A Inteligência Artificial não veio substituir líderes, mas sim desafiá-los a evoluir. Alguns líderes são intencionais na aplicação desta ferramenta nas suas organizações, mas também na sua carreira. Com a utilização de modelos de IA bem parametrizados, podem receber insights hiperpersonalizados sobre o seu desempenho, identificar gaps de competências em tempo real e aceder a programas de aprendizagem contínua ajustados às suas necessidades.
A personalização do desenvolvimento de competências através da IA representa uma mudança radical na forma como os líderes evoluem. Ferramentas baseadas em machine learning podem mapear padrões de comportamento, analisar interações e sugerir estratégias concretas para melhorar a comunicação, a negociação ou a gestão de equipas. Em vez de programas de formação generalistas, os líderes podem agora aceder a recomendações específicas, ajustadas ao seu estilo de liderança e ao contexto organizacional em que atuam. Esta aprendizagem contínua e adaptativa permite um crescimento mais rápido, tornando a evolução de competências um processo dinâmico e não um evento pontual e, convenhamos, nem sempre valorizado.
Mas há um paradoxo: a IA exige dos líderes aquilo que não pode substituir – inteligência emocional, pensamento crítico e visão humanista. A tecnologia amplifica a capacidade de análise, mas é a autenticidade e a empatia que continuarão a ser diferenciadoras de líderes que inspiram as suas equipas. Afinal, dados não motivam pessoas; são as histórias, os valores e a visão que mobilizam equipas e criam culturas organizacionais fortes.
Longe vai o tempo em que acreditávamos que a desinformação justificava comportamentos desajustados, decisões pouco lógicas ou até pouco fundamentadas. Hoje, vivemos num contexto em que o volume crescente de informação disponível (e não a falta dela) é um obstáculo – vemos líderes a precisarem de reajustar a sua forma de decidir acomodando a necessidade sentida de filtrar, questionar e contextualizar os dados, evitando a armadilha da dependência cega da tecnologia. O papel da IA pode ser instrumental ao sugerir direções, mas dificilmente a substituir a decisão, pois cabe ao líder avaliar riscos (éticos e não só!), ponderar impactos a longo prazo e garantir que as decisões tomadas se mantêm alinhadas com o propósito da organização.
Assim, conclui-se que o executivo do futuro será aquele que souber utilizar a IA não como um atalho, mas como um potenciador da sua própria evolução. É certo que a liderança não é sobre máquinas, mas sim sobre as pessoas que sabem usá-las com propósito!
Este artigo foi publicado na edição nº 29 no suplemento Aprender da revista Líder, sob o tema Incluir. Subscreva a Revista Líder aqui.