Não é a mesma coisa agir por escolha e por obrigação. Frequentemente, o “eu preciso” de algumas pessoas é o “eu quero” de outras. Por exemplo, alguns vão ao ginásio por uma questão de prazer e descontração, enquanto outros o fazem porque sentem a obrigação de se exercitar apenas para cuidar da figura e manter a forma. No entanto, são poucas as ocasiões em que paramos para pensar nesta reflexão e na importância das nossas palavras, bem como nas mensagens que enviamos a nós próprios.
“Tenho de”
O nosso quotidiano é geralmente cercado de muitos “eu tenho de”. São obstáculos e estão relacionados com sentimentos de raiva, tristeza, frustração ou bloqueio. O pensamento “deveria” ou “deve” refere-se à transformação de escolhas pessoais, desejos ou preferências em absolutos universais. “Isto geralmente é feito pensando em palavras e frases como “deveria”, “deve”, “é necessário” e “tem de”. Quando usamos este pensamento, focamos a nossa atenção nos aspectos indesejáveis de um problema ou situação, no incómodo que isso nos causa, ao invés de encontrar soluções possíveis ou abordar a tarefa com a melhor das atitudes.
A expressão ‘”eu tenho de” denota uma clara falta de motivação e um significativo fardo de obrigações e as suas consequências podem ser muito negativas.
- Perdemos parte do contato com a realidade;
- Emocionalmente, os níveis de ansiedade podem aumentar à medida que deixamos de cumprir a nossa “obrigação”;
- A frustração surge quando percebemos que, por mais que pensemos que “temos de”, há coisas que estão fora de controle;
- Num nível pessoal, sofreremos um enorme desgaste para alcançar as coisas que “temos que fazer” e alcançar o perfeccionismo;
- Concentramos a nossa atenção nos aspectos indesejados e não podemos ver os desejados;
- Podemos prejudicar a nossa auto-estima por não fazer o que “temos que fazer”;
- Faz com que analisemos a vida em termos absolutos: tudo ou nada, bom ou mau, preto ou branco.
“Quero”Diante da raiva, tristeza e impotência do “eu preciso”, encontramos o alívio, a tranquilidade, a força e a segurança que o “eu quero” veicula. Embora não seja fácil livrar-nos do “tenho de fazer”, muito presente nos nossos dias, é muito mais fácil assumir a responsabilidade de um “quero”. São ações que escolhemos livremente, que nos motivam e que sabemos que terão um impacto positivo em nós mesmos. Isso não significa que os objetivos sejam simples, mas sim que a nossa atitude para alcançá-los ou enfrentá-los será muito diferente de quando é uma imposição.O querer reflete o nosso desejo de fazer ou alcançar algo e a nossa predisposição para agir será muito mais positiva. Aplicar uma linguagem diferente e mais positiva pode mudar o sentido de nossas emoções e ser uma das chaves para o nosso bem-estar. Se tentarmos mudar o “eu tenho de fazer” pelo “eu quero”, não apenas toleraremos melhor as nossas ações, mas também as dos outros.