O Mundo tem presenciado um crescimento sem precedentes de milionários, que nunca reuniram tanta riqueza como nos dias de hoje. Os EUA lideraram o crescimento da população de milionários em todo o mundo em 2024, com mais 562.000 indivíduos, perfazendo um total de 7,9 milhões de pessoas.
O ‘World Wealth Report 2025 do Research Institute’ da Capgemini revela que o número de milionários em todo o mundo aumentou 2,6% em 2024. Naquela que é a sua 29.ª edição, o estudo revela que este crescimento foi impulsionado pela subida do número multimilionários, que cresceu 6,2%, graças ao desempenho dos mercados bolsistas e do otimismo gerado em torno da IA, refletidos num forte incremento da rentabilidade das carteiras de investimento.
O estudo mostra igualmente que os investimentos alternativos, como as private equity e as criptomoedas, representam agora 15% dos portfólios dos milionários. Esta nova geração está disposta a assumir mais riscos para aumentar as suas fortunas, com 61% dos milionários das Gerações Millenial e Z a focarem os seus investimentos em classes de ativos com maior potencial de crescimento e em produtos de nicho.
Desempenho positivo do mercado bolsista nos EUA impulsionou criação de riqueza
O ambiente favorável das taxas de juro conjugado com o forte desempenho do mercado bolsista norte-americano contribuíram para a criação de mais riqueza em 2024. A América do Norte registou os maiores rácios de crescimento, com a população de milionários a crescer 7,3%.
Em comparação, a Europa, a América Latina e o Médio Oriente registaram quebras devido aos desafios macroeconómicos que experienciaram neste período. No final do ano passado, a Europa registou um decréscimo de 2,1% dos milionários, devido à estagnação económica registada nos principais países.
O Reino Unido, a França e a Alemanha perderam 14.000, 21.000 e 41.000 milionários, respetivamente. Contudo, a população de multimilionários na Europa aumentou 3,5%, refletindo uma maior concentração da riqueza. A população de milionários na Ásia-Pacífico aumentou 2,7%, com grande variabilidade entre os vários países da região. A Índia e o Japão tiveram ambos um aumento de 5,6%, com mais 20.000 e 210.000 milionários, respetivamente. A China, por outro lado, teve uma quebra de 1,0%.
A América Latina sofreu uma quebra de 8,5%, devido à desvalorização cambial e à instabilidade fiscal vividas ao longo do ano. O Brasil e o México registaram as maiores descidas: -13,3% e -13,5% respetivamente. O Médio Oriente registou uma diminuição de 2,1% no número de milionários, devido à queda dos preços do petróleo.
Nova geração de milionários procura empresas de gestão de patrimónios alinhadas com as suas prioridades de investimento
As empresas de gestão de patrimónios estão a preparar-se para uma nova era dominada pela transferência das fortunas, que se estima que venha a ascender aos 83,5 biliões de dólares nos próximos 20 anos, criando uma geração de novos milionários.
O estudo indica que esta transferência ocorrerá em três fases: 30% dos milionários herdarão as suas fortunas até 2030, 63% até 2035 e 84% até 2040.
«Esta grande transferência dos patrimónios será um momento determinante para o setor. Apesar do crescimento global que as fortunas têm registado, 81% dos herdeiros revelaram que planeiam mudar de empresa de gestão de património no prazo de um a dois anos após receberem a herança. Perder estes clientes insatisfeitos representa um risco significativo para o setor», afirmou Kartik Ramakrishnan, CEO da Financial Services Strategic Business Unit da Capgemini e Executive Board Member do Grupo.
«A nova geração de HNWIs tem expectativas muito diferentes das dos seus predecessores. É necessário que o setor abandone as estratégias tradicionais para satisfazer as novas necessidades destes clientes. As empresas de gestão de patrimónios/fortunas devem também dotar os seus consultores com os recursos e as competências digitais necessárias, possivelmente suportadas por IA generativa ou IA agêntica, para mitigarem o risco de perder clientes e colaboradores», sublinha.
Empresas de gestão de patrimónios precisam de se reinventar para atrair a nova geração de milionários
O estudo destaca igualmente quais as áreas onde as empresas de gestão de patrimónios devem inovar:
- Private equity e criptomoedas: 88% dos consultores observam que há um maior interesse por este tipo de ativos pela parte dos jovens milionários e por comparação com os baby boomers;
- Novos centros de depósitos de ativos no estrangeiro: 50% dos consultores consideram que a falta de presença registada nos grandes centros emergentes (Singapura, Hong Kong, EAU e Arábia Saudita) vai levar os clientes a procurarem alternativas;
- Serviços personalizados: serviços de conciergerie (viagens de luxo, cuidados médicos e proteção contra ciberameaças) são os mais valorizados;
- Interações digitais: plataformas digitais com visão holística do cliente e insights acionáveis são vistas como a funcionalidade mais importante, seguidas da automatização inteligente das tarefas operacionais.
Falta de apoio aumenta risco de consultores mudarem de empresa
Um em cada três consultores de gestão de património está insatisfeito com a falta de recursos digitais existente nas suas empresas, o que consideram que prejudica a sua produtividade e cria um fosso tecnológico. Além disso, 62% dos milionários da nova geração afirmam que seguiriam o seu consultor se este mudasse de empresa. Estes aspetos refletem-se diretamente nos níveis de fidelização, num ambiente onde os consultores se debatem para se relacionarem com estes clientes nativos digitais.
A escassez de talento deverá também vir a afetar o setor: um em cada quatro consultores planeia mudar de empresa nos próximos 12 meses, e 20% deverão reformar-se até 2035 (48% até 2040).
A indústria da gestão de patrimónios precisa de reinventar os seus produtos, com opções de investimento personalizadas para os milionários da nova geração. As empresas devem oferecer aos seus consultores experiências digitais intuitivas em todos os canais, conclui o estudo.
O ‘World Wealth Report 2025’ abrange 71 países, representando mais de 98% do rendimento nacional bruto global e 99% da capitalização bolsista mundial. O ‘2025 Global HNW Insights Survey’ da Capgemini inquiriu 6.472 indivíduos com elevado património (HNWIs), incluindo 5.473 da próxima geração de HNWIs, em quatro regiões: Américas, Europa, Ásia-Pacífico e Médio Oriente.
O ‘2025 Wealth Management Executive Survey’ compreende 141 respostas de 10 mercados, incluindo as de representantes de empresas exclusivamente dedicadas à gestão de patrimónios, bancos universais, corretoras independentes e family offices. O ‘2025 Relationship Manager Survey’ foi realizado pela Phronesis Partners e contém 1.306 respostas provenientes de 12 mercados.