O Gender Diversity Index 2020 (GDI), o estudo que analisa a representatividade de género nos conselhos de administração e nos cargos executivos das maiores empresas europeias, revela que as 600 empresas registadas no índice bolsista STOXX Europe de 16 países europeus, incluindo Portugal, têm progredido, embora lentamente, relativamente à igualdade de género. Contudo, revela grandes disparidades quando se observa individualmente cada país.
As empresas cotadas em bolsa da Noruega, França, Reino Unido, Finlândia e Suécia estão mais próximas de ter uma liderança equilibrada em termos de diversidade de género com as mulheres a assumirem cargos de gestão de topo. Mas as empresas da Polónia e da República Checa estão longe de ser equilibradas nas suas escolhas de liderança.
Os resultados, que foram anunciados no Gender Equality Awards 2020, evento que conta com a Professional Women’s Network Lisbon (PWN Lisbon) como parceiro estratégico em Portugal, mostram que o nosso país está em 13.º no ranking dos 16 países do STOXX Europe 600 abrangidos nesta análise.
Com uma pontuação de 0,44 no Índice de Diversidade de Género (IDG), que permite comparar países e empresas, esta pontuação é 0,12 pontos abaixo da média europeia e 0,30 pontos abaixo do ranking dos 45 melhores países.
Portugal tem uma pontuação inferior à média em quase todos os indicadores do índice, com pontuações especialmente baixas para a percentagem de mulheres com cargos executivos de gestão (14%) e mulheres em comités (21%), mais de 15% atrás do país com a pontuação mais alta.
Nenhuma das empresas analisadas em Portugal tem uma diretora executiva feminina, mas 6% das empresas têm uma mulher no conselho de administração. Apenas três (25%) empresas portuguesas (CTT, Jerónimo Martins e F. Ramadas Investimentos) têm um Índice de Diversidade de Género superior à média.
Além disso, quatro (33%) das empresas têm um índice inferior a 0,40. Duas das cinco maiores empresas de Portugal, a Corticeira Amorim e a Galp Energia, têm um IDG que é inferior ao GDI médio em 0,04 e 0,05 pontos, respetivamente. Os CTT não têm mulheres na liderança do conselho de administração, embora representem 60% dos cargos de direção e do comité de gestão.
Existem três empresas portuguesas que estão incluídas no ranking de diversidade de género de 2019 e de 2020, sendo que destas, duas melhoraram a sua pontuação no último ano; uma (Jerónimo Martins) viu a sua pontuação diminuir desde 2019; e a maior melhoria foi registada pela empresa EDP Energias de Portugal.
Para Mariana Branquinho, Board Member da PWN Lisbon, “a edição de 2020 do índice revela que Portugal está numa posição com espaço para melhorar a vários níveis. Para além do género, são hoje questões estruturantes a integração de diferentes gerações e culturas, o acolhimento de millennials, as competências-chave para a permanente mudança, os novos segmentos de negócio, o ambiente tecnológico, as condições de trabalho remoto e a gestão de equipas à distância.”
Igualdade de género na Europa
Olhando para 2020, não restam dúvidas de que a igualdade de género na liderança empresarial ainda está longe da realidade: 28% dos líderes empresariais em funções executivas e não executivas nas 668 empresas analisadas são mulheres; as mulheres representam apenas 34% de todos os membros da administração nas empresas analisadas.
A situação é pior a nível executivo, onde as mulheres representam apenas 17% de todos os líderes, no entanto, as empresas beneficiariam claramente da mistura. Apenas 42 (6%) das 668 empresas analisadas têm uma mulher CEO. Apenas 130 (19%) das empresas têm uma mulher em pelo menos um destes cargos: CEO, COO ou CFO.
Segundo o Gender Diversity Index 2020, as mulheres foram as mais afetadas pela pandemia, pela perda de postos de trabalho, mas também sofreram um maior stress por terem de combinar o trabalho doméstico com o acompanhamento escolar em casa e outras tarefas familiares.
Para Päivi Jokinen, a Presidente da European Women on Boards, iniciativa que identifica mulheres com maior adequação ao desempenho de cargos de gestão de topo, no público e no privado, “as mulheres são um grupo-alvo importante para as empresas.”
Segundo a responsável, “as suas necessidades e perceções podem muitas vezes ser muito diferentes das necessidades e perceções dos homens. Num ambiente heterogéneo com maior diversidade de pensamento, as perspetivas são alargadas e os riscos empresariais diminuem. Ao utilizar toda a força de trabalho com toda a sua capacidade, a Europa pode assegurar a sua competitividade na economia global.”