O Work Trend Index 2025 da Microsoft traça uma linha no chão: 2025 será um ano de corte, onde as organizações terão de repensar, reestruturar e reinventar o modo como operam. A inteligência artificial deixou de ser promessa para se tornar urgência — e quem não acelerar, arrisca-se a ficar para trás.
A maioria dos líderes está consciente da mudança que se aproxima
O estudo mostra que 82% dos líderes empresariais acreditam que o próximo ano será decisivo para reavaliar aspetos centrais da estratégia e das operações. A pressão é real: produtividade em queda, equipas exaustas e uma transformação tecnológica que não abranda.
Face a um cenário onde 80% dos colaboradores dizem não ter energia suficiente para corresponder às exigências do dia a dia, e onde a média de interrupções por e-mail, mensagem ou reunião ultrapassa os 270 sinais por dia, os gestores procuram soluções que tragam mais escala — sem exigir mais sacrifício humano.
Agentes inteligentes estão a entrar em cena — e a mudar tudo
Segundo o relatório, 46% dos líderes já estão a usar agentes de IA para automatizar processos ou fluxos de trabalho. É o início de uma nova composição laboral, onde humanos e máquinas partilham tarefas, decisões e responsabilidades.
As áreas mais avançadas neste processo são o serviço ao cliente, o marketing e o desenvolvimento de produtos. Mas o movimento não vai parar por aí: dentro de cinco anos, estima-se que 41% das equipas estarão a treinar agentes e 36% a geri-los — nascendo assim uma nova função: o gestor de agentes.
As ‘Frontier Firms’ já operam noutro nível
O relatório destaca um novo tipo de organização — as Frontier Firms, empresas que integram a IA no coração da operação, com uso avançado de agentes e uma crença clara no retorno do investimento tecnológico.
A diferença é visível: 71% dos colaboradores destas empresas sentem que as suas organizações estão a prosperar, contra apenas 37% no panorama global. Estas empresas estão a recrutar mais rápido, a inovar com mais consistência e a atrair talento que, de outra forma, se perderia no labirinto corporativo tradicional.
A IA como resposta à crise de escala e talento
Com a economia a apertar e o tempo humano a esgotar-se, a IA surge como a nova alavanca de crescimento. A sua escalabilidade permite às organizações ajustar-se à procura, sem que isso implique o esgotamento das equipas.
É aqui que entra a ideia de proporção entre humanos e agentes: qual é a composição ideal? Quantos agentes são precisos por tarefa? Que papéis continuam a exigir julgamento, intuição ou empatia humana? Saber responder a estas perguntas será determinante para o sucesso no novo paradigma laboral.
A corrida ao talento já começou — e passa pelas startups de IA
No LinkedIn, as startups de IA estão a contratar ao dobro da velocidade das grandes tecnológicas. Há uma migração real de talento para este novo ecossistema, onde a inovação é mais ágil, o risco é mais tolerado e o impacto é imediato. Estas empresas são o espelho da nova economia digital: menos estrutura, mais experimentação, e uma aposta clara na IA como motor de crescimento.
Copilot e a nova linguagem do trabalho
A Microsoft aproveitou para anunciar a segunda vaga do Copilot para Microsoft 365, com funcionalidades desenhadas para integrar IA diretamente no centro do trabalho diário.
Entre as novidades, destacam-se os agentes Researcher e Analyst, o Create com GPT-4o para design e conteúdos visuais, os Copilot Notebooks que transformam notas em insights, e uma nova experiência de pesquisa empresarial, Copilot Search, integrada com plataformas como Slack, Jira ou Google Drive.
Tudo isto reforçado por um Control System que dá aos departamentos de IT o poder de gerir o acesso a agentes com precisão cirúrgica.
A era da IA já começou — e redefine funções, carreiras e poder
A IA está a acelerar percursos profissionais — mas nem todos acompanham o ritmo. Enquanto 67% dos líderes já se sentem confortáveis com agentes, apenas 40% dos colaboradores dizem o mesmo. A desigualdade de literacia tecnológica ameaça acentuar o fosso entre quem lidera e quem executa.
Mas há também oportunidade: 83% dos líderes acreditam que a IA vai permitir aos colaboradores assumir responsabilidades mais avançadas, e 78% planeiam criar novos papéis ligados à tecnologia.
A revolução em curso é comparável à da internet: novas profissões, novas hierarquias, novas formas de criar valor. Estar preparado já não é uma vantagem — é a única forma de continuar a jogar.