Em Portugal, espera-se que a inflação desça consideravelmente em 2023, apesar de ainda assim não baixar para os valores de 2021.
O novo relatório da OCDE “Interim Economic Outlook” de setembro de 2022 faz um ponto de situação sobre a inflação no mundo e na Europa, atentando a crise energética, e fazendo recomendações para os governos lidarem com a crise mais eficientemente.
Qual o estado da Inflação no mundo, e em Portugal?
Prevê-se que a inflação chegue ao seu pico neste terceiro trimestre de 2022 em grande parte das maiores economias, mas espera-se que atenue no último trimestre do ano, e que assim continue em 2023 em grande parte dos países do G20.
Na Europa, cuja economia está a sofrer o preço da guerra com o aumento dos custos da energia, e em que politicas monetárias estão a surgir mais tardiamente do que nos Estados Unidos da América, vai-se continuar a ver a taxa de inflação mais alta.
Em Portugal, espera-se que a inflação desça consideravelmente em 2023, apesar de ainda assim não baixar para os valores de 2021.
O cenário muda bastante de país para país. A inflação está baixa e estável na China, enquanto no Brasil e México espera-se que desça, à medida que os aumentos das taxas de juro começam a ter efeitos. Na Turquia e Argentina, a inflação vai estabilizar e amenizar em 2023, apesar de continuar com níveis bastante elevados.
Pagar o preço da guerra
A guerra veio abalar por completo a vida dos europeus, com o custo de vida a aumentar significativamente, e os preços da energia a escalar para níveis até então nunca vistos, bem como do gás natural.
De acordo com o relatório, o preço da energia está alto, mas volátil, apresentando tendências para descer na Europa, permanecendo, no entanto, a níveis muito altos quando comparado com o início do ano de 2021, como se pode atentar no gráfico referente à Alemanha, um dos países que mais sofrerá este inverno com o corte do gás natural por parte da Rússia.
Além disso, com o custo de vida a aumentar, rapidamente chegaremos ao ponto em que a população mais vulnerável não terá dinheiro para comprar bens essenciais, já que o preço dos fertilizantes e dos alimentos aumentou exponencialmente este ano, mesmo que tenha tendência para baixar.
Recomendações
Ainda assim, terá de haver um esforço conjunto para reduzir a demanda de gás natural por parte da União Europeia e Reino Unido, que está já previsto com o programa REPowerEU, e em Portugal com o Plano de Poupança de Energia 22/23.
A OCDE recomenda, além disso, reforçar políticas monetárias nas economias mais avançadas para combater a inflação, e estímulos fiscais devem ser evitados. Os pacotes de apoios ficais devem ser ajustados às necessidades de cada país, e devem ser sustentáveis.
O foco, porém, deve estar na transição para energias verdes, para reduzir a dependência da Rússia, beneficiando de igual forma o meio ambiente com a redução do uso de combustíveis fósseis.
Para assegurar a segurança energética e ir de encontro às metas climáticas mundiais, acelerar os investimentos em tecnologias verdes e eficiência energética é a chave.