O que pensa quando ouve a palavra Metaverso? ‘Futuro’ ou ‘Inovação’ são possibilidades, mas a verdade é que o Metaverso está já bem presente – mais do que pensa.
Para falar das oportunidades deste espaço digital, Tharso Vieira, Head of Practical Innovation da Capgemini marcou presença na 5ª edição do Building the Future, o evento português de transformação digital organizado pela iMatch e pela Microsoft.
Os videojogos são a escolha óbvia, mas podemos ir mais além
Como é jogar no Metaverso? “Estamos dentro do jogo, a conversar com alguém em tempo real, no mesmo mundo e interface”, comenta o Head of Practical Innovation. O gaming é a área óbvia para o metaverso, e uma das mais ricas: “hoje em dia há mais dinheiro no setor do gaming do que a indústria do cinema e música juntos”
O desafio é sair das áreas mais óbvias e partir para o retalho, educação, saúde, onde os óculos de realidade virtual ou realidade aumentada podem mudar a vida das pessoas.
Compraria um sofá sem se sentar nele?
Hoje qualquer pessoa pode fazer compras online. Precisa de um teclado novo? Encomenda pela internet; Quer oferecer uma varinha mágica? O computador resolve. Mas já considerou comprar um sofá pela internet, sem poder sentar-se nele e avaliar todas as suas componentes, ou fica com dúvidas se o fizer?
Com o Metaverso, no futuro vai poder “usar óculos de realidade virtual, ou realidade aumentada, vai conseguir aproximar-se do móvel, medir, ver as texturas. Isso vai melhorar a sua experiência”, acrescenta Tharso Vieira.
Isto é uma oportunidade de investimento e parcerias: se quiser construir uma casa, pode entrar no Metaverso e ter acesso a parcerias entre empresas de construção e de venda de móveis, “e assim consegue imaginar a testar toda a sua mobília dentro do apartamento, sem que ele exista ainda”, diz.
A Moda como nunca a viu
A Tommy Hilfiger procurou a Capgemini há um ano para criar um evento no Metaverso para lançar uma coleção de roupa. Fez-se uma planta do edifício virtual e “a partir da segunda reunião passamos a fazer todas as reuniões no metaverso. Era como se todos os dias a equipa estivesse a visitar um prédio em construção. Ver o prédio a ser construído, a crescer, ao vivo, é uma experiência verdadeiramente enriquecedora”, conta Vieira.
Mas não é tudo um mar de rosas: a coleção só pode ser lançada com camisolas e casacos, porque os avatares não tinham pernas ainda. “Hoje os avatares ainda parecem muito cartoons, mas vemos que estão a desenvolver-se de uma forma muito rápida”, comenta.
Hoje já existem pernas, e já se parecem mais com pessoas, e será uma questão de tempo até termos avatares “hiper-realistas”, e quando isso acontecer, será possível experimentar em sua casa todas as roupas de uma marca, adaptadas ao seu corpo ou avatar. O orador afirma que “está perto de acontecer”
Vamos mais além
E ir ao supermercado no Metaverso? Teria o seu carrinho, empurrado por si, visitava os corredores, e ia para a fila para pagar. Parece apelativo? Provavelmente não. “Essa ideia não faz muito sentido na minha cabeça, à partida, mas é um use case que precisa de ser testado”
Teste é a palavra-chave no que toca o Metaverso. Há realidades que estão ainda distantes, e que à partida podem não fazer sentido, mas se nada for testado, não haverá inovação. “Também achava que ninguém quereria ver vídeos na internet quando o Youtube foi comprado pela Google. A conexão era má, quem é que ia perder tempo a tentar criar vídeos para subir no Youtube? Quase tenho vergonha de dizer isso, mas foi uma aprendizagem”.
Então, devo entrar no Metaverso?
Essa pergunta é feita com frequência a Tharso Vieira. Como tal, este apresenta alguns motivos para não o fazer:
– “Porque todos falam disso – Se é essa a sua razão, mais vale não entrar”
– “Para vender mais – O metaverso vai ser uma ferramenta incrível, no futuro. Se o seu objetivo é vender mais no próximo trimestre, pense noutras alternativas”
– “Para posicionar a minha empresa como inovadora – eu acho legítimo as empresas usarem o Metaverso para fazer PR. Acontece que se a sua organização não é inovadora, fazer uma ação de metaverso não vai mudar essa perceção do cliente. Se a sua empresa é inovadora e tem esse ADN, não estaria a fazer essa pergunta, já estaria lá”, conclui.