A subnutrição é um problema global que envolve não só a falta de comida, como dietas pobres em nutrientes, que abrange a esfera económica, política e humanitária. É consensual que todos devemos ter acesso a uma alimentação nutritiva, no entanto, os obstáculos para a sua execução são dominantes: desde a Guerra na Ucrânia, à Pandemia e alterações climáticas, com a atual crise nas cadeias de fornecimento.
O impacto da alimentação no meio ambiente é inegável, e é certo que uma mudança tem de acontecer. “O consumo global de frutas, vegetais, frutos secos e legumes vão ter de duplicar até 2050, se queremos mudar para dietas saudáveis, e alimentos como carnes vermelhas e açúcares têm de ser reduzidos em mais de 50%” afirma Walter Willett da Universidade de Harvard, no “Summary Report of the EAT-Lancet Commission.”
Estudos sugerem que dietas ricas em alimentos “plant-based” e com poucos produtos de origem animal podem incrementar as metas de sustentabilidade, reduzir o risco de doenças cardiovasculares, e as emissões de gases com efeito de estufa serão diminuídos.
Nancy Brown, diretora executiva da American Heart Association, partilhou no World Economic Forum (WEF) uma nova iniciativa para a resolução do problema da acessibilidade a um sistema de alimentação nutritivo global, o Period Table of Food Initiative (PTFI), baseado em investigações científicas para a sustentabilidade da agricultura e sistemas de alimentação.
A realidade é que o conhecimento científico dos alimentos hoje é muito reduzido: apenas 150 componentes bioquímicos são conhecidos e analisados, o que representa uma fração mínima dos milhares de bioquímicos presentes nos alimentos. O objetivo do PTFI é criar um atlas de milhares de alimentos representativos da diversidade geográfica e cultural do mundo.
Esta análise vai permitir que as pessoas tenham dietas mais equilibradas e, consequentemente, uma melhor saúde; irá fornecer informação científica de como a saúde do solo contribui para o valor nutricional dos alimentos, e vai criar fontes de proteína alternativas para iniciar uma transição para dietas mais focadas em alimentos “plant-based”.
Em conjunto com diferentes países, esta ferramenta e a sua base de dados pode “mudar o jogo”. Assim, os diferentes governos, segundo o “Eat-Lancet Report on Healthy Diets from Sustainable Food Systems”, podem adotar 5 estratégias para transformar o sistema de alimentação global:
- Procurar compromissos internacionais e nacionais para a mudança para dietas saudáveis;
- Reorientar as prioridades da agricultura: da produção de grandes quantidades de comida, para a produção de comida saudável;
- Intensificar de forma sustentável a produção de alimentos para aumentar a produção de alta qualidade;
- Um governo dos terrenos e dos oceanos forte e coordenado;
- Cortar em pelo menos metade o desperdício alimentar.