Mohan Munasinghe, Nobel da Paz em 2007, abriu o Planetiers World Gathering, a ambiciosa conferência sobre Sustentabilidade que decorreu nos dias 22 e 23 de outubro na Altice Arena, em Lisboa. A partir do Sri Lanka, país onde nasceu, falou sobre a importância deste evento e sobre o que os homens devem fazer para viver dentro dos limites do planeta.
Em 2007, enquanto vice-presidente do organismo das Nações Unidas The Intergovernmental Panel on Climate Change, partilhou o Prémio Nobel da Paz com o ex-vice-presidente dos Estados Unidos da América, Al Gore, pelo seu esforço na criação e disseminação do conhecimento sobre a influência humana nas mudanças climáticas e pelo lançamento das bases para inverter essas mudanças.
O professor Munasinghe é reconhecido pelas suas contribuições globais para a mudança climática, pesquisa e política de desenvolvimento sustentável. É autor de mais de 100 livros e 400 artigos sobre energia, desenvolvimento sustentável, recursos hídricos, transporte, mudanças climáticas e meio ambiente. O seu trabalho contribuiu diretamente para os dois principais acordos globais de 2015: a “Agenda 2030 das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável” e o “Acordo Climático de Paris”.
A Agenda 2030, definida em 2015, é constituída por 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável que têm como base os progressos e lições aprendidas com os 8 Objetivos de Desenvolvimento do Milénio, estabelecidos entre 2000 e 2015. A Agenda 2030 e os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável são a visão comum para a humanidade, um contrato entre os líderes mundiais e os povos e, segundo as Nações Unidas, “uma lista das coisas a fazer em nome dos povos e do planeta.”
Segundo a tese Mohan Munasinghe, que o próprio apresentou pela primeira vez em 2010, em Nova Iorque, nas Nações Unidas, o atual consumo excessivo dos ricos está a pôr em causa a perspetiva de aumentar o bem-estar e a prosperidade dos mais pobres do planeta.
O mundo já está a consumir mais do que o planeta pode sustentar. E quase 85% desse consumo é feito pelas pessoas mais ricas do mundo- que são uma minoria. Como poderemos retirar os pobres da pobreza? Se os ricos já estão a consumir mais do que oferecem os recursos do planeta, como podemos alimentar os pobres? Assim, a conclusão é clara: temos que nos concentrar no consumo sustentável dos recursos da Terra. Para suportar o estilo de vida da humanidade precisamos não de um planeta, mas de um planeta e meio. A continuar assim, quando chegarmos a 2030 precisaremos de duas Terras.
Na sua opinião, o chamado Green Grow, ou seja, a desmaterialização, manter a mesma qualidade de vida e níveis de consumo, mas usando menos recurso naturais, não é suficiente. O que devemos fazer é conseguir equilibrar inclusão social, ambiente e economia. As sociedades sustentáveis precisam de consumo sustentável e de produção sustentável.
Portugal pode liderar e servir de exemplo na implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável definidos pelas Nações Unidas porque, segundo Mohan Munasinghe, tem recursos, paz, harmonia, a conetividade e a interligação a vários países.
«Podemos ultrapassar juntos os sérios problemas que temos pela frente. E devemos fazê-lo agora, não há desculpas para o atraso», alerta o professor. A visão da Planetiers é ter um mundo sustentável, é ter prosperidade e eficiência de recursos, paz, harmonia e justiça social. «Queremos viver na capacidade sustentável da nossa Agenda 2030», defende.
No final, deixou uma mensagem para as pessoas enquanto indivíduos: «Se quer salvar o mundo deve começar por salvar-se a si próprio.» Como? Tendo um estilo de vida sustentável, equilibrando trabalho e carreira com fitness e manutenção das relações sociais. «O equilíbrio destes três fatores é sinónimo de pessoa equilibrada.»