50 anos depois do 25 de Abril, partilhamos uma seleção de livros dedicados ao dia da Liberdade no Dia Mundial do Livro, que se celebra hoje.
Da madrugada do 25 de Abril, a tudo o que foi engendrado para derrubar a ditadura, do papel da música à fotografia e das mais proeminentes vozes da revolução até aos símbolos da Democracia, estes livros fazem permanecer na memória de miúdos e graúdos as histórias desses tempos.
25 de abril de 1974, quinta-feira (edição especial + fotografia)
Alfredo Cunha, Tinta da China
No dia 25 de abril de 1974 (uma quinta‑feira, tal como voltará a acontecer em 2024), Alfredo Cunha estava em Lisboa e fotografou a revolução nos seus principais cenários, captando imagens icónicas que perduram até hoje associadas ao acontecimento que mudou a História de Portugal.
Para celebrar os 50 anos de Democracia, Alfredo Cunha concebeu, a partir das suas imagens, um livro em três partes: Guerra — com texto de Carlos Matos Gomes, militar de abril e da guerra colonial; Dia 25 de Abril — com texto de Adelino Gomes, repórter que acompanhou os acontecimentos em Lisboa; Depois de abril — com texto de Fernando Rosas, Historiador e protagonista destes anos quentes.
Conta ainda com as intervenções de Vhils sobre imagens icónicas de Alfredo Cunha – para a capa e separadores.
Portugal 50 Anos depois do 25 de Abril – O Que Mudou? O Que Falta Fazer?
João Gouveia Monteiro
Manuscrito
Sete temas, 13 testemunhos, muito debate. Um livro para pensar o Portugal que fomos (em 1973), o Portugal que construímos (entre 1973 e 2023), e o Portugal que queremos ser amanhã. Uma visita guiada aos últimos 50 anos e uma homenagem ao 25 de Abril, com autores de gerações diferentes, experiências distintas e olhares contrastantes que celebram a revolução sem deixar cair um olhar autocrítico e virado para o futuro.
Naquela madrugada libertadora, os militares saíram à rua sem saber se nos outros quartéis todos cumpririam a sua parte do plano. Arriscaram as suas vidas e as suas carreiras. Fizeram-no por Portugal.
Eu Voto!: A Minha Escolha Faz Diferença
Mark Shulman (texto) e Serge Bloch (ilustrações)
Fábula
Na altura em que celebramos os 50 anos do 25 de Abril, e num ano onde as eleições e o processo eleitoral têm estado no centro das atenções, este livro propõe uma abordagem descontraída e divertida às matérias políticas. O humor do texto e das ilustrações cativa crianças e adultos, e o texto final de Rita Canas Mendes contextualiza o tema e acrescenta informação sobre o sistema eleitoral português.
O Meu Primeiro 25 de Abril
José Jorge Letria (texto) e Helder Teixeira Peleja (ilustração)
Dom Quixote
Este livro conta a história de um abril muito especial que mudou a nossa História. Esse abril, o do dia 25 e dos muitos que se lhe seguiram, pôs fim à guerra Colonial, à censura e aos muitos medos de todos os dias e todas as horas. O autor, que era Jornalista e Cantor, conta como viveu essas horas e esses dias com grande intensidade e emoção, aos leitores mais novos, que podem partilhá-la com os colegas de escola e com os amigos. É uma história vivida, emocionante e única que deu a Portugal um prestígio mundial invejável. O autor desta história foi de tudo um pouco nesses dias, desde Jornalista a cantor-político, ao lado de Zeca Afonso e de outros. Esta é também a história da sua emoção e alegria, que quase dava um filme. O livro conta a história e ela ganha um H maiúsculo porque se tornou mesmo História, com datas, grandes personagens e muitos sonhos para cumprir. Este foi um abril para nunca mais ser esquecido.
25 de Abril – No Princípio Era o Verbo
Manuel S. Fonseca (texto) e Nuno Saraiva (ilustração)
Guerra e Paz
Festa. Este livro festeja os 50 anos do dia que derrubou uma ditadura de 48 anos. O 25 de abril, catarse e delírio, foi uma das mais impressionantes algazarras de liberdade, loucura, e inocente destrambelhamento coletivo que o modesto povo português já viveu. A liberdade chegou como uma inundação: proliferaram partidos políticos; levantaram-se do chão incendiários educadores do povo; agitaram-se estandartes; colaram-se cartazes; pichagens pintaram paredes; ruas, largos e avenidas entupiram-se com torrentes de gente em loucas manifs.
De tudo isso este livro quer ser a mais despretensiosa – e divertida – testemunha. Primeiro, num preâmbulo mansinho, noturno, visitam e descrevem, hora a hora, os incidentes e o suspense da noite de 24 de abril, da madrugada e do dia 25 em que os militares de abril derrubaram o Estado do estado a que isto chegara. Depois, redescobre-se as palavras de ordem, o alucinado desatino das palavras que varreu Portugal, evocando cartazes, os gritos das manifestações, as paredes e muros pintados. Mais de duas dezenas de ilustrações de Nuno Saraiva recriam, neste 25 de Abril, no princípio era o verbo, um Portugal de cabelos desvairadamente compridos, calças boca de sino, soutiens a serem queimados, um Portugal a pôr a ávida boca na orgia de novos costumes.
O 25 de abril foi um dia polifónico em que da voz de cada português saiu uma palavra, fosse essa palavra exaltante, ridícula, hiperbólica, tímida, ou do mais sublime humor. Dessas palavras se construiu o Portugal que hoje somos. Dessas palavras é feito este livro.
Breve História do 25 de Abril
Yves Léonard
Edições 70
Cravos, Grândola Vila Morena e o fim da longa noite salazarista: 50 anos depois do 25 de Abril, conhecemos os símbolos da revolução, mas nem sempre a sua história.
A euforia da liberdade, a vertigem das conquistas, os golpes e contragolpes até ao 25 de novembro — para além dos cravos, há muito que os mais jovens não sabem e que os mais velhos poderão agora recordar.
A Revolução Antes da Revolução
Luís de Freitas Branco
Zigurate
As senhas da Revolução, é sabido, foram duas canções que fazem hoje parte do cancioneiro da Música Popular Portuguesa. O papel da música na queda da ditadura não começou apenas, no entanto, na madrugada de 25 de Abril de 1974. A editora Livros Zigurate, a coincidir com as comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, lança uma nova luz sobre a revolução e os caminhos musicais que a ela conduziram. O ponto de partida é o ano de 1971, o ano da publicação de discos emblemáticos de José Mário Branco, Sérgio Godinho, Adriano Correia de Oliveira ou Carlos Paredes. E de José Afonso. O ano que deu à música portuguesa e à revolução a canção-senha «Grândola, Vila Morena». Neste trabalho de investigação é feito um levantamento rigoroso, exaustivo e em grande parte surpreendente que documenta o modo como a música popular portuguesa abriu as portas para o clima cultural, social e político que desencadeou o dia «inicial inteiro e limpo» e que mudou Portugal há 50 anos. Para este livro foram entrevistadas dezenas de figuras e foi analisada uma extensa bibliografia, tendo sido consultados mais de 700 jornais e cerca de duas centenas e meia de revistas. As histórias recolhidas e a análise desta vasta documentação — tratadas simultaneamente com o rigor de um estudo aprofundado e com a desenvoltura da linguagem jornalística – lançam pistas novas e um olhar inédito sobre o momento em que a música popular portuguesa iniciou uma revolução antes revolução.
Do 25 de abril de 1974 ao 25 de novembro de 1975 – Episódios menos conhecidos
Irene Flunser Pimentel
Temas e Debates
«Se houve vários “25 de abril”, “11 de março” e “25 de novembro”, pode-se, porém, concluir que, no primeiro dia, em 1974, a ditadura portuguesa com a duração de 48 anos, nas suas fases militar e civil, de António de Oliveira Salazar e depois de Marcello Caetano, foi decididamente extinta.»
«Neste livro apresento uma análise pessoal de episódios ocorridos entre os anos finais da ditadura e o 25 de novembro de 1975, com destaque para o que aconteceu à ex-polícia política e para a ação dos EUA, França e Alemanha nesse período relativamente a Portugal.
Como se verá, não se trata de qualquer análise exaustiva de todas as questões em torno da implantação da Democracia em Portugal. Também não serão analisadas as movimentações populares, rapidamente controladas pelos partidos depois de um muito breve período de espontaneidade e autonomia.
A autonomia do campo político é o que se optou por aqui analisar, através do estudo das principais instituições de poder erguidas durante o processo que se desenvolveu no período entre os dois “25”, de abril de 1974 e de novembro de 1975, quer entre os militares, quer entre os principais partidos políticos portugueses.»
Vozes da Revolução
Tinta da China
«A 25 de abril de 1974, a «Revolução dos Cravos» inaugurou em Portugal uma experiência, única na Europa, de transição pacífica da ditadura para a democracia. Seguiram‑se 18 meses de transformações rápidas e profundas, que mudaram radicalmente o País e a sua relação com a Europa e o Mundo, e marcaram o fim do seu império colonial. Foi um período em que a história acelerou, dando a conhecer experiências e vozes com diferentes perspetivas, mas todas portadoras de expectativas de mudança. Em 1990‑1991, Paul Manuel esteve em Portugal e, em colaboração com o Centro de Documentação 25 de abril (CD25A), entrevistou alguns dos maiores protagonistas militares desse período. À época, tinha sido feito pouco trabalho de recuperação dessas memórias, tornando‑se o Professor Manuel um dos seus pioneiros. Foi por isso com grande alegria e expectativa que tomei conhecimento da edição das entrevistas que este livro agora coloca nas mãos dos leitores. Não é demais sublinhar a sua importância histórica e o grande valor deste trabalho, para o qual o CD25A deu também o seu contributo.»
— Rui Bebiano [Historiador, Professor da Universidade de Coimbra, investigador do Centro de Estudos Sociais e Diretor do CD25A]
Emílio Rui Vilar: Memórias de dois Regimes
Maria Inácia Rezola, Pedro Magalhães e António Araújo
Temas de Debates
Memórias do País da ditadura e do alvor da democracia em Portugal. A vida de Emílio Rui Vilar atravessou as principais mudanças da segunda metade do século XX. Contado na primeira pessoa, um percurso fascinante pelo fim do regime de Salazar e Caetano e pela revolução de abril.
Transcrevendo entrevistas realizadas ao longo de vários meses, este livro recolhe o relato na primeira pessoa de uma trajetória que percorreu o início da contestação ao Estado Novo no meio universitário, a Guerra Colonial, a criação da SEDES, o fracasso da “primavera marcelista” e os primeiros anos do novo regime democrático saído do 25 de abril, onde Emílio Rui Vilar desempenhou funções governativas nos primeiros três Governos Provisórios e no Primeiro Governo Constitucional. No ano em que se celebram cinco décadas de democracia em Portugal, este livro é um importante testemunho sobre dois regimes, sobre o fim de um e o nascimento de outro.