Patrícia Raquel Alves entrou para a Siemens em 2014, como Manager da equipa de Testes de Software, e hoje é responsável pelo Digital Industries Information Technology Expert Hub em Portugal. Num momento em que o mundo quer reerguer-se do caos, a tecnologia tem um papel na moldagem de uma nova Humanidade. Os líderes questionam o caminho e o que poderá estar certo ou errado.
Colocámos o desafio: Como pode a Tecnologia aliar-se ao ser humano, moldá-lo e torná-lo mais resiliente, versátil e criativo?
Patrícia Raquel Alves, responde:
«Numa realidade ágil e volátil procuram-se hoje como sempre, mas mais do que antes, respostas para questões como eficiência, otimização e produtividade. Para isso a tecnologia é sempre vista como uma força motriz essencial. Mas mais do que isso pode ser uma alavanca para novas soluções para problemas que muitas vezes ainda nem imaginamos.
Por exemplo, o uso da inteligência artificial e automação pode ser solução relevante em muitas áreas, mas não nos podemos esquecer que existem fatores críticos a considerar e como já referido antes por Stephen Hawkings “O desenvolvimento da inteligência artificial total pode significar o fim da raça humana”. A ética é algo que deve ser tido em consideração em diversas circunstâncias, como tal o uso desta deverá ser sempre cuidadosamente monitorizado. Uma máquina demorará a conseguir chegar a esse nível de maturidade do ser humano, no que concerne a ética, já a automação atinge hoje níveis de eficácia fantásticos e assim continuará a evoluir rapidamente.
Existem, no entanto, atualmente áreas que podem já ser grandemente beneficiadas com o uso desta abordagem, já que se conseguem grande otimizações de tarefas. Conseguimos hoje colocar a máquina inteligente a efetuar raciocínios e tarefas cujo ser humano demoraria muito mais tempo, por exemplo, por se tratar de atividades repetitivas e menos motivadoras ou entusiasmantes.
Quando o mercado de trabalho está neste momento populado por diversas gerações a adaptação é devida, e em especial para estas novas gerações Z, cujas características como a necessidade do digital em seu redor acaba por perceber-se na sua menor resiliência (dita paciência mais escassa), assim a necessidade de atividade recorrente em multitarefa e/ou tarefas curtas é um must.
Aqui, a utilização de tecnologias aliadas à inteligência artificial pode ajudar-nos a evoluir no sentido efetivo de novas soluções para problemas antigos, como o aumento da produtividade e deste modo conciliar esta nova geração, ou modo de vida “Z”, com as necessidades das organizações quer no auxílio para novas soluções criativas para novos problemas.
Pode assim a tecnologia ajudar-nos a eliminar o desperdício de tempo, aumentando a produtividade, mas também ser uma extrema mais-valia ao acelerar a deteção e conceção de novas soluções mais complexas.
Podemos talvez comparar com os tempos em que a computação quântica iniciou e veio dar um boost a processamentos complexos. Toda a informação disponível no universo infindo da Web pode agora ser rapidamente analisada e canalizada para propor possíveis soluções ou fast tracks para soluções mais complexas, então digeridas pelo ser humano, sendo aqui aplicada então a ética tão essencial, mas ainda em falta pela máquina».
[O testemunho foi publicado na edição n.º 22 da revista Líder.]