“Se pensarmos do ponto de vista da saúde emocional dos indivíduos e das organizações, é muito difícil que ela exista se não tivermos um ambiente e uma cultura de inclusão, onde todas as pessoas sejam aceites por aquilo são”, diz Margarida Cardoso, Manager People & Culture Portugal da Tabaqueira acrescentando que se um colaborador se inserir num ambiente em que pode dar o seu contributo, é benéfico não só para si, como também para a organização.
Inclusão, diversidade e a saúde dos colaboradores estão intimamente relacionados, e Margarida Cardoso esteve em palco com Nuno Troni, Diretor na Randstad para conversar sobre “A Excelência na Inclusão e Diversidade”, um encontro moderado pela jornalista Catarina Marques Rodrigues, no âmbito do evento Leading People International HR Conference, “Act now for Human Health”.
Para além disso, equipas mais diversas e inclusivas estimulam o conflito, que não é algo necessariamente negativo. A verdade é que a partir do conflito gera-se a inovação, e muitos países aceitam e abraçam esses desafios, enquanto em Portugal ainda existe um olhar pejorativo. “A diversidade traz conflito porque traz perspetivas diferentes, modos de estar diferentes. A diversidade e o conflito é algo altamente construtivo, faz uma equipa e uma empresa avançar”, acrescenta a responsável da Tabaqueira.
Já nos processos de recrutamento, a situação é diferente: as empresas multinacionais, por norma, têm já instituídas políticas de diversidade e inclusão, um fator em conta ao procurarem novos colaboradores, pedindo 50% de candidatos homens, e 50% de candidatos mulheres. Mas 99% das empresas não prevê na agenda esse tipo de critérios, explica Nuno Troni.
“Há empresas que efetivamente dizem que não querem mulheres com mais de 45 anos, ou mulheres na casa dos 30 anos porque podem engravidar. Também há muitas em que isso já nem é permitido”, afirma o diretor da Randstad. A exclusão de pessoas mais velhas no mercado de trabalho continua a ser uma questão a desmistificar, e o responsável complementa: “não há nenhuma razão efetiva que prove que uma pessoa de 50 anos é menos produtiva que uma pessoa de 30.”.
As mulheres continuam a ser discriminadas nos processos de recrutamento, mas também dentro das organizações. Margarida Cardoso confidencia que estão sujeitas a microagressões no quotidiano, no ambiente de trabalho, e que ela própria já foi vítima de comentários por parte de colegas quando foi mãe. “Eu era uma pessoa que, erradamente, tinha por hábito estender o meu horário de trabalho. Quando tive o meu primeiro filho tive de rapidamente mudar isso. Recordo-me que passei a sair “à hora” e ouvia piadas: ‘Mas já vais? Hoje só fazes um turno?’. Estas piadas não são dirigidas a homens.”
Apesar de tudo, as organizações têm tido as questões de inclusão e diversidade em consideração: em 2021 a Tabaqueira tinha 40% de mulheres em cargos de gestão, e a Randstad Internacional com 50% de mulheres em posições de chefia, o que mostra que tem efetivamente havido algum progresso. As revisões anuais salariais são já uma realidade, nomeadamente na Tabaqueira.
Sobretudo, é necessário que as lideranças estejam sensibilizadas para esta discussão, e que percebam que organizações mais diversas, e inclusivas, que promovam um ambiente seguro beneficiam não só os seus negócios, como a saúde mental dos colaboradores.
Por Denise Calado
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