Numa era de revolução transformacional, o líder tem que se reinventar e preparar tecnicamente para responder às exigências das organizações, dos mercados e de cada colaborador. Para garantir a democratização de competencias nas equipas e fomentar uma transformação bottom up, o líder deve ser simultaneamente uma borboleta e um super-herói.
Esta combinação pode parecer algo confusa, mas Margarida Segard, Diretora do ISQ Academy, acredita que estas são as características essenciais a qualquer líder contemporâneo. Levou, por isso, ao palco da Leadership Summit Cabo Verde a talk ‘Super Power Skills para a Transformação’.
«O que nós devemos fazer é este processo de metamorfose, passarmos de lagarta a borboleta e acompanharmos as exigências e os desafios, sendo mais proativos», garante.
O papel das competências num mundo em mutação
No seu discurso, destacou a importância crescente das Power Skills, hoje mais conhecidas por Super Power Skills. Desde 2016 que estas competências – comunicação, liderança, criatividade, empatia – passaram de um nice to have a um verdadeiro motor de transformação organizacional. «As hard skills levam-nos para dentro das organizações, mas são as Power Skills que nos levam ao topo», frisou.
Apesar disso, estas competências, por si só, já não bastam. As Super Power Skills têm de incluir as competências digitais, verdes e técnicas, e estas devem ser avaliadas com o mesmo peso das outras nas matrizes de desempenho.
Reforçou ainda a importância do autoconhecimento como pilar da liderança eficaz. «Saber e conhecer o que não se sabe, as nossas incompetências, é importantíssimo para um líder», explicou.
Citando estudos internacionais, como os da Korn Ferry ou da Comissão Europeia, referiu que 40% dos empregadores não encontram no mercado as competências de que necessitam. «Isto leva à contratação de pessoas sobrequalificadas para funções desajustadas, e gera desmotivação, brain drain e fraca inovação», esclarece.
Apontou também que a maioria das organizações falha na sua transformação digital e verde não por falta de tecnologia ou financiamento, mas por ausência de governance e de competências. «Não é a tecnologia que falta, é o modelo de gestão».
Liderança para todos, não só para líderes
Margarida Segard defende uma liderança distribuída, transversal e inclusiva. «A liderança não é só para líderes de topo. As empresas estão cada vez mais achatadas e já não há tanta progressão vertical. As subidas são horizontais e diagonais e é aí que devemos investir», refere.
Defendeu que todos devem ser formados com este espírito de liderança, desde os gestores de projeto aos gestores de cliente, passando por quem desenvolve produto.
Ao falar sobre o futuro do trabalho e a rapidez com que tudo muda, Margarida não teve dúvidas: «O que era há uma semana já não é hoje. Os milestones anuais deixaram de fazer sentido. É better and faster».
Fez também um apelo à mudança de mentalidade nas organizações e nos líderes, na certeza de que «não há transformação top-down sem ser acompanhada de bottom-up».
E não esqueceu um dos pontos mais sensíveis na cultura de trabalho: o erro. «Temos de aceitar o erro. Em Portugal, e pelo que sei também em Cabo Verde, ainda não temos essa cultura. Mas os países que inovam aceitam-no», conclui.
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