gerir as suas próprias emoções, resolver conflitos, proporcionar feedback construtivo, bem como perceber e influenciar as emoções dos outros. Isto resulta numa comunicação mais clara, eficaz e empática, já que os colaboradores se sentem ouvidos e valorizados.
A inteligência emocional contribui também para um ambiente de trabalho positivo e de colaboração, que estimula a motivação intrínseca dos colaboradores, levando a um maior compromisso com os objetivos da equipa, que serão também os da organização. Em momentos de desafio ou mudança, a confiança e a segurança psicológica que foi anteriormente criada, vai contribuir significativamente e de forma natural para o foco individual e coletivo, coesão e resiliência das equipas. Mas não é só internamente que a inteligência emocional é fundamental, também o é na comunicação externa, no marketing e na publicidade.
De que forma a Zurich procura manter e balancear as aptidões emocionais e técnicas dos seus colaboradores?
Na Zurich, cada colaborador pode desenhar o seu programa de crescimento e desenvolvimento e implementá-lo com o apoio do seu líder e da Zurich. Para além da cultura de feedback contínuo, do compromisso com os ambientes diversos e inclusivos e das formações em competências técnicas, também disponibilizamos programas de coaching e mentoring e muita formação em power skills, presencial e online. Temos perfeita noção de que as power skills proporcionam crescimento profissional, mas também pessoal, daí a nossa aposta.
Temos também vários eventos presenciais e ações concertadas de bem-estar, como é exemplo a nossa app LiveWell by Zurich, disponível para colaboradores e para todos os portugueses, criada para que cada um de nós possa cuidar do seu bem-estar holístico nas diversas dimensões: física, mental, social e financeira. Temos ainda ações de voluntariado através da Missão Azul, o nosso clube de voluntariado. Este balanço é um dos nossos compromissos diretamente relacionados com a ambição de sermos um empregador de topo em Portugal e estamos muito satisfeitos pelos resultados que temos vindo a atingir: em 2024 e 2025 fomos considerados Top Employer e ficámos em primeiro lugar do People Engagement Awards.
Como se encontra o equilíbrio entre uma liderança baseada na empatia e a necessidade de tomar decisões difíceis?
Com conta, peso e medida e com muita humildade e honestidade. Só conseguimos um equilíbrio entre uma liderança empática e a tomada de decisões difíceis através da transparência, da comunicação aberta e tendo sempre em consideração o contexto, as necessidades e os sentimentos dos colaboradores.
Os líderes empáticos são capazes de tomar decisões difíceis, mas sempre com respeito e reconhecimento pelo impacto que essas decisões têm nas pessoas envolvidas. Na realidade, as decisões difíceis têm sempre um conjunto de análises e argumentos que as sustentam e os líderes empáticos sabem explicar exatamente e de forma clara os motivos por trás destas decisões, escutam as preocupações e comprometem-se em oferecer apoio durante os períodos de transição ou de mudança.
Como pode a comunicação ser um motor de inclusão e bem-estar nas empresas?
Na minha opinião, a base deverá ser, novamente, a clareza e a transparência. Uma comunicação eficaz garante que todos os colaboradores tenham acesso às informações relevantes, promove diálogos abertos e sinceros, e cria um ambiente onde as diferentes perspetivas são ouvidas e valorizadas. A comunicação inclusiva, que deve também fomentar sentimento de pertença, contribui para redução da incerteza, da ansiedade e do stresse, enquanto fortalece a união e a colaboração dentro das equipas.
‘As pessoas são o maior ativo de uma empresa’. Embora seja uma frase tantas vezes repetida, que caminho há ainda a fazer?
Sim, é uma frase amplamente reconhecida e “batida”, mas há que garantir que as práticas empresariais refletem verdadeiramente este valor. E convenhamos que é um caminho que nunca tem fim, já que o contexto à nossa volta está sempre a mudar e, com ele, as expetativas das pessoas.
Vejo esta frase com trabalho em duas frentes. Por um lado, as empresas têm de estar abertas a adaptar-se às necessidades em constante mudança dos seus colaboradores, criando políticas e culturas organizacionais que valorizem e protejam o bem-estar emocional de todos. Por outro lado, é fundamental que invistam continuamente no crescimento e desenvolvimento pessoal e profissional dos seus colaboradores, promovendo a diversidade e inclusão, proporcionando ambientes de trabalho saudáveis e apoiando o equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Só assim conseguiremos criar futuros brilhantes para todos.
Este artigo foi publicado na edição nº 30 da revista Líder, cujo tema é ‘Enfrentar’. Subscreva a Revista Líder aqui.