As empresas familiares enfrentam dificuldades particulares em ambientes económicos sujeitos a incerteza e a volatilidade provocadas por fatores externos, como, alterações políticas, crises financeiras, guerras comerciais, disrupções tecnológicas e pandemias.
Estes fenómenos, difíceis de antecipar e de controlar, criam pressões adicionais sobre a sustentabilidade a longo prazo, especialmente em estruturas orientadas por processos tradicionais e relações internas estáveis. A liderança torna-se determinante na definição das respostas estratégicas. A capacidade para combinar práticas de inovação aberta com o desenvolvimento de uma cultura empreendedora constitui um instrumento eficaz para antecipar, reagir e adaptar-se à imprevisibilidade.
A inovação aberta permite o acesso a conhecimento, recursos e competências externas, superando limitações internas e criando novas possibilidades estratégicas. O empreendedorismo organizacional favorece a agilidade na identificação de oportunidades e a flexibilidade na reconfiguração de modelos de negócio. A sucessão assume uma posição central neste processo.
A continuidade da empresa depende da preparação intencional das novas lideranças, da transferência progressiva de responsabilidades e da criação de uma cultura de gestão orientada para a renovação estratégica. A ausência de um plano estruturado de sucessão compromete a capacidade de resposta a choques externos e reduz o potencial de adaptação em contextos dinâmicos. A liderança atual deve assumir a incerteza como parte integrante da gestão.
Incorporar práticas de inovação aberta, fomentar o espírito empreendedor interno e preparar ativamente a sucessão são movimentos que reforçam a resiliência organizacional. Esta abordagem permite transformar a imprevisibilidade num processo contínuo de aprendizagem e de renovação.
Evidências da literatura especializada e casos concretos demonstram que as empresas familiares que adotam estas práticas apresentam maior capacidade de sustentação em períodos de elevada incerteza. A liderança que reconhece a importância da sucessão estruturada e da abertura estratégica posiciona a empresa num caminho de adaptação, crescimento e continuidade.
O controlo sobre os fenómenos externos é limitado. A escolha consciente da forma de resposta permanece uma responsabilidade exclusiva da liderança. Preparar a sucessão e fomentar a inovação interna não são reações circunstanciais, mas decisões estratégicas que moldam a trajetória futura da empresa familiar.