“Existe um mercado que é ESG. Temos de aceitar mutações, desafios e lideranças. As empresas ou são abertas ou morrem”, afirma Eduardo Moura, Diretor adjunto de Sustentabilidade da EDP, no âmbito da ESG Week 2022, que decorreu na passada semana em Lisboa.
O encontro entre as empresas na sessão “ESG – Desafios e Oportunidades para as Organizações”, marcou o evento da iniciativa da APEE – Associação Portuguesa de Ética Empresarial, que ainda juntou Paula Guimarães, Sustainability Manager da The Navigator Company, Fernando Leite, Administrador-Delegado da LIPOR e Roberta Medina, Vice-Presidente Executiva do Rock in Rio, com a moderação de Daniel Moreira da APCER (Associação Portuguesa de Certificação).
É irrefutável: a temática ESG – Environmental, Social e Governance veio para ficar, e as organizações têm necessariamente de se adaptar e adotar novas abordagens nesse sentido. “As empresas não podem ter uma perspetiva umbilical, de olhar só para o seu umbigo, é preciso compreender e olhar para todo o enquadramento.” Refere a Sustainability Manager da Navigator, que resume a atitude que as organizações devem ter perante o desafio ESG.
O Rock In Rio começou a entrar no pilar ambiental em 2006, afirma Medina. “O cidadão comum foi ensinado a consumir, consumir e consumir. De repente acordamos um dia e dizem-nos ‘não é bem assim’”. A Vice-Presidente executiva partilha que a sua organização está já a criar estúdios de cadeia produtiva em que a discussão de ideias é a base, para poder acelerar os processos de ESG. Uma pergunta impera a sua intervenção: “Porque é que demoramos tanto tempo a reagir?”
Na LIPOR, uma empresa que pertence ao setor público, os problemas e desafios são oriundos precisamente pelos condicionamentos da administração pública, que não está preparada para gerir o negócio. Ainda assim, Fernando Leite confirma que a empresa de tratamento de resíduos tem conseguido, com sucesso, gerir de maneira profissional e responsável os seus próprios objetivos e a valorização do capital humano.
No que toca ao fator ambiental, a organização do Grande Porto aplicou os critérios ESG mudando radicalmente a sua estratégia, de forma a tornar-se muito inovadora em termos europeus. Recentemente lançou um guia relativo à biodiversidade que demonstra como a LIPOR conseguiu, enquanto passivos ambientais, intervir, e recriou todo um ambiente onde já têm mais de 40 espécies que já nasceram e vivem nesse ecossistema.
No que toca à promoção da biodiversidade, Paula Guimarães afirma que é um dos desafios da Navigator gerir a floresta. Nesse sentido, comenta “o planeta não estica”, adicionando que a empresa está a trabalhar no sentido de produzir matérias-primas renováveis e de base natural, que são cada vez mais importantes para substituir as de origem fóssil. “A floresta serve propósitos de conservação da biodiversidade, e é preciso conciliar objetivos”, acrescenta.
Paula Guimarães apresenta possíveis respostas para os grandes obstáculos que se enfrentam em Portugal nas organizações, nomeadamente o desafio dos dados. Ter a capacidade de recolher uma quantidade infinda de dados, e saber ter uma perspetiva crítica quanto a eles. A capacidade de reagir e responder rapidamente aos critérios ESG tem também sido retardada por eventos disruptivos que acontecem e que são imprevisíveis, como a pandemia ou a guerra na Ucrânia.
A Navigator, do ponto de vista interno, tem de enquadrar os ESG em toda a cadeia de valor e distribuição. Para isso, tem de haver uma internalização desses conceitos. Um dos desafios da empresa, também sentidos pela EDP, foi precisamente a sistematização da análise de riscos. A diversificação e aposta na expertise técnica foi obrigatória para responder aos obstáculos, através de consultadorias e parcerias.
Por Denise Calado