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«Para não ser corajoso, há imensas profissões que não a de político», defende João Maria Jonet

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17 Abril, 2025 | 18 minutos de leitura

«Espero que esta não seja uma daquelas entrevistas em que se descreve o ambiente». Foi assim que começou a minha conversa com o João Maria Jonet, analista e consultor político, na varanda improvisada da sua casa, num dia que não se conseguia decidir entre soalheiro e chuvoso.

Numa conversa que, de fora, pareceria uma amena cavaqueira, falou-se de eleições, mediatismo e políticos que mais parecem gestores de condomínio, com um toque do humor mordaz que lhe é característico. Curiosamente, não se mencionou o Sporting, clube que apoia fervorosamente.

Com oito anos via a ARTV (Canal Parlamento), algo que justifica por se considerar «um miúdo um bocado estranho». Anos mais tarde, projetos como o Parágrafo e o jornal Crónico deram vida a uma aspiração política que se fez notar desde sempre. A verdade é que andou nas bocas do mundo quando se destacou repentinamente em 2020, como um jovem que prometia abanar o panorama do comentário político. Moderado, mas com ideias frescas, liberal, mas preocupado com questões sociais. Poderá ser ‘a direita que dá jeito à esquerda’?

Como foi lidar com esta repentina ascensão na esfera pública e comentários negativos na internet?

Desenvolveu-se rápido, em dois anos e pouco.  Acho que não me posso queixar, tenho uma vida mesmo confortável e divertida para uma pessoa que tirou o meu curso, com minha idade. Qualquer pessoa que tirou Ciência Política e Relações Internacionais gostava de estar a fazer a diferença na política – algo que eu gostava mesmo de concretizar – ou então a fazer análise e estar a ser remunerado pelo que estudou.

O que nós aprendemos no curso, de facto, é a analisar o mundo e imensa gente acaba por fazer isso fechado numa consultora ou num banco. Acho que a exposição também não é para todos, no sentido em nem toda a gente é extrovertida como eu e tem à vontade para falar em público.

Obviamente, sinto-me muito observado.  Há muitos comentários negativos e eu bloqueio um bocado isso, faço um esforço para fazer uma limpeza ou pedir que o façam por mim. Vejo muito poucos comentários, mas é algo que me chateia, porque o Parágrafo era originalmente uma coisa muito artesanal, em que eu falava com as pessoas por mensagens, respondia nos comentários, e hoje em dia já não faço isso.

Paga um bocadinho o justo pelo pecador, não é?  As pessoas que estão lá para o bem e com as quais eu tinha o maior interesse em conversar acabam por ser filtradas, por já não poder falar com qualquer desconhecido na internet.

Depois, o mediatismo consome-te um pouco mais do que tu contas inicialmente. Eu achava que era indiferente ir a estúdio na televisão, mas comecei a perceber que, se fosse à noite, demorava duas horas a adormecer. Há um pico de adrenalina que, mesmo que não se note, cansa, e isso tira energia, para escrever, por exemplo.

Nas redes sociais há coisas que não compensam. Um texto longo e aprofundado vai ter mil pessoas a ver, mas um tweet, com uma graça, ‘a rasgar’, vai ter cem mil.  Se calhar, se queres passar uma mensagem, tens de estar mais focado em como é que esse tweet a vai passar do que a escrever um texto. Isso conforma-me, eu tenho saudades de escrever como escrevia. O ambiente mediático é muito imediato.

Já esta coisa dos ‘videozinhos’, informação condensada, não sou muito eu, mas é o que rende. Às vezes, até falo mais rápido em televisão, podcast ou entrevistas, para facilitar essa seleção. O esforço é tentar passar o máximo de informação no mínimo tempo.

Eu gosto de abanar e ver até onde vai o molde. Não ter uma barreira entre mim e as pessoas, falar uma língua que compreendam. Isso preocupa-me bastante.

 

Como começou o teu interesse e percurso na política?

Este interesse surgiu quando era muito novo. Estava muito atento, mas nunca quis fazer nada muito público até ter 18 anos, por uma questão de proteção. Foi então que criei, com o meu amigo Salvador, um blog chamado ‘No Fim Ganham os Porcos’, que quase ninguém lia, mas era divertido.

Quando entrei na faculdade, comecei a pensar que podia fazer algo mais público. Professores meus diziam que podia escrever algumas coisas, mas comecei a perceber que o formato do blog era muito longo. Normalmente, eu falava com amigos que me pediam para explicar resumidamente um determinado assunto, por Whatsapp, e pensei que poderia pegar nessa informação mais condensada e publicar no Instagram. Foi assim que criei o Parágrafo em 2019, quando acabei o curso.

O Parágrafo funcionou, as pessoas respondiam às perguntas e publicações, partilhavam muito. O projeto foi crescendo aos poucos em 2020, a pandemia ajudou imenso tudo o que era digital, e também fizemos o jornal Crónico.

A minha especialidade é a política dos EUA e 2020 foi um ano de eleições, por isso as pessoas interessaram-se mais por esse tema, e esses projetos ‘bombaram’. A partir daí, comecei a usar mais o Twitter, e quando cheguei aos dois mil seguidores, já toda a gente sabia quem eu era, apesar de antes ter cerca de dez mil no Instagram. No final do ano e início de 2022, criei uma app em conjunto com outras pessoas, que consistia num modelo com resultados políticos anteriores e sondagens para prever as eleições legislativas daquele ano.

A app era boa para as pessoas coordenarem como é que queriam votar e teve imensas descargas, funcionou muito bem. Na sexta-feira antes das legislativas, acabei por ser chamado para o ‘Expresso da Meia-noite’, na SIC, e correu bem, acho eu. Nunca mais deixaram de me chamar.

Entretanto, fui fazendo o meu percurso na consultoria, trabalhei com vários políticos, em campanha. Acho que não teve grande influência para a ‘coisa mediática’, talvez tenha sido bom marketing, mas não tenho imensa experiência em campanhas.

Lembro-me que, quando fiz a app com o modelo preditivo, as pessoas partilharam aquele modelo e disseram que eu tinha sido a única pessoa a dizer que o Carlos Moedas ia ganhar em Lisboa. Isto não é verdade, não só eu trabalhava na campanha do Carlos Moedas, portanto isso faria pouco sentido, mas o que eu consegui foi dizer mais ou menos quantos votos é que ele ia ter, bem como os outros partidos.

Eu achei que, sem a Iniciativa Liberal (IL), ele não ia conseguir ganhar, a não ser que existisse uma abstenção muito focada no Partido Socialista (PS). Isso estava lá escrito. Aconteceu de facto essa abstenção, mas isso estava nos meus cenários hiper improváveis. As pessoas passaram de «este gajo acertou três ou quatro coisas», para «este gajo acertou o resultado, é para ouvir». Estas coisas são assim, à base do boca-a-boca e de mitos.

Eu participei muito na organização da campanha do Jorge Moreira da Silva, mas fui assessor de imprensa durante uma semana enquanto não arranjámos outra pessoa. Acho que essa semana, em que não exerci de facto as minhas funções, foi muito mais relevante para o meu mediatismo, porque os jornalistas perceberam que estava ali um ‘puto’ a trabalhar. As coisas que eu de facto estive a fazer em campanha, a rede de voluntários que criei, o trabalho no programa eleitoral, organizar a volta nacional e os discursos, acabaram por ser muito menos relevantes do que aquela ‘semaninha’ em que eu fiz o contacto com os jornalistas todos.

Eu tenho a certeza que, se isso não tivesse acontecido e se não tivesse conhecido aí a editora de política do Expresso, eu não apareceria como uma figura do futuro na edição especial do jornal, com 100 personalidades. Ninguém sabia quem eu era.

Acho que a consultoria é mais um enfeite do mediatismo (risos). É mais importante para mim como experiência profissional, é onde eu trabalhei e é o que eu gosto de fazer, mas já sou muito mais a ‘coisa mediática’ do que o resto.

Qual foi o maior desafio da tua carreira?

Tudo que foi político. A ‘coisa mediática’ desafia-me menos, por isso é que eu tenho vontade de voltar a fazer política ativa. O mediático é giro e interessa-me esta lógica de tentar traduzir para as pessoas o que eu estou a ver, enquanto pessoa que está dentro. Enquanto pessoa que sabe os truques e manhas e sabe falar a língua deles, traduzir. Tenho essa preocupação e adoro isso, mas o que eu gosto mesmo é de fazer coisas mudar.

Algumas das minhas causas são a educação, igualdade de oportunidades e funcionamento da educação pública, bem como as cidades, o seu (mau) planeamento, em Portugal, a falta de transportes públicos e não haver acesso à habitação.

Quando fiz campanha, tentei trazer estes temas para a agenda e o meu desafio foi ver isso rejeitado. Senti que perdi essa batalha dentro do PSD, na campanha do Carlos Moedas, onde havia uma visão de cidade ao início que depois não foi a visão do fim. A ideia inicial era muito mais minha, baseada em Paris, na ideia da ‘Cidade dos 15 minutos’.

A política às vezes é assim, perde-se a batalha interna das ideias e pronto.

A grande estocada – e as pessoas ainda hoje me dizem muito isso, quando eu critico o Luís Montenegro – foi ter perdido uma eleição. Não fui eu, foi o Jorge Moreira da Silva, mas ter participado numa derrota contra Montenegro.

Ter-se deixado passar isso dentro do PSD foi uma das coisas que me marcou mais, porque havia um candidato que, se calhar não tinha as características tradicionais do carisma, mas tinha o currículo e as capacidades para ser um ótimo Primeiro-Ministro, e as pessoas preferiram o estilo à substância, o mais ou menos ao arriscado. Não estamos na política para isso, a construir o futuro das pessoas assim. Para mim foi uma grande derrota e um desafio superar isso. Mas acho que consegui e estou pronto para outra.

Quais são as reformas políticas que gostavas de ver nos próximos anos no país?

As minhas preocupações e causas são a qualidade da democracia, a participação das pessoas e a maneira como estão informadas. A moderação do discurso político numa lógica de evitar que existam vitórias totais e de fazer perceber às pessoas que não é bom para nenhum lado ganhar totalmente. Se derrotaram um lado totalmente, este acaba totalmente derrotado. Essencialmente que a política é um jogo de cedências e cumulativo, e não é um jogo de tudo ou nada. Eu acho que estamos mesmo no cenário oposto.

Por isso é que estou sempre a tentar virar o Partido Social Democrata (PSD) mais para o centro, e também me chateia o radicalismo muito à direita, porque é o meu espaço. Tento sempre puxar para uma tenda comum onde não há soluções perfeitas.

Temos de ser mais exigentes com os nossos políticos e ser mais participativos. Participar não é só votar, é perceber quem é que os partidos estão a eleger e, idealmente, reduzir a partidocracia do nosso país, a maneira como concentram tanto poder e depois o distribuem do Estado para a máquina partidária. Essa falta de qualidade democrática faz-me confusão.

[Quanto à atualidade política], estava-se a ver que isto ia acontecer, estes problemas de mistura da vida pessoal com a vida política, porque sempre foi o método. Montenegro é um Primeiro-Ministro que não é aspiracional. A política deve ser para as pessoas normais, na base, mas para as pessoas excecionais, no topo. Devemos querer admirar os políticos e eu acho que o Luís Montenegro é a definição do ‘não é mau’.

 

Portugal é um país que arrisca pouco, politicamente e não só. Isso não te desanima?

Não quero ser saudosista, mas este é o país dos descobrimentos. As pessoas arriscavam e os descobrimentos são algo que resulta da escassez: sem ter o que comer, atiras-te ao mar. Acho que ficamos agarrados a essa mentalidade de termos feito algo que nunca mais fizemos. É a nossa identidade nacional olhar para isso com saudade.

Há imenso potencial neste país. Há espaço para construir uma economia, temos o petróleo do futuro, que são as energias renováveis, temos a capacidade e o capital humano para fazer isso, como se vê pela quantidade de jovens da nossa idade que exportamos para o topo da Europa e do mundo.

Há maneira de querer ser mais ambicioso, mas perdemo-nos sempre na coisa pequenina, na gestão do corrente. Olhando para as eleições, vê-se isso. Há um país com uma economia dinâmica, a crescer, e os políticos só falam para os pensionistas, porque já está garantido que eles votam e pronto, é o que interessa.

Estamos sempre a olhar para o passado, mas faltava aqui um bocadinho mais de rasgo.  Os nossos partidos, principalmente os dois principais, não estão feitos para o rasgo. Isso começa nos cartazes e acaba nas negociações dos Orçamentos de Estado.

Quando se diz que faltam líderes é precisamente nesta lógica de haver problemas, numa sociedade que só olha para trás, e com pensionistas que só estão preocupados com o umbigo deles. A resposta de um político que não é líder é dar soluções para esses umbigos, em vez de liderar na persuasão. Está mais que provado pela ciência política que, se os líderes políticos decidirem assumir uma posição e persuadirem o eleitor, ele vai atrás.

O Governo muda de PS para PSD e qual foi a diferença fundamental? Praticamente nada. As soluções são sempre pensos-rápidos para resolver os problemas depois de já terem aparecido. Em Portugal, o Primeiro-Ministro nunca te está a tentar convencer da ideia dele, mas sim a tentar fazer o que ele acha que tu queres. E isso não é um político, é um empregado de mesa.

 

Que líderes são a tua inspiração e vão ao encontro do teu conceito de líder?

Acho que o Macron é um líder. Muitas vezes não concordo, dá saltos lógicos gigantes e acha que é o imperador de França, mas lidera.  Por exemplo, achava que França devia ser menos hostil a grandes fortunas e isso não era uma coisa nada popular. No entanto, levou-a para a frente, isso produziu crescimento em França e as opiniões mudaram.

Já um Starmer, no Reino Unido, tenta ir para onde as pessoas estão, isso não é liderar. Por outro lado, o Chanceler Alemão, que diz que vai gastar dinheiro em defesa, para criar uma alternativa à NATO e aos EUA, está a liderar. Às vezes só precisamos de um político com coragem para dizer às pessoas coisas em que elas ainda não tinham pensado, em vez de dizer exatamente o que elas querem ouvir.

Para não ser corajoso, há imensas profissões que não a de político. Na política, é preciso querer acreditar em algo. Chamei-lhes empregados de mesa, mas podiam ser gestores de condomínio.

 

Quem achas que tem essas características em Portugal?

Eu acho que o Pedro Nuno Santos já foi um político muito mais corajoso do que é. Hoje em dia, está a tentar ser mais certinho. Acho que o André Ventura é um hiper empreendedor político, mas, lá está, o contrário de tudo o que eu descrevi. Ele foi corajoso em lançar-se para o empreendedorismo de algo que não existia, mas zero corajoso no sentido em que diz o que as pessoas querem ouvir. As convicções dele ficaram para trás.

Já Luís Montenegro, nunca o ouvi a ter uma ideia, e o Pedro Nuno Santos guarda as ideias na gaveta. Acho mais ou menos corajoso ser líder do Partido Comunista Português (PCP) ou do Bloco de Esquerda, mas as ideias deles estão fora de moda. A esquerda está mesmo em baixo a nível europeu e ocidental. O Paulo Raimundo e a Mariana Mortágua não têm a capacidade combativa de ir atrás, convencer as pessoas destas ideias. Mas já é corajoso estarem na linha da frente.

Os projetos políticos mais corajosos em Portugal são o Livre e a IL, sem dúvida nenhuma. O que eles fazem define tendências e estamos na política para isso.

 

Tem-se falado mais nas eleições presidenciais do que nas autárquicas, apesar de estas serem já em setembro. O que é que isto diz sobre a participação política e literacia?

Apesar de serem, na maioria dos sítios, das eleições em que as pessoas mais votam, as autárquicas são um parente pobre por várias razões. Na competição de conteúdos mediáticos, o jornalista dá mais relevância a certas eleições. Depois, não existe imprensa local e regional, o que eu considero um dos grandes problemas da nossa democracia. Se não existem jornalistas locais para escrutinar o poder, é aí que há o maior descontrolo na gestão.

E isto está a acontecer em todo o lado, surgem políticos com menos qualidade oratória, menos projeto ideológico e mais abertos à corrupção. Tudo isto provoca a ausência de debate sobre as autárquicas.

As datas das presidenciais e das autárquicas têm datas fixas, nunca mudaram desde a Revolução e não foram dessincronizadas em momento algum. O país podia ganhar em separar temporalmente as autárquicas das presidenciais.

 

No teu perfil do Twitter escreves que a tua família te considera ‘a direita que dá jeito à esquerda’. Revês-te nesse lugar? Ainda existe separação entre esquerda e direita?

Eu acho que é importante existir uma distinção, mas ela varia com o tempo.  Eu sou claramente uma pessoa de direita em 2004, mas quase de certeza uma pessoa de esquerda em 2025.  Isso tem a ver com as prioridades e com as bandeiras que cada lado decidiu ter.

As lógicas de esquerda e direita estão lá. Há sempre a lógica, se quisermos ser negativos, egoísta, mais individualista, de autopreservação, cautelosa, contra a imigração e políticas públicas de habitação, da direita. E há sempre uma lógica solidária, coletivista e universalista na esquerda. Se isso torna impossível existir direita progressista ou esquerda conservadora, eu acho que não.

Eu sempre pensei que preferia, enquanto social-liberal, quase social-democrata, como companheira de viagem, a direita, mas faz-me cada vez menos sentido dizer que sou de direita.  Eu gostava de conseguir estar num espaço com liberais e conservadores, prefiro-os aos social-democratas e socialistas.

Por preferir os pouco revolucionários aos muitos reacionários, se calhar acabo por estar um bocadinho à esquerda do centro, mas acho que isso não me impede de votar na IL, por exemplo. Maioritariamente, são questões éticas que me impedem de votar no PSD neste momento. Acho importante existir a consciência de que lado é que se quer estar.

 

Estás a pensar candidatar-te à Câmara de Cascais? Quais são os teus planos para o futuro?

É o mais provável, mas não tenho uma resposta definitiva. Falta acontecer as legislativas e fechar as condições em que vou, mas em termos de apoio de pessoas e financiamento, tenho condições para fazer uma candidatura independente e acho que fazia falta. Cascais tem uma administração de condomínio, na minha opinião pouco competente, pouco escrutinada. Uma pessoa com mediatismo nacional podia ajudar.

Se eu ajudar a esse escrutínio, como tenho feito em alguns casos, em que, havendo a ameaça de pessoas me apoiarem, a Câmara resolveu problemas que estavam em atraso há 20 anos, para mim já fez a candidatura e ainda nem me candidatei. Já consegui que a Câmara prestasse atenção a pessoas de quem se estava a esquecer.

Há uma confusão cada vez maior e vivemos num mundo cada vez mais pós-material, em que as pessoas acreditam que a realidade é o que têm no telefone: se há crime no telefone, há crime na rua, apesar de não ser verdade. Ainda acredito na política material e gostava de ter impacto material na vida das pessoas.

Em Cascais, se sentirem o medo de perder algum eleitorado, a coisa pode mudar de figura e, só para ter esse impacto, já valia a pena. Para manter a qualidade da democracia é essencial existir escrutínio, critério e exigência, bem como competição. Eu sou um liberal e acho que a competição melhora o produto.

Leonor Wicke,
Jornalista e Coordenadora Editorial

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