O Presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), Armindo Monteiro assumiu a liderança da organização, que representa 1500 empresas, com a missão de redefinir alguns conceitos – o de valor acrescentado nas empresas e o de sofisticação do negócio – e alterar a carga fiscal em Portugal.
Ante uma nova ordem mundial e uma chamada global à reinvenção dos negócios e das empresas, o foco deve estar na capacidade de as lideranças se assumirem como agentes de transformação, repensarem os assuntos e liderar pelo exemplo na construção de um Portugal melhor.
A Líder partilha a visão do empresário, e ideias para o progresso da Economia e de todos, hoje que é também o dia em que a CIP se reúne com o Governo, para discutir as medidas do Pacto Social.
Numa nova ordem mundial onde tanto o Homem se depara com a sua fragilidade, como a capacidade de se transformar, reinventar e dar um novo sentido ao trabalho, que lideranças são necessárias?
A palavra-chave talvez seja «repensar». Um bom líder é aquele que exerce essa capacidade para não ficar preso aos «seus fósseis mentais» ou aos que lhe são sugeridos por outros. Não quer isto dizer que não devamos ter princípios e até princípios fundadores. O que eu quero dizer é que tantas vezes a assertividade de um líder é vista como um sinal de qualidade na gestão e também como uma enorme capacidade para conduzir pessoas, mas esta ideia foi levada longe demais. Saiu há uns anos um livro de um psicólogo social, Adam Grant, que desmistifica estes atributos e conclui que a capacidade para repensar os assuntos é, sim, um indicador de inteligência e sucesso. No fundo, os líderes empresariais devem pensar menos como políticos e pregadores e mais como cientistas abertos à descoberta.
Como podem as empresas e organizações aproveitar o momento e enfrentar o desafio?
Cada organização tem a sua cultura a que podemos chamar de cultura de empresa. Ora bem, esta cultura resulta da forma como se organizam os vários departamentos e a maneira como eles se relacionam, mas também o caminho escolhido para tratar os clientes ou os fornecedores. Até o produto que se produz ajuda a definir o carácter e a cultura da empresa. Ou seja, somos o que fazemos no dia a dia, não o que dizemos fazer. Neste sentido, o papel dos líderes empresariais passa por demonstrar e pôr em prática o que está no papel, o que está nos organogramas, o que está na missão inscrita no site. Liderar pelo exemplo, claro. Líderes que ouvem, respeitam e ligam todos da melhor forma possível.
Que oportunidades existem para Portugal?
As que fomos capazes de construir em conjunto. Não somos recetáculos das ações dos poderes públicos, somos agentes transformadores. Estou absolutamente convencido de que uma sociedade civil participativa e empenhada cria um país melhor para todos. Claro, depois é fundamental que o contexto criado pelos poderes públicos seja o mais adequado e não uma grelha cristalizada que impede a realização individual e coletiva, embora agite em permanência a bandeira do bem comum.
O que será prioritário para a Economia portuguesa neste próximo ano?
A CIP – Confederação Empresarial de Portugal assume a sua responsabilidade neste desafio coletivo. O Pacto Social em que temos vindo a trabalhar responde, ou melhor indica, os caminhos que podemos empreender para tornar Portugal mais coeso, mais rico e menos desigual. A prioridade é, portanto, assumirmos um desígnio nacional exigente e gerador de riqueza a todos os níveis.
O que podemos esperar da sua participação na Leadership Summit Portugal?
Vontade de ouvir os outros e de partilhar ideias. Lidero uma confederação que representa 150 mil empresas. Tenho bem a noção da exigência e da responsabilidade.
Uma mensagem de esperança para o renascimento do caos
Não vejo caos à minha volta. Vejo preocupação e desânimo, nem todo ele justificável, claro, embora em grande parte sim. Estamos num momento complexo em que podemos dar um enorme salto qualitativo ou então arrastar os pés ao ritmo da política partidária. Lutemos todos pelo que é nosso.
Armindo Monteiro, vai marcar presença na Leadership Summit Portugal, no debate «Renovar e reerguer as economias europeia e portuguesa», que vai acontecer no próximo dia 26 de outubro, no Casino Estoril. Sob o tema «Reborn From Chaos – The Path For a New Renaissance», o evento reúne oradores nacionais e internacionais num programa marcado por intervenções e debates focados nos desafios da transição digital, sustentabilidade, igualdade e inclusão.
Mais informações disponíveis no site: www.leadershipsummitportugal.com