Arrancou a ESG Week 2022, uma iniciativa da APEE – Associação Portuguesa de Ética Empresarial, que até sexta-feira promove o debate dos grandes temas da Sustentabilidade, enquadrados no domínio ESG – Environmental, Social e Governance. Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal, marcou hoje a primeira sessão do evento, sob o tema “A inovação como driver para a economia circular”, com a talk “Turismo, uma força para o bem”. A que acrescenta: “Queremos que o turismo seja o motor da economia circular”.
A prioridade hoje, para o turismo, é recuperar os números de 2019. “Em 2020 decidimos lançar um catalisador da nossa sustentabilidade. Nós precisamos de acelerar a transformação e a transição ambiental, mas também da valorização da nossa sociedade.” Para isso, há um compromisso que atravessa 4 eixos – a estruturação de produto sustentável, a qualificação dos recursos humanos (escolas do turismo de Portugal e academia digital têm a sustentabilidade e o digital dentro de todos os seus cursos), a promoção de Portugal enquanto destino sustentável (promover empresas que são líderes na área da sustentabilidade) e monitorizar o que é feito no território.
A aceleração e incorporação dos fatores ESG (Environmental, Social & Governance) nas empresas de turismo é um dos principais objetivos a alcançar, para que estes princípios estejam na base do ADN das empresas do setor. Luís Araújo vê este objetivo não como “uma pedra no sapato”, mas sim como um investimento no futuro, que apela às boas práticas sociais, de governança (da organização e políticas empresariais) e ambiental.
“Quando falamos em economia circular, o turismo tem de ser a base”, reforça o orador, referindo que a utilização do território é não só o campo de trabalho, mas também o que os permite crescer.
A Estratégia de Turismo 2027 visa que o turismo potencie o desenvolvimento económico, social e ambiental no território nacional, tornando Portugal um dos destinos mais competitivos e sustentáveis do mundo. A estratégia é guiada por 3 eixos orientadores: a sustentabilidade (criar um turismo sustentável, mais responsável), o digital (reforçar a digitalização da atividade e adotar iniciativas que conduzam um maior acesso de meios e tecnologias que melhore o ecossistema), e o foco nas pessoas, tanto turistas como colaboradores e residentes. “O foco é claro: a preservação do planeta”, declara Luís Araújo.
Após dois anos pandémicos, agora é o momento certo para criar o turismo do futuro, que passa por toda a cadeia de valores do setor do turismo “que vai desde a oferta, aquilo que é a construção de um hotel, que tipo de materiais se usam, passando pela formação, pela promoção, até chegarmos à atitude do turista”.
O turismo em Portugal é indispensável para a economia, já que é o responsável pela criação de emprego, pela distribuição de riqueza pelo território nacional e conta com o apoio imprescindível de incontáveis microempresas do setor. Atingiu o seu pico em 2019, o melhor ano turístico de Portugal, crescendo em mais de 60% em receita comparado com os 4 anos anteriores, representando cerca de 10% do PIB nacional.
Com o aparecimento da Pandemia, o turismo tornou-se estático, a pedido da saúde, que assim o exigia. “A diferença entre nós e a saúde é uma questão de tempo e de espaço. Tempo porque cada dia que passava era um dia em que a saúde ganhava, era um dia que o turismo perdia. A noite que passa é uma noite que o hotel perde. E era uma questão de espaço precisamente pela questão da mobilidade: a saúde precisava que estivéssemos quietos, e o turismo precisa de movimento”, afirma Luís Araújo.
Face às adversidades, o presidente do Turismo de Portugal, realça que uma mudança de estratégia foi essencial para a sobrevivência do setor, e o meio digital foi a bengala que sustentou o turismo em queda. O “turismo para o bem” foi o mote de campanhas que chegaram a mais de 170 milhões de pessoas pelo mundo, que convergiu a publicidade do destino com soluções sustentáveis portuguesas: se publicitam a costa portuguesa, mencionam a recuperação de material e de resíduos que foram para o mar.
A atitude do turista, refere, é crucial. Para termos um planeta melhor, é necessário que haja um turismo e turistas melhores, daí a vertente pedagógica e de atitude ser de tamanha relevância.
Para trabalhar nesse sentido, o Turismo de Portugal lançou a primeira campanha que utilizou imagens de todo o mundo, e não exclusivamente de Portugal, porque a crise climática não é um problema só de Portugal. Estimula-se assim uma procura melhor, que fique mais tempo e que preserve o património.
Por Denise Calado