Cabo Verde está na vanguarda do Turismo em África, sendo um dos países mais desenvolvidos e com mais infraestruturas turísticas. É um destino cada vez mais procurado por turistas de todo o Mundo, que encontram ilhas cada vez mais prontas para os receber.
Na verdade, o arquipélago foi o país africano que registou a segunda maior percentagem de turismo no total das suas exportações em 2023, cerca de 48%, segundo o Statista. Em primeiro lugar está a Gâmbia, com 49%, e em terceiro São Tomé e Príncipe, com 47%.
Em 2021, 80% do total de turistas em Cabo Verde eram estrangeiros, o que representa a segunda percentagem mais elevada de turistas internacionais em África, a seguir ao Togo (93%). A indústria das Viagens e do Turismo contribui com mais de nove milhões de postos de trabalho para o emprego em África, no geral.
Estes dados não escapam ao Governo de Cabo Verde, que de tudo tem feito para catapultar o setor turístico do arquipélago. Em 2023, já o Primeiro-Ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, o tinha confirmado à Líder, numa entrevista publicada na edição da revista de Cabo Verde: «O Turismo é o setor com maior contribuição no PIB, mais dinâmico e com bom potencial para crescer em todas as ilhas».
Inovação e investimento potenciam o Turismo
Este ano, foi inaugurada a nova marca turística “Destino Cabo Verde”, que consiste numa renovação da abordagem e identidade visual do Turismo do país. A nova imagem é representada por um coração de cores vibrantes que simbolizam a essência das 10 ilhas que compõem Cabo Verde. Sob o slogan “Cabo Verde do Coração”, esta marca conta com Dino d’Santiago, Músico, Compositor e Ativista português de ascendência cabo-verdiana, como embaixador, e é mais um passo de inovação no Turismo de Cabo Verde, que está a crescer a olhos vistos.
No ano de 2023, os estabelecimentos hoteleiros do arquipélago registaram mais de um milhão de hóspedes, que proporcionaram mais de cinco milhões de dormidas, segundo o Instituto Nacional de Estatística de Cabo Verde. Estes números traduziram-se em aumentos de 20,9% e 26%, respetivamente, face ao ano de 2022.
O Reino Unido foi o principal país de proveniência de turistas, mas os Romenos foram os viajantes que mais tempo ficaram, cerca de 6,5 noites. A Ilha do Sal continua a ser a mais procurada, representando 57,1% das entradas nos estabelecimentos hoteleiros. Cabo Verde destaca-se também pelo nível de acessibilidade aos dados do Turismo, de acordo com a plataforma WiTH Africa, uma iniciativa que resulta do Nova SBE Data Science Knowledge Center. A plataforma revela que o arquipélago lidera no que toca à informação sobre os dados relacionados com o setor turístico, havendo seis países a destacar-se em África: Cabo Verde, África do Sul, Marrocos, Tunísia, Tanzânia e Maurícias.
O relatório “Ecossistema de Dados do Turismo em África – Desafios e Oportunidades para um Crescimento Sustentável” identificou que os extremos norte e sul do continente africano concentram os países que lideram o pódio da maior e melhor acessibilidade de dados estatísticos.
Turismo Sustentável: em que ponto está Cabo Verde?
A indústria do Ecoturismo está avaliada no valor de 172,4 mil milhões de dólares, em 2024, segundo o Statista, e é expectável que atinja os 374,2 mil milhões de dólares até 2028. De entre a população de viajantes global, 81% acredita que o Turismo Sustentável é importante.
Seguindo esta tendência, o Turismo Sustentável está a crescer em Cabo Verde, apesar de estar ainda numa fase inicial. O Governo do arquipélago inaugurou o projeto “Turismo Resiliente e Desenvolvimento da Economia Azul em Cabo Verde”, que também engloba a promoção de um turismo sustentável e conservação dos recursos naturais das ilhas. Pretende ainda aumentar a participação das Pequenas e Médias Empresas (PME) no Turismo na ordem dos 60%.
Estas intervenções intersectoriais pretendem melhorar a diversidade das ofertas do setor e permitir uma maior participação das comunidades locais nas cadeias de valor relacionadas com o Turismo. Este projeto será implementado até julho de 2027 e foi inaugurado em maio de 2023, esperando-se atingir uma série de melhorias no turismo cabo-verdiano: estadias mais longas; aumento dos gastos turísticos; aumento dos benefícios domésticos do turismo e aumento da satisfação dos visitantes com a qualidade e diversidade dos produtos oferecidos.
Foi negociado um envelope financeiro com o Grupo Banco Mundial no valor de 35 milhões de euros, sendo 30 milhões de dólares referentes a um crédito da Associação Internacional de Desenvolvimento IDA/Banco Mundial e cinco milhões de dólares de um donativo da PROBLUE MDTF. Até à data de fecho desta edição, já tinha sido atingido 1% do plano de execução do projeto, segundo o website oficial da Unidade de Gestão de Projetos Especiais.
Paralelamente, existem também investimentos europeus no Turismo em Cabo Verde. A União Europeia concordou em financiar três novos projetos sobre Turismo Sustentável no arquipélago, no valor de 2,7 milhões de euros. Esta é uma parceria inovadora e pioneira no continente africano. Dos projetos selecionados, dois serão concretizados nas ilhas de Santo Antão e de São Nicolau, executados pela Associação Amigos da Natureza e Associação de Desenvolvimento do Património de Mértola, e o terceiro vai acontecer na ilha do Fogo, a cargo da organização sem fins lucrativos COSPE.
Este artigo foi publicado na edição da Líder Cabo Verde 2024. Subscreva a Líder aqui.